domingo, 27 de setembro de 2009

E O PORTO DAS LAJES DO PICO?

O Porto das Lajes tem óptimas condições naturais para ali se construir um porto de abrigo. Basta fechar o “Poção”, a Sul e aprofundar o meio da nova lagoa retirando-lhe a rocha que impede as embarcações de circularem livremente, sem necessidade de ali se “implantar” uma boa a sinalizar o cabeço submerso.

No principio do corrente ano tive ocasião de trazer a estas colunas o momentoso problema das obras do porto das Lajes. Estava em conclusão o molhe de defesa construído na zona da antiga Carreira” e chamava a atenção para a necessidade de se manter o troço de ligação do muro do caneiro ao novo molhe.

O ano está quase no fim, o inverno está a chegar e nada se fez para que o muro de ligação do caneiro ao molhe exterior fosse uma realidade. O que resta do antigo passadouro o mar vai-se encarregando de destruir. E é pena, pois podia ter sido o alicerce do futuro muro de ligação e resguardo do Poção.

Todavia o pior que podia acontecer foi a forma aligeirada como se construiu o molhe, se é que isso representa, por um montão de blocos de cimento, sem qualquer ligação que o segure, permitindo que as ondas de Oeste se encarreguem de os mover a seu belo prazer.

Não será tempo de se olhar com mais cuidado para as obras marítimas – e não só – que se realizam no porto das Lajes? (E até no concelho, segundo as notícias que nos chegam do porto da Manhenha).

O Porto das Lajes tem óptimas condições naturais para ali se construir um porto de abrigo. Basta fechar o “Poção”, a Sul e aprofundar o meio da nova lagoa retirando-lhe a rocha que impede as embarcações de circularem livremente, sem necessidade de ali se “implantar” uma boa a sinalizar o cabeço submerso.

E quando isso acontecer, podem transferir-se para o “Poção” as amaras das embarcações de recreio – não lhe querem chamar marina - que demandam o porto e que mais seriam se espaço houvesse para ali permanecerem durante o tempo de descanso dos respectivos tripulantes.

Por outro lado permitia-se uma mais ampla e segura movimentação das embarcações destinadas ao Whale-Watching, pois o porto das Lajes é hoje o principal centro de observação de baleias, e igualmente das embarcações de pesca.

E aqui trazendo as embarcações de pesca, que já são várias, importa considerar não só as casas de aprestos como acontece em porto de diminuto tráfego, mas ainda um edifício capaz para a Lota, evitando-se as viagens diárias, de ida e volta, do pescado que para ser consumido nesta vila, tem de fazer um percurso de setenta quilómetros! Uma modernice só justificável para movimentar e dar importância a sítios que o não têm.

Quando da construção da muralha de defesa da Lagoa, derrubada pelo ciclone de 1936, o então director das Obras Públicas, Eng.º Angelo Corbal Hernandez, não só procedeu à regulamentação do piso do muro de acesso ao caneiro como, neste local, construiu uma grande plataforma, deixando, do lado do Poção, tudo preparado para a construção de escadarias, que serviriam o tráfego de pessoas, quando aquela zona estivesse devidamente protegida. E tudo lá está à espera de ser utilizado, embora mais de setenta anos hajam decorrido!...

Agora era a ocasião aprazada para se dar execução ao projecto do notável Engenheiro, beneficiando-se a vila das Lajes com uma estrutura capaz de contribuir satisfatória e plausivelmente para o seu desenvolvimento e progresso.

Quem terá a coragem de se voltar para a Vila das Lajes e encontrar a solução devida e merecida para tão momentoso problema?

Fica o apelo.

