quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

À LAIA DE BALANÇO

NOTAS DO MEU CANTINHO

                                                                                                                          
           Estamos chegados aos derradeiros dias do ano de 2016. Em pouco entraremos no 2017, que o mesmo é dizer, quase um quarto de século já se passou, desde a entrada do século vinte. E que difíceis têm sido estes primeiros dos dois mil anos decorridos após Cristo ter vindo ao mundo para remir a humanidade do pecado de Adão.
          E basta demais referir esses tenebrosos anos de guerras, sismos e calamidades que atingiram os homens de todos os quadrantes do Universo.
         Mas continuam os conflitos, as catástrofes, e as tempestades acontecem quando menos se esperam. A humanidade caminha, numa correria desenfreada para o abismo. Um abismo horripilante e cujas consequências são difíceis de adivinhar.
         Olhando para o ano de 2016, é horripilante a história que nos deixa. E em todas as nações. Até da calma América do Norte onde, embora faça a guerra em “casa dos outros”, não deixam de ocorrer acontecimentos tétricos.
          Como foi, p.e., a inesperada eleição de Donald Trump para a Presidência da Nação. E se não houve manifestações revolucionárias, mas somente manifestações de desilusão, por aquilo que é anunciado, não é de prever um estado de paz e de harmonia entre as nações vizinhas. O próprio Trump já anunciou uma nova “cortina de ferro”, à semelhança do louco Hitler, entre as nações fronteiriças. E as nações latino-americanas vão esperando o pior... Basta ter presente o que passou no Brasil, com a substituição da Presidente.
          A revista Além-Mar, no seu número de Outubro passado, traz a horripilante notícia:
   “A intensificação dos combates no Sudão do Sul, lá levou mais de 185 mil pessoas a fugir, desde Julho, deste país da África Oriental, independente deste 2011. “O número de sul-sudaneses acolhidos em países vizinhos superou a marca do milhão” avança o ACNUR,(Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). O Sudão do Sul soma-se assim a Síria, Afeganistão e Somália três países com mais de um milhão de refugiados. Além disso, outros 1,6 milhões de sul-sudaneses estão deslocados dentro do país, assolado por uma guerra civil desde 2013. A maioria dos novos refugiados sul-sudaneses cruza a fronteira em direção ao Uganda. Mais de um terço da população enfrenta uma insegurança alimentar “sem precedentes”.
          É trágica a notícia que se transcreve. E não pode dizer que seja falseada com fins políticos, pois trata-se de um órgão da Comunicação Social do maior prestígio.
          Afinal o Mundo está numa revolta permanente. Mesmo aquelas nações que vivem oficialmente em paz estão numa contínua convulsão política e social. É o que se observa no próprio Portugal, onde, por tudo e por nada, acontecem as greves, as manifestações de rua, os protestos contra medidas legislativas.
          E, com a situação de revolta permanente vem a conhecida carestia de vida, ou crise económica que atinge todos os sectores sociais.
           É, na realidade, a maior crise, aquela que estamos a atravessar, que, além das dificuldades da subsistência, acarreta consigo graves situações de subsistência e de pobreza, sem que se vislumbre melhorias de vida.
           A grande crise da actualidade, para os açorianos, é naturalmente o desemprego, principalmente da juventude, que se vê obrigada a abandonar a família e procurar noutras terras trabalho digno e seguro, pois a terra onde vivem, não tem capacidade para lhes dar.
           E trago aqui os refugiados, que vão chegando à Europa. Alguns foram encaminhados para Portugal. Se vierem para os Açores, quem lhes vai dar ocupação? Se não há para os naturais, como acolher os estranhos para uma permanência sem contagem de tempo?
           O turismo manifestou-se como um sector de acolhimento importante para a juventude. Todavia, com a ausência de visitantes, encerram os estabelecimentos hoteleiros e os empregados vão para o desemprego. Uma situação que surgiu inesperadamente e que atingiu muitos jovens que, por aí deambulam, temendo o futuro que os espera.
           Não repudiamos os refugiados. Sentimos bastante a situação de angústia em que vivem e que os obriga a abandonar as terras onde nasceram, onde organizam as suas vidas, onde deixam seus bens, as suas comodidades, alguns familiares, velhos amigos, para se defrontarem afinal com o imprevisto, a incerteza da vida que os espera.
            Os refugiados não podem nem devem ser repudiados. Têm de ser acolhidos, sem demora, pelas nações onde aportarem, pois cada dia que passa é de infortúnio, melhor dito de fome, de doença, de falta de abrigo, de miséria. Não são criminosos que se levem para os nefastos campos de concentração. Esses terríveis tempos passaram, ou vão repetir-se com novos Hitler?
            Vamos entrar no 17º ano do século 21. Que não se repitam as guerras e revoluções que se registaram no ano passado, como parece, está a acontecer.
             Nasci durante a Grande-Guerra (1914-1918). Ainda criança apercebi-me das dificuldades de subsistência, das senhas de racionamento, das sacas de farinha enviadas pelos familiares imigrados na América. Esse rosário de dificuldades foi uma constante no ano que está a findar. Tenho esperança que, aquele que está a chegar trará melhores condições de vida, de paz e de bem-estar para toda a humanidade.

Lajes do Pico,
24 de Dezº de 2016

Ermelindo Ávila. 

Sem comentários: