No próximo ano dois acontecimentos notáveis ocorrem nas solenidades de Nossa Senhora de Lourdes: os cento e cinquenta anos das Aparições de Nossa Senhora, na Gruta de Massabielle, à Bernardette, hoje já elevada à dignidade dos Altares; e os cento e vinte e cinco anos da celebração da primeira Festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes na Matriz das Lajes do Pico..
A “Semana dos Baleeiros”, que não passa de um complemento externo das solenidades religiosas, tem sido objecto, nas últimas semanas, de sugestões, não refiro críticas, pois cada um é senhor de ter critério diferente sobre os actos externos que têm vindo a ser programados .
O Culto Mariano deve merecer um tratamento especial no ano dos “centenários”, pois não é todos os anos que se celebram conjuntamente dois factos históricos de relevância tamanha.
Altere – se, se assim entender a comissão respectiva, o programa das festas externas. Reduza-se o tempo destinado à denominada “Semana dos Baleeiros” que, dest’arte, deixará de ser “Semana” para ter outra denominação adequada. A parte religiosa, essa não poderá sofrer alteração de maior, pois é normal, nas solenidades mais relevantes das comunidades religiosas, as festas principais serem precedidas de novenário litúrgico e, no dia da festa, Missa solene e Procissão. É um programa secular que está estabelecido em todas as paróquias e não vai ser a Matriz das Lajes a modificá-lo.
A organização do novenário pode ter sofrido correcções. Antes havia sido estabelecido um programa litúrgico diferente. A meio da tarde, cerca das quatro horas, reuniam-se os fiéis na paroquial para a celebração daquela devoção que constava de Invitatório, um trecho litúrgico cantado, o sermão, normalmente para ele se convidavam os mais notáveis oradores sacros, a Ladainha laurentina, cantada, e os hinos de encerramento. As partituras haviam sido adquiridas no Continente, aquando da introdução desta solenidade. Nos últimos três dias de novena o Santíssimo era exposto no Trono, o mesmo sucedendo durante a Missa solene do dia. Hoje, com as alterações litúrgicas introduzidas pelo Concílio Vaticano II, isso não seria possível. Aliás em nada ficou prejudicado o acto litúrgico, antes valorizado com a Eucaristia e distribuição da sagrada comunhão. Consequentemente uma vivência mais condizente com a época actual.
O programa externo foi bastante alterado com a “criação” da “Semana dos Baleeiros”. E uma semana, se a memória me não falha, são sete dias. Mas isso não importa. Dias a mais ou a menos não me interessa, se bem que não esteja aqui a defender a minha dama... Já a bem poucos ou quase nenhuns actos do programa externo assisto, muito embora defenda que o programa externo deva manter-se. Pois se ele sempre existiu desde a primeira festa… Noutros moldes? Naturalmente. Os tempos evoluíram e não devemos ficar na cepa torta…
Porque alguns distintos articulistas apresentaram suas opiniões sobre a “Semana dos Baleeiros”, já incluída nos cartazes turísticos, aqui deixo uma sugestão, que aliás não é invenção minha.
Durante alguns anos o programa dos actos externos reservava um lugar especial à parte cultural. Normalmente eram convidadas individualidades, que aqui vinham fazer conferências sobre os mais diversificados temas. Vieram sacerdotes, professores universitários e personalidades de comprovada cultura. Algumas dessas conferências foram publicadas, quer em boletins de instituições culturais quer em separatas. Não me consta que algum dos eruditos conferencistas recebesse qualquer benesse pelo seu trabalho. Permito-me lamentar que se tenha excluído dos programas esses eventos culturais. Somente…
Mesmo assim atrevo-me a deixar aqui uma sugestão, muito simples mas que será de frutuosa utilidade.
Em Lourdes, onde se deram as Aparições de Nossa Senhora a Bernardette – 1858- vão comemorar-se os cento e cinquenta anos desse acontecimento extraordinário.
Segundo a Voz Portucalense (29-8-2007), “A preparação está a ser dimensionada para ocorrer ao longo de um ano, de 8 de Dezembro de 2007 a 8 de Dezembro de 2008, através de um amplo programa de formação e divulgação do sentido teológico, devocional e cultural deste acontecimento” Este jubileu está a ser organizado sob a direcção do Bispo de Tarbes-Lourdes.
E o mesmo semanário - órgão da Diocese do Porto - escreve ainda: “A história de Lourdes escreve-se dia-a-dia. Não é uma lenda de tempos passados. Cento e cinquenta anos depois das aparições era necessário agradecer as graças recebidas, tomar consciência da nossa missão no início do terceiro milénio, abrir mais amplamente as portas do santuário”.
A introdução da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, nesta terra, vai perfazer cento e vinte e cinco anos. Foi a primeira terra açoriana onde Nossa Senhora foi invocada publicamente, a primeira vez. Esse facto histórico traz aos lajenses grandes e sérias responsabilidades. E foi em 1883 que, após a chegada da veneranda Imagem, teve lugar a primeira festa de Nossa Senhora Aparecida, no último domingo de Setembro. Nos anos seguintes, porém, passou a realizar-se no último domingo de Agosto, pois, no antigo calendário litúrgico, a Igreja dedicava esse domingo, salvo erro, ao Imaculado Coração de Maria.
