segunda-feira, 24 de setembro de 2007

REGATAS BALEEIRAS

A frota baleeira tem andado por essas ilhas numa azÁfama tremenda. E não só.
Voltaram às regatas já que outra utilidade não têm as airosas canoas. E não se têm sucedido mal. Foram à Galiza e arrancaram de lá os troféus. Voltaram agora aos Estados Unidos e no porto baleeiro de New Bedford foram os marinheiros picoenses e faialenses mostrar uma vez mais o seu valor de homens do mar, já que não é a primeira vez que ali se deslocam.
Por cá as regatas programadas pelos serviços náuticos, têm-se realizado em alguns portos açorianos, principalmente pelas festas principais, fazendo parte dos respectivos programas. Todavia não só agora que isso sucede. Sempre assim aconteceu ao longo dos anos.
O bote baleeiro, uma criação do lajense Francisco José Machado, no último quartel do século XIX, ao longo dos anos, e mais de um século já passou, tem sido "requisitado" para tomar parte em regatas "oficiais" e particulares.
Aqui há anos foram os botes lajenses tomar parte numa regata realizada na baía de Angra integrada nas Festas da Cidade. A vitória foi sua.
Aquando da visita régia, a 28 de Junho de 1901, à cidade da Horta, os Reis D. Carlos e D. Amélia, que viajavam no cruzador D. Carlos, foram recebidos por uma esquadrilha de canoas-baleeiras, a remos, que contornaram o navio e o acompanharam ao ancoradouro.
No dia seguinte houve uma regata à vela e a remos de canoas baleeiras e embarcações de recreio. Os régios visitantes assistiram à regata a bordo do cruzador S. Gabriel. (l)
Não nos diz o historiador quem ganhou a regata mas sabemos que foram duas canoas das Lajes pertencentes, respectivamente, às companhias das "Senhoras" (União Lajense, L.da.) e "Judeus" (Nova Sociedade Lajense, L.da.)
D. Carlos ficou muito satisfeito com a homenagem dos baleeiros (que nas ruas da cidade haviam já levantado, em homenagem às Magestades um artístico arco triunfal que se destacou entre os demais), e ofereceu às duas canoas vencedoras uma canoa baleeira.
Como ficou dito, as regatas têm continuado. Os botes baleeiros, depois da drástica proibição da caça do cachalote, foram distribuídos pelos diversos clubes navais e servem agora para, na época do verão, fazerem regatas a remos e à vela, nos portos onde se realizam festividades cívicas e religiosas. E não importa que essas zonas hajam sido estações baleeiras…
Foi a maneira encontrada de dar utilidade a um património que ameaçava desaparecer, como aconteceu a outras embarcações de notório valor histórico que, nos séculos XIX e XX, muito contribuíram para o desenvolvimento económico das ilhas do chamado Grupo Central do Arquipélago Açoriano.
A "Calheta", a primeira embarcação motorizada que, nos meses de verão, fazia ligação das ilhas do Faial, Pico, S. Jorge e Terceira, ficou limitada às viagens do Canal; a "Espalamaca", o "Terra-Alta", e já não refiro o "Ribeirense", o "Andorinha", o "Bom Jesus", o "Espírito Santo", a "Helena" e outros mais que constituíram a riqueza económica e o progresso social do último século, para as gentes destas ilhas, porque alguns desses outros rumos tomaram, todos ingloriamente foram abatidos como peças incómodas do progresso actual.
Vila Baleeira,
Setembro de 2007
Ermelindo Ávila

domingo, 16 de setembro de 2007

AS APARIÇÕES DE LOURDES (1858-2008)

No próximo ano dois acontecimentos notáveis ocorrem nas solenidades de Nossa Senhora de Lourdes: os cento e cinquenta anos das Aparições de Nossa Senhora, na Gruta de Massabielle, à Bernardette, hoje já elevada à dignidade dos Altares; e os cento e vinte e cinco anos da celebração da primeira Festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes na Matriz das Lajes do Pico..
A “Semana dos Baleeiros”, que não passa de um complemento externo das solenidades religiosas, tem sido objecto, nas últimas semanas, de sugestões, não refiro críticas, pois cada um é senhor de ter critério diferente sobre os actos externos que têm vindo a ser programados .
O Culto Mariano deve merecer um tratamento especial no ano dos “centenários”, pois não é todos os anos que se celebram conjuntamente dois factos históricos de relevância tamanha.
Altere – se, se assim entender a comissão respectiva, o programa das festas externas. Reduza-se o tempo destinado à denominada “Semana dos Baleeiros” que, dest’arte, deixará de ser “Semana” para ter outra denominação adequada. A parte religiosa, essa não poderá sofrer alteração de maior, pois é normal, nas solenidades mais relevantes das comunidades religiosas, as festas principais serem precedidas de novenário litúrgico e, no dia da festa, Missa solene e Procissão. É um programa secular que está estabelecido em todas as paróquias e não vai ser a Matriz das Lajes a modificá-lo.
A organização do novenário pode ter sofrido correcções. Antes havia sido estabelecido um programa litúrgico diferente. A meio da tarde, cerca das quatro horas, reuniam-se os fiéis na paroquial para a celebração daquela devoção que constava de Invitatório, um trecho litúrgico cantado, o sermão, normalmente para ele se convidavam os mais notáveis oradores sacros, a Ladainha laurentina, cantada, e os hinos de encerramento. As partituras haviam sido adquiridas no Continente, aquando da introdução desta solenidade. Nos últimos três dias de novena o Santíssimo era exposto no Trono, o mesmo sucedendo durante a Missa solene do dia. Hoje, com as alterações litúrgicas introduzidas pelo Concílio Vaticano II, isso não seria possível. Aliás em nada ficou prejudicado o acto litúrgico, antes valorizado com a Eucaristia e distribuição da sagrada comunhão. Consequentemente uma vivência mais condizente com a época actual.
O programa externo foi bastante alterado com a “criação” da “Semana dos Baleeiros”. E uma semana, se a memória me não falha, são sete dias. Mas isso não importa. Dias a mais ou a menos não me interessa, se bem que não esteja aqui a defender a minha dama... Já a bem poucos ou quase nenhuns actos do programa externo assisto, muito embora defenda que o programa externo deva manter-se. Pois se ele sempre existiu desde a primeira festa… Noutros moldes? Naturalmente. Os tempos evoluíram e não devemos ficar na cepa torta…
Porque alguns distintos articulistas apresentaram suas opiniões sobre a “Semana dos Baleeiros”, já incluída nos cartazes turísticos, aqui deixo uma sugestão, que aliás não é invenção minha.
Durante alguns anos o programa dos actos externos reservava um lugar especial à parte cultural. Normalmente eram convidadas individualidades, que aqui vinham fazer conferências sobre os mais diversificados temas. Vieram sacerdotes, professores universitários e personalidades de comprovada cultura. Algumas dessas conferências foram publicadas, quer em boletins de instituições culturais quer em separatas. Não me consta que algum dos eruditos conferencistas recebesse qualquer benesse pelo seu trabalho. Permito-me lamentar que se tenha excluído dos programas esses eventos culturais. Somente…
Mesmo assim atrevo-me a deixar aqui uma sugestão, muito simples mas que será de frutuosa utilidade.
Em Lourdes, onde se deram as Aparições de Nossa Senhora a Bernardette – 1858- vão comemorar-se os cento e cinquenta anos desse acontecimento extraordinário.
Segundo a Voz Portucalense (29-8-2007), “A preparação está a ser dimensionada para ocorrer ao longo de um ano, de 8 de Dezembro de 2007 a 8 de Dezembro de 2008, através de um amplo programa de formação e divulgação do sentido teológico, devocional e cultural deste acontecimento” Este jubileu está a ser organizado sob a direcção do Bispo de Tarbes-Lourdes.
E o mesmo semanário - órgão da Diocese do Porto - escreve ainda: “A história de Lourdes escreve-se dia-a-dia. Não é uma lenda de tempos passados. Cento e cinquenta anos depois das aparições era necessário agradecer as graças recebidas, tomar consciência da nossa missão no início do terceiro milénio, abrir mais amplamente as portas do santuário”.
A introdução da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, nesta terra, vai perfazer cento e vinte e cinco anos. Foi a primeira terra açoriana onde Nossa Senhora foi invocada publicamente, a primeira vez. Esse facto histórico traz aos lajenses grandes e sérias responsabilidades. E foi em 1883 que, após a chegada da veneranda Imagem, teve lugar a primeira festa de Nossa Senhora Aparecida, no último domingo de Setembro. Nos anos seguintes, porém, passou a realizar-se no último domingo de Agosto, pois, no antigo calendário litúrgico, a Igreja dedicava esse domingo, salvo erro, ao Imaculado Coração de Maria.
A Matriz da Santíssima Trindade das Lajes do Pico, a partir daquele ano de 1883 tornou-se o autêntico Santuário da Virgem para onde, durante todos estes anos, acorrem peregrinos vindos das mais diversas paragens.
Importa, pois, pensar desde já o que vai ser o próximo ano . É um ano duplamente jubilar para os lajenses. Há que ter isso em muita consideração e preparar desde já a faustosa comemoração.
Creio que muitas pessoas desconhecem hoje o que foram as Aparições de Nossa Senhora em Lourdes, como “discutem”, sem conhecimento de causa, o que representaram para Portugal e para o Mundo cristão as Aparições de Fátima em 1917, apesar de tanta pregação nesse sentido.
Adequado seria promover no próximo ano, para além do novenário, um Congresso ou Jornadas Marianas em que o tema das Aparições e não apenas, seja tratado por eruditos sacerdotes ou leigos, devidamente credenciados. Seria um acontecimento cultural e religioso de tamanha relevância, que ficaria a marcar, louvavelmente, as comemorações dos cento e cinquenta anos das Aparições em Lourdes e os cento e vinte e cinco anos da introdução da solenidade de Lourdes na Matriz das Lajes do Pico.
Porque se trata de um evento de responsabilidade, um ano não será demais para o preparar. Julgo que ninguém se escusará a dar a sua colaboração a tais Jornadas!.


Vila das Lajes,
9 de Setembro de 2007-09-09
Ermelindo Ávila

sábado, 8 de setembro de 2007

"O DEVER" NAS LAJES

No ano em que o jornal lajense celebra noventa anos de vida operosa e difícil, impõe-se uma palavra sobre a sua publicação nesta vila, cujo primeiro número – o 983, saiu no dia 3 de Setembro de 1938, ocorrem hoje (69) sessenta e nove anos.
É verdade que o jornal iniciou a sua publicação no dia 2 de Junho de 1917, na Vila do Topo, S. Jorge, onde se encontrava a paroquiar desde 1911, o seu Fundador e Director, P. João V. XAVIER MADRUGA, passando na semana seguinte a publicar-se na vila da Calheta, onde paroquiava o Pe. Manuel Joaquim de Matos, que assumiu a edição e administração do jornal e nesses cargos se manteve até ao falecimento.
A partir daí assumiu a Administração e Redacção do Jornal o Poeta e Jornalista Samuel da Silveira Amorim. Mas o jornal continuava a ser perseguido pelos caciques locais, o que levou o P Xavier Madruga a pedir para que ficasse sob a alçada do Oficial Censor da Horta, situação que era de natureza precária. Isso levou o Proprietário a requerer a transferência do jornal para as Lajes do Pico. Foi então que houve de proceder à partilha da tipografia: a maquinaria e tipo afecto à feitura do jornal ficou para o Pe. Xavier Madruga; e a parte tipográfica, Minerva e tipo, para a Família do P. Matos, cujo cunhado já a explorava por conta própria. Em parêntesis se diga que o prelo havia sido comprado em Angra, aos proprietários do antigo jornal “O Tempo”. Aliás dizia o Pe. Madruga que toda a maquinaria havia sido paga do seu bolso mas que, por um acordo feito a pedido do Pe. Manuel Joaquim de Matos, que tinha em S. Jorge a responsabilidade da Redacção e da Administração, aquiescera em que a tipografia ficasse para os dois, bem como a casa onde estava instalado o jornal.
Tanto assim que só vieram para as Lajes o prelo e as caixas de tipo respectivas. Indo aos Estados Unidos, o Pe. Madruga comprou em Boston uma guilhotina, uma minerva e uma grafadeira para a secção de trabalhos; e no decorrer dos anos foi renovando o tipo, já cansado e adquirindo outro para títulos.
Quando da transferência do prelo e tipo para as Lajes, cujo material foi transportado pelo antigo iate “Andorinha”, encarregou-se da expedição o Sr. Samuel Amorim, bom amigo de saudosa memória.
Tudo decorreu pacífica e cordialmente, sem atropelos de quaisquer direitos de propriedade. Magoa pois que, decorridos quase setenta anos, haja quem se atreva a classificar menos correctamente a transferência do jornal.
Quando o material de “O Dever” aqui chegou encontrava-se o Pe. Xavier Madruga em viagem pela Europa, tomando parte na Peregrinação Nacional a Budapeste, onde se realizou o Congresso Eucarístico. Na secção portuguesa do Congresso e a convite do Presidente da Peregrinação, o Arcebispo de Mitilene, fez uma conferência sobre a Eucaristia, que as agências noticiosas logo espalharam pelo mundo. E foi aí que o Senhor Arcebispo o convidou para ficar na Capital. Ele não aceitou porque, uma das razões principais, a mãe era de avançada idade e desejava estar junto dela. Mais tarde veio a penitenciar-se de não ter aceitado o convite…