Vila das Lajes do Pico, 19 de Setembro de 2009

Ermelindo Ávila

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

HORAS TRÁGICAS

Não é possível trazer todos os pormenores dos cataclismos ocorridos no Pico nos anos de 1718 e 1720 que atingiram, principalmente, as freguesias de Santa Luzia e de São João, levando D. João V a decretar a transferência de quarenta casais para o Sul do Brasil
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Várias vezes tenho referido o assunto. Nunca é demais lembrar as horas trágicas que os picoenses hão sofrido ao redor dos tempos.
O mês de Setembro não deixou saudades aos picoenses. Grandes e funestas erupções vulcânicas assolaram a ilha, causando a desolação, a morte e a destruição de freguesias e haveres de muitos picoenses.
A um simples arrazoado não é possível trazer todos os pormenores dos cataclismos ocorridos no Pico nos anos de 1718 e 1720 que atingiram, principalmente, as freguesias de Santa Luzia e de São João, levando D. João V a decretar a transferência de quarenta casais para o Sul do Brasil. E lá estão no Estado de Santa Catarina os descendentes desses picoenses que nunca esqueceram a terra-mater, ainda hoje bem presente nos hábitos e costumes, na cozinha e nas festas tradicionais e até nas próprias embarcações – uma cópia autêntica das velhas e históricas canoas baleeiras.
Dos sismos do século XVIII ficaram os mistérios, que hoje são extensas matas de arvoredo bravio.
Convém, no entanto, recordar o que se encontra registado numa memória arquivada no livro de tombo da Igreja Matriz das Lajes, que Silveira de Macedo transcreveu na sua obra, “História das Quatro Ilhas...”, livro há muito desaparecido: “No dia 1º de Fevereiro de 1718 tremeu a terra em horríveis convulsões, e abriram quatro bocas na montanha do Pico entre as freguesias de Santa Luzia e Bandeiras”. Foi nessa ocasião que os lajenses se lembraram de fundar a sua Igreja da Misericórdia, cuja irmandade existia nesta vila desde remota antiguidade.
A segunda crise deu-se em 1720, entre Prainha e São João e esta freguesia e a da Santíssima Trindade. O Povo foi obrigado a evacuar a freguesia fixando-se, principalmente, no sítio da Almagreira, da última freguesia. A freguesia de São João Baptista ficou completamente arrasada. Um pequeno monumento assinala o local onde se supõe ter existido a antiga igreja. Serenada a crise, a população voltou à freguesia, instalando-se nas casas que restavam e passando a exercer o culto na antiga capela de Santo António, na Ponta Rasa, recentemente restaurada pela actual família proprietária.
Na noite de 9 para 10 de Julho de 1757 um violento terramoto atingiu a freguesia da Piedade, destruindo a respectiva igreja paroquial e outras habitações e fazendo doze vítimas. O mesmo terramoto fez grandes estragos na ilha de S. Jorge, vitimando 1.034 pessoas nos concelhos da Calheta e Topo.
A actual igreja da Piedade, que estava concluída oito anos após o sismo, é um dos mais valiosos templos da ilha. Foi, recentemente, restaurada na sua primitiva traça o que bastante a valorizou. O “magnifico templo, que é um dos maiores da ilha, nada sofreu com o sismo de 1926...tem de comprimento 42 metros e 16 de largura, possui um bonito frontispício em pedra lavrada e uma só torre”. E o Prof. Ávila Coelho na sua monografia “A Freguesia de N. Senhora da Piedade na Ilha do Pico” (Boletim do Núcleo Cultural da Horta, Vol. 2, nº 3, 1961), escreve que aquela igreja possuía um admirável conjunto de imagens, entre elas a da Padroeira. Estas imagens devem vir do tempo da construção do templo uma vez que as que existiam na anterior igreja ficaram totalmente destruídas. (Pena é que a Imagem da Padroeira, embora restaurada na pintura somente, não tivesse sido conservada ao culto.)
A 23 de Novembro de 1973, um novo sismo foi sentido no Pico, fazendo muitos estragos em S. Mateus, o que obrigou uma parte da população a refugiar-se na vila das Lajes, onde foram carinhosamente recebidos.
Mais destruidor foi o sismo de 9 de Julho de 1998 que danificou, grandemente, diversas igrejas e algumas centenas de habitações da Ilha, o que obrigou ao dispêndio de avultadas quantias, quer dos Serviços públicos quer dos próprios proprietários. E por aí ainda se encontram alguns prédios arruinados e sem possibilidade de restauro o que não deixa de ser agravante para o aspecto urbanístico da própria ilha.
A freguesia de São Mateus celebra, no dia 21, a festa do Padroeiro. Nesse dia, e segundo a tradição, cumpre o voto de distribuir vésperas (rosquilhas) em gesto de gratidão, pelos vulcões de 1718 e 1720 não terem atingido a freguesia.

