domingo, 18 de dezembro de 2016

SERVIÇOS PÚBLICOS DAS LAJES DO PICO

NOTAS DO MEU CANTINHO


Quando os povoadores chegaram à Ilha do Pico, a meados do século quinze, procuraram construir os edifícios necessários à sua instalação e os indispensáveis aos serviços públicos. E foi assim que construíram nas Lajes a Casa da Câmara ou Paços do Concelho, no centro do burgo que estavam a fundar.
         Naturalmente que não trouxeram arquitecto e/ou engenheiro civil que orientasse a escolha do local e a construção dos edifícios, mas com certeza homens práticos capazes de projectarem e erguerem tais edifícios.
Não se dispersaram. O espaço era praticamente plano – uma fajã, dizem – e permitiu que a igreja e a casa da Câmara ficassem quase juntas.
Construções simples e “pobres”, três séculos decorridos estavam praticamente incapazes de serem utilizadas.
Da igreja, ou igreja matriz, temos algumas informações de visitas oficiais, como seja os Bispos e o Governador Civil, os quais, em seus relatórios, chamam a atenção para o estado decrépito em que se encontrava a igreja Matriz. E o assunto acabou por ser resolvido com a construção da nova Matriz, embora esta levasse bastantes anos a ser concluída – 7 de Julho de 1897, data da bênção da primeira pedra e 28 de Maio de 1967, data da inauguração solene.
Com o edifício da Câmara pior aconteceu. Extinta a comunidade do convento franciscano, por decreto de D. Pedro, expedido de Ponta Delgada e datado de 17 de Maio de 1832, a Câmara Municipal das Lajes do Pico pediu a sua cedência para nele instalar as repartições públicas. O pedido foi atendido e o edifício concedido interinamente (sic) com a condição de ser reservado um espaço para os Serviços Púbicos. E essa situação se tem mantido, apesar das obras ali realizadas para adaptação e conservação.
No antigo convento, presentemente o mais imponente edifício da Ilha, estiveram instalados os serviços judiciais, até à extinção, com as respectivas cadeias, e os Serviços do Registo e do Notariado. Ainda lá se conservam, além dos serviços municipais, os Serviços de Finanças e a esquadra da PSP. Mas importa que se tomem medidas, para que os serviços da Câmara Municipal possam ser convenientemente instalados.
Na vila das Lajes, possui o Estado um excelente edifício, onde estiveram instalados os serviços aduaneiros até à sua extinção e, depois, a Guarda Fiscal. Encontra-se fechado e em degradação. Nele podia instalar-se os Serviços de Finanças, permitindo à Câmara Municipal ter mais condignas instalações e até um salão nobre, pois, o que existia houve que ser ocupado.
Com a construção do novo edifício da Escola Secundária, extra-muros, e a quase três quilómetros do centro urbano, ficou desocupado o primitivo edifício. Será mais um para ser abandonado? Há quem alvitre ser nele instalado, com as devidas e indispensáveis adaptações, o Centro de Saúde. E o actual, construído para aqueles serviços, não poderá ser ampliado, dotando-o de melhores equipamentos e meios de diagnósticos?
E não poderia o antigo edifício escolar das Lajes ser adaptado a um serviço de utilidade turística? Importa que se promova um estudo técnico para a utilização daquele imóvel de grandes proporções, e se evite que, em breves anos, seja mais um mamarracho a desfear o velho burgo lajense, já bastante delapidado.
A actividade turística está a desenvolver-se em todas as ilhas. A ocupação de camas aumenta anualmente. O turismo rural beneficia de maneira assombrosa, desse crescimento. Mas, na realidade, são os estabelecimentos hoteleiros que estão a ser bastante requisitados. Felizmente que isso acontece, pois a ilha, ao que se julga, só se desenvolverá, aceitavelmente, com o Turismo. A favor, temos a atracção de ver baleias. E essa é realmente muito importante. Segundo consta, uma das empresas situadas na ilha, ligadas a essa actividade, encerrou o ano em curso, com 10 mil saídas. Assim mesmo: dez mil saídas.
         Muitos dos visitantes não se instalaram nesta vila, pois, por cá, quase se ignora o que é um estabelecimento hoteleiro. Segundo creio, dentro do centro urbano, apenas um tem essa classificação. Existem somente camas disponíveis no “turismo rural” e em poucas “unidades hoteleiras”.
         Quando haverá quem se disponha a instalar no centro das Lajes – espaço não falta – um hotel de três ou quatro estrelas, ou coisa que a isso se assemelhe?
         Se o Turismo é a indústria do futuro, que falta para o trazer, com todos os seus benefícios, para esta vila que não se ufana de ser avoenga, mas que deseja ser um centro urbano com presente e futuro?!...
         Não poderá a Câmara Municipal, juntamente com outros parceiros, ter a iniciativa? Outras já a tiveram com óptimos resultados.

Vila das Lajes do Pico,
17 de Novº. de 2016

Ermelindo Ávila

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