O Pe. Xavier Madruga desejava que o jornal iniciasse a publicação logo que o prelo chegasse às Lajes, mas preferiu-se aguardar o seu regresso, principiando a publicação , como acima se diz, a 3 de Setembro de 1938.
No jornal iniciou logo as suas impressões de viagem, que depois havia de reunir em volume, sob o título “…ATÉ AO DANÚBIO” . e, além deste, já havia publicado anteriormente “Dos Açores a Roma”, com as suas impressões de viagem aquando da canonização de Santa Teresinha, em 1925. Depois, só um pequeno volume, com os artigos que escreveu sobre a sua visita a São Jorge!… para pregar nas festas de Nossa Senhora de Fátima, a 13 de Maio de 1949, a convite do P. Teixeira Soares,
Vigário de Santo Amaro e ouvidor do concelho. O livrinho tem o título “Magnificat ou o Milagre de Fátima em Terra Açoriana” e é uma separata de “O Dever”. Nesses artigos dá testemunho da maneira simpática como foi recebido e do carinho e respeito que lhe foi dispensado, não só pelos colegas como de distintas personalidades jorgenses.
Todo este arrazoado vem a propósito da diabrite que se enviou impensadamente, creio, para o ar, num programa que tem larga audiência nos Açores e que só teve o mérito de realçar a memória respeitosa e saudosa de tão distinta figura do clero açoriano, no fim do século XX.
“ Dever” nas Lajes há quase setenta anos. Tinha vinte e um anos quando assumi os cargos de Editor e Administrador. Cheio de entusiasmo procurei colaborar o melhor que me foi possível e já antes, desde 1932, dava a minha modesta colaboração ao jornal do Senhor Padre Madruga, como então era conhecido. E assim continuei. Já decorreram (75) setenta e cinco anos. Nem sempre foi fácil. Também sofri, quer conjuntamente com o Director, quer pessoalmente e não raras vezes. Recordo aquele dia em que fomos notificados para comparecer no Tribunal Judicial para esclarecer quem era o autor do artigo “Aqui também é Portugal!”. Um caso que foi resolvido na Relação e que custou ao Director de “O Dever” a “módica” quantia de dez contos, paga ao Advogado de defesa! Naquele tempo, uma fortuna.
Representei o jornal em diversas jornadas, conferências e congressos, o que me deu certa alegria, pois tive ocasião de visitar terras desconhecidas e contactar com jornalistas de grande craveira cultural e profissional.
Nunca deixei de estar na linha da frente, quando se tratava dos interesses da minha e nossa terra. Algumas vezes fui maldosamente “apedrejado” mas procurei sempre sair ileso, porque só pugnava e defendia a verdade e os direitos do nosso povo.
Hoje, arrumado, como habitualmente se diz, vivo ainda intensamente os problemas da terra e espero que um dia, que já não vejo, a Vila das Lajes do Pico ocupe o lugar a que tem direito e merece com justiça. E “O Dever”, o seu mais acérrimo defensor, continue a lutar desassombradamente pela terra e pelos direitos das suas gentes e que, daqui a dez anos, ao celebrar o centenário, os lajenses lhe prestem e ao seu Fundador as homenagens devidas e merecidas.
Vila das Lajes do Pico,
Setembro de 2007
Ermelindo Ávila

sábado, 1 de setembro de 2007

IMPRENSA PICOENSE

Orlando Castro,. Jornalista, em tempo, do “Jornal de Notícias”, andou pelos Açores no Verão de 1993, visitando especialmente as ilhas do Grupo Central, onde se demorou dezoito dias. Das Crónicas que escreveu para a Imprensa Continental, publicou, depois, “Açores- Realidades Vulcânicas”, um livro de 137 páginas, com vinte pequenos capítulos, incluindo o Prefácio da lavra de José Manuel Tavares Rebelo, Presidente da Casa dos Açores do Norte.
Um dos capítulos é dedicado à (IM)PRENSA (sic). Principia por referir o centenário “O Telégrafo”, infelizmente já desaparecido para, de seguida, aludir à Imprensa que já existiu nas Ilhas do Grupo Central – Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. Faz alusão ao primeiro jornal agrícola português . “O Agricultor Micaelense” (1843) Não esquece o “Açoriano Oriental”, felizmente transformado em diário aqui há uns anos passados, e, da ilha de São Jorge, cita alguns títulos.
Sobre o Pico e o Faial apenas escreve: “Embora com grande tradição, se é que a ancestralidade pode ser considerada como uma tradição, a Imprensa açoriana não existe enquanto tal. O que existe são várias imprensas, e nem por isso menos dignas, cada uma no seu nicho, cada uma na sua ilha. O sentido de arquipélago não passa de uma miragem. Mesmo entre o Faial e o Pico, separados por escassos 6 Kms, há uma barreira enorme. Não são, mas parecem e funcionam como se fossem “países” diferentes, com culturas e línguas antagónicas.” (pág.73)
Não sei onde o sr. Castro teve tempo para, em três semanas (l8 dias)
tanto descobrir. Mas mais não cito.
Porfírio Bessone no seu “Dicionário Cronológico dos Açores” (1932) insere uma relação das publicações açorianas que ocupa 24 (vinte e quatro páginas) e não inclui todos os jornais que existiram, v.g., na ilha do Pico.
A primeira Imprensa que houve na ilha foi trazida para as Lajes pelo professor Manuel Tomás Pereira em Setembro de 1874, muito embora nela não tenha sido impresso qualquer periódico. (Arquivo dos Açores, Vol.IX, p.41) O primeiro jornal existente na ilha foi publicado na Madalena, “O Picoense”, fundado em 1874 pelo ainda estudante Dr. Urbano Silva Ferreira.
Até à actualidade a Madalena fundou doze periódicos, incluindo dois em S. Mateus. Actualmente publica o semanário “Ilha Maior” no vigésimo ano de publicação.
Nas Lajes publicaram-se oito jornais, incluindo “O Dever” que há meses celebrou 90 anos de existência, muito embora se edite nesta Vila somente a partir de Setembro de 1938 ( ocorrem agora 69 anos).
Em São Roque do Pico publicaram-se : O Echo do Pico, 1878; Boletim Judicial, 1879; O Picaroto, 1882; O Pico, 1885, este fundado e dirigido pelo malogrado Poeta Manuel Henrique Dias; O Independente, 1882; O Picaroto, 1890, com várias séries; O Popular, 1890; O Futuro, também com várias séries; e o Picoense, com várias séries, igualmente. Presentemente há o Jornal do Pico já no quarto ano de publicação.
Embora alguns dos jornais fossem de efémera duração, presentemente os jornais picoenses, já com assinalável existência, têm colaboradores distintos que lhes asseguram existência promissora e estável.
A Ilha do Pico não é apenas uma das vinte mais notáveis, em diversos aspectos, no mundo. Vive uma época de cultura notável que a distingue entre as demais do Arquipélago. Felizmente!

Vila das Lajes.
31 de Agosto de 2007
Ermelindo Ávila