A Matriz da Santíssima Trindade das Lajes do Pico, a partir daquele ano de 1883 tornou-se o autêntico Santuário da Virgem para onde, durante todos estes anos, acorrem peregrinos vindos das mais diversas paragens.
Importa, pois, pensar desde já o que vai ser o próximo ano . É um ano duplamente jubilar para os lajenses. Há que ter isso em muita consideração e preparar desde já a faustosa comemoração.
Creio que muitas pessoas desconhecem hoje o que foram as Aparições de Nossa Senhora em Lourdes, como “discutem”, sem conhecimento de causa, o que representaram para Portugal e para o Mundo cristão as Aparições de Fátima em 1917, apesar de tanta pregação nesse sentido.
Adequado seria promover no próximo ano, para além do novenário, um Congresso ou Jornadas Marianas em que o tema das Aparições e não apenas, seja tratado por eruditos sacerdotes ou leigos, devidamente credenciados. Seria um acontecimento cultural e religioso de tamanha relevância, que ficaria a marcar, louvavelmente, as comemorações dos cento e cinquenta anos das Aparições em Lourdes e os cento e vinte e cinco anos da introdução da solenidade de Lourdes na Matriz das Lajes do Pico.
Porque se trata de um evento de responsabilidade, um ano não será demais para o preparar. Julgo que ninguém se escusará a dar a sua colaboração a tais Jornadas!.
Vila das Lajes,
9 de Setembro de 2007-09-09
Ermelindo Ávila
A “Semana dos Baleeiros”, que não passa de um complemento externo das solenidades religiosas, tem sido objecto, nas últimas semanas, de sugestões, não refiro críticas, pois cada um é senhor de ter critério diferente sobre os actos externos que têm vindo a ser programados .
O Culto Mariano deve merecer um tratamento especial no ano dos “centenários”, pois não é todos os anos que se celebram conjuntamente dois factos históricos de relevância tamanha.
Altere – se, se assim entender a comissão respectiva, o programa das festas externas. Reduza-se o tempo destinado à denominada “Semana dos Baleeiros” que, dest’arte, deixará de ser “Semana” para ter outra denominação adequada. A parte religiosa, essa não poderá sofrer alteração de maior, pois é normal, nas solenidades mais relevantes das comunidades religiosas, as festas principais serem precedidas de novenário litúrgico e, no dia da festa, Missa solene e Procissão. É um programa secular que está estabelecido em todas as paróquias e não vai ser a Matriz das Lajes a modificá-lo.
A organização do novenário pode ter sofrido correcções. Antes havia sido estabelecido um programa litúrgico diferente. A meio da tarde, cerca das quatro horas, reuniam-se os fiéis na paroquial para a celebração daquela devoção que constava de Invitatório, um trecho litúrgico cantado, o sermão, normalmente para ele se convidavam os mais notáveis oradores sacros, a Ladainha laurentina, cantada, e os hinos de encerramento. As partituras haviam sido adquiridas no Continente, aquando da introdução desta solenidade. Nos últimos três dias de novena o Santíssimo era exposto no Trono, o mesmo sucedendo durante a Missa solene do dia. Hoje, com as alterações litúrgicas introduzidas pelo Concílio Vaticano II, isso não seria possível. Aliás em nada ficou prejudicado o acto litúrgico, antes valorizado com a Eucaristia e distribuição da sagrada comunhão. Consequentemente uma vivência mais condizente com a época actual.
O programa externo foi bastante alterado com a “criação” da “Semana dos Baleeiros”. E uma semana, se a memória me não falha, são sete dias. Mas isso não importa. Dias a mais ou a menos não me interessa, se bem que não esteja aqui a defender a minha dama... Já a bem poucos ou quase nenhuns actos do programa externo assisto, muito embora defenda que o programa externo deva manter-se. Pois se ele sempre existiu desde a primeira festa… Noutros moldes? Naturalmente. Os tempos evoluíram e não devemos ficar na cepa torta…
Porque alguns distintos articulistas apresentaram suas opiniões sobre a “Semana dos Baleeiros”, já incluída nos cartazes turísticos, aqui deixo uma sugestão, que aliás não é invenção minha.
Durante alguns anos o programa dos actos externos reservava um lugar especial à parte cultural. Normalmente eram convidadas individualidades, que aqui vinham fazer conferências sobre os mais diversificados temas. Vieram sacerdotes, professores universitários e personalidades de comprovada cultura. Algumas dessas conferências foram publicadas, quer em boletins de instituições culturais quer em separatas. Não me consta que algum dos eruditos conferencistas recebesse qualquer benesse pelo seu trabalho. Permito-me lamentar que se tenha excluído dos programas esses eventos culturais. Somente…
Mesmo assim atrevo-me a deixar aqui uma sugestão, muito simples mas que será de frutuosa utilidade.
Em Lourdes, onde se deram as Aparições de Nossa Senhora a Bernardette – 1858- vão comemorar-se os cento e cinquenta anos desse acontecimento extraordinário.
Segundo a Voz Portucalense (29-8-2007), “A preparação está a ser dimensionada para ocorrer ao longo de um ano, de 8 de Dezembro de 2007 a 8 de Dezembro de 2008, através de um amplo programa de formação e divulgação do sentido teológico, devocional e cultural deste acontecimento” Este jubileu está a ser organizado sob a direcção do Bispo de Tarbes-Lourdes.
E o mesmo semanário - órgão da Diocese do Porto - escreve ainda: “A história de Lourdes escreve-se dia-a-dia. Não é uma lenda de tempos passados. Cento e cinquenta anos depois das aparições era necessário agradecer as graças recebidas, tomar consciência da nossa missão no início do terceiro milénio, abrir mais amplamente as portas do santuário”.
A introdução da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, nesta terra, vai perfazer cento e vinte e cinco anos. Foi a primeira terra açoriana onde Nossa Senhora foi invocada publicamente, a primeira vez. Esse facto histórico traz aos lajenses grandes e sérias responsabilidades. E foi em 1883 que, após a chegada da veneranda Imagem, teve lugar a primeira festa de Nossa Senhora Aparecida, no último domingo de Setembro. Nos anos seguintes, porém, passou a realizar-se no último domingo de Agosto, pois, no antigo calendário litúrgico, a Igreja dedicava esse domingo, salvo erro, ao Imaculado Coração de Maria.
A Matriz da Santíssima Trindade das Lajes do Pico, a partir daquele ano de 1883 tornou-se o autêntico Santuário da Virgem para onde, durante todos estes anos, acorrem peregrinos vindos das mais diversas paragens.
Importa, pois, pensar desde já o que vai ser o próximo ano . É um ano duplamente jubilar para os lajenses. Há que ter isso em muita consideração e preparar desde já a faustosa comemoração.
Creio que muitas pessoas desconhecem hoje o que foram as Aparições de Nossa Senhora em Lourdes, como “discutem”, sem conhecimento de causa, o que representaram para Portugal e para o Mundo cristão as Aparições de Fátima em 1917, apesar de tanta pregação nesse sentido.
Adequado seria promover no próximo ano, para além do novenário, um Congresso ou Jornadas Marianas em que o tema das Aparições e não apenas, seja tratado por eruditos sacerdotes ou leigos, devidamente credenciados. Seria um acontecimento cultural e religioso de tamanha relevância, que ficaria a marcar, louvavelmente, as comemorações dos cento e cinquenta anos das Aparições em Lourdes e os cento e vinte e cinco anos da introdução da solenidade de Lourdes na Matriz das Lajes do Pico.
Porque se trata de um evento de responsabilidade, um ano não será demais para o preparar. Julgo que ninguém se escusará a dar a sua colaboração a tais Jornadas!.
Vila das Lajes,
9 de Setembro de 2007-09-09
Ermelindo Ávila
2 comentários:
Gostaria aqui de deixar o meu efusivo e apertado abraço de parabens ao Sr. Ermelindo Ávila pela pasagem do seu 92º. aniversário no dia 18 de Setembro. Figura destacada da sociedade picoense de que é intrépido e permanente defensor nos meios de comunicação social da Região, EA é uma personalidade incontestada e incontornável na investigação e informação histórica.
Para além disso, tem o seu nome ligado a todas as instituições lajenses e de quase todas elas foi sócio fundador.
Que as Lajes e o Pico continuem a devotar-lhe o carinho e a reverência que merece a acção cívica desenvolvida ao longo da sua vida longa.
Boa noite Sr. Ermelindo Ávila
venho há uns anos a interessar-me pelos ex-votos pictóricos, tema que me encanta pelo seu traço inocente, pelo seu valor enquanto documento etnográfico e histórico e pela sua função enquanto testemunho de fé.
Sei que no Pico existiam/existem oferendas sob a forma de bolos de massa sovada, mas, embora tenha procurado informação relativamente a esses quadrinhos oferecidos à Senhora de Lourdes, estes parecem não existir.
Muito tal me surpreende sendo o Pico terra baleeira, pois que, os perigos de acidentes no mar e nessa actividade, bem como o risco de naufrágios, deveriam ser uma preocupação constante dos naturais da ilha, logo, predispondo a tais rogos e ofertas.
Porque esta forma de agradecimento à Virgem, e não sendo o culto apenas mariano, se encontra por toda a Europa, atravessou oceanos e chegou ao continente americano, tal ausência no Pico mais me surpreende ainda.
Poderá informar-me se estes nunca existiram, se existiram e desapareceram vítimas da incúria ou da má preservação?
Antecipadamente grata, deixo o meu contacto
teresamaremar@gmail.com
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