Vila das Lajes,
Setembro de 2009
Ermelindo Ávila

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

NA FREGUESIA DA PIEDADE: A FESTA DA PADROEIRA

O Pe. Francisco Soares era um excelente músico e regente de capela. Por onde passava, organizava as respectivas capelas paroquiais e ele próprio as regia enquanto outro não preparava para as reger

Poeta de grande sensibilidade e jornalista combativo, era ainda “apreciado orador sacro, possuía um estilo tão acessível aos auditórios populares que o escutavam com prazer”.

Sacerdote de uma notável acção pastoral e responsável inteligente e culto, modesto e dedicado.

Quando rabisco estas notas decorre na freguesia da Piedade, da Ponta, a festa da Padroeira. Uma festa que traz à lembrança bons momentos vividos, em tempos passados, naquele extremo da Ilha, celeiro abundante e, outrora, fértil em vinhos de casta nobre, como hoje lhe chamam.

A primeira vez que fui à Piedade, na companhia de meu saudoso Pai, foi em Julho de 1927, para assistir, a seu convite, à Missa Nova do Padre Francisco Vieira Soares. Voltei, alguns anos depois, para colaborar na capela local, nas festas de Nossa Senhora da Piedade. E não era fácil lá chegar, pois a estrada ainda não havia sido construída. Do porto das Lajes íamos até ao da Calheta, numa das lanchas locais – Lourdes ou Hermínia - e seguíamos a pé, normalmente o Sr. Chico Castro, organista, e eu próprio, pelos velhos caminhos, até à Piedade, Recebia-nos o velho e simpático Pároco, Pe. Francisco Soares. Da capela faziam parte, entre outros, o José Laranjeira e o Tomé Freitas, que possuíam boas vozes de tenor. E só destes me lembro.

Mais tarde passei a ir anualmente na camioneta da carreira, até à Ponta da Ilha, já então a estrada estava concluída. E que bons e saudosos momentos ali passei, na companhia da Olga, saudosa e querida esposa, e dos nossos filhos, que, felizmente, não mais esqueceram o lugar da Engrade onde ainda existe a nossa secular adega ou casa de verão.

Não faltávamos à Festa de Nossa Senhora da Piedade!

Mas, voltando ao Padre Soares (o Novo como era conhecido), importa mais dizer.

Como já referi em anterior escrito (1), o Padre Francisco Vieira Soares nasceu nas Lajes do Pico em 26 de Julho de 1902.

Com o falecimento da Mãe, era ele criança ainda, foi para a Piedade aos cuidados da avó e do tio Pe. Francisco Soares, também natural desta Vila, pároco daquela freguesia. Ali cresceu e dali foi para o Seminário de Angra, onde se ordenou em 1927. Como primeira colocação teve a Redacção da “Democracia”, da Horta, jornal que havia sido comprado pela Diocese. Com a chegada do novo Prelado, o jornal é vendido e o Pe. Soares é nomeado Cura dos Cedros, do Faial. Ali chegado, funda, com um grupo de professores da freguesia, entre os quais Manuel de Ávila Coelho, natural da Piedade, a revista “O Eco Cedrense”. O Bispo Diocesano, inesperadamente, retira o Pe. Soares dos Cedros e coloca-o na Prainha do Norte, Pico, apenas por alguns meses, pois, logo a seguir, transfere-o para a paróquia da Lomba, na Ilha das Flores.

O Pe. Soares não era pessoa para cruzar braços. Logo que chegou à nova paróquia, e verificando a carência de uma moradia para o Pároco, toma a arrojada iniciativa de construir uma casa para passal. E ela lá ficou.

A ele se ficou a dever também a fundação da Filarmónica local. E quando outros projectos tinha em mente, para não falar na cooperativa de lacticínios, é transferido para a freguesia de Ponta Delgada da mesma ilha.

Naquela importante freguesia florentina funda a filarmónica local. Mas isso implicava a preparação dos tocadores, os ensaios, a escolha dos reportórios adequados, etc., tal como já acontecera na Lomba. ( E aqui um pequeno reparo: é estranho que os historiadores florentinos – aqueles que me é dado conhecer – ignorem a actividade do Pe. Francisco Soares naquela ilha).

Não muito tempo decorrido, o padre Francisco Vieira Soares é transferido para S. Caetano do Pico, onde organizou uma sociedade para a pesca da albacora, então em franco desenvolvimento.

Quando o trabalho estava a frutificar, é convidado a voltar às Flores. Não aceita. O tio, Pe. Francisco Soares, há longos anos vigário da Piedade ,ia naturalmente envelhecendo. O Pe. Francisco era o único parente válido. Tornava-se imperioso regressar para junto daquele que o amparara na juventude. E fica na Piedade de coadjutor do tio Padre. Depois, este pede a manência e o Pe. Soares é nomeado vigário.”(2)

A actividade desenvolvida pelo Pe. Francisco Vieira Soares, na Paróquia da Piedade, está ainda bem presente. O Salão Paroquial ostenta o seu nome pois foi ele quem adquiriu um antigo edifício e o transformou no actual salão. Substituiu o tecto da ampla igreja e nela fez outras importantes reparações.

Em 1944 compra, em S. Mateus, com auxilio do Dr. Eduardo Machado Soares, o instrumental da antiga “Lira Picoense” que ali existira e havia sido fundada pelo Pe. Manuel José Lopes, e funda, na Piedade a “União Musical da Piedade”. Ensinou música aos futuros tocadores e entregou a regência a Manuel José (Racha). Com a saída do Manuela Racha para a Praia da Vitória, onde chegou a reger a Filarmónica daquela então vila e hoje cidade, passou a reger a “União Musical” Manuel Francisco Soares. E outros foram sucedendo.

O Pe. Francisco, que era um excelente músico e regente de capela, ( não tivesse sido aluno do Pe. José d´Ávila), por onde passava, organizava as respectivas capelas paroquiais e ele próprio as regia enquanto outro não preparava para as reger

Poeta de grande sensibilidade e jornalista combativo, era ainda “apreciado orador sacro, possuía um estilo tão acessível aos auditórios populares que o escutavam com prazer”.(3)

Sacerdote de uma notável acção pastoral e responsável inteligente e culto, modesto e dedicado, era uma “personalidade de nítida vocação literária que viveu numa contínua contradição imposta por quem foi incapaz de o compreender e de aceitar os rasgos intelectuais e mortais de tão brilhante espírito”.- (4).

A Piedade está na sua semana de festa. Que nestes dias não esqueça os seus maiores, que tantos são!

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1)- E.A, “Figuras e Factos”. I Vol. 1993 –Pág. 88

2) Idem

3) Idem

4) Idem

Vila das Lajes,

1 de Setembro de 2009

Ermelindo Ávila

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

TEMPOS QUE JÁ NÃO VOLTAM

NOTAS DO MEU CANTINHO


As estatísticas vão trazendo a público a mísera população que ainda existe. E, ao examiná-las, uma dor imensa nos invade para logo surgir a pergunta: Amanhã, um amanhã que não está distante, o que serão estas terras, estas ilhas? Terras bravias, onde “habitarão” os cagarros e os garajáus, tão somente!...


Quando se chega a uma certa idade passa-se a viver de recordações. Recordações dos tempos idos e que não voltam. E tão diferentes que eram!

Piores? Melhores ? Diferentes!

As famílias eram mais unidas. E tão unidas eram que a saída de um membro, que emigrava, ou de um que resolvia constituir o seu lar, provocava um vácuo, deixava uma saudade enorme e, se antes era para estranhas terras, quase o luto se apossava dos familiares que ficavam. Longe da casa paterna, os que a haviam deixado, não raro a recordavam com quantas saudades! Saudades tenho saudades,/ saudades tenho de alguém,/ saudades da minha terra,/ saudades da minha mãe”.

Actualmente são outros os cantares... As saudades da terra natal e das pessoas de família, normalmente são ténues ou não existem. Outros meios, outros amigos se encontram, outras vivências mais aliciantes se descobrem... E todo o passado esquece.

Os que agora emigram para o estrangeiro, normalmente, levam consigo toda a família; idosos, filhos adolescentes ou bebés de colo. Raros deixam algum membro da família atrás. E, quando decorridos os anos, e depois de conseguirem estabilidade económica, só cá voltam de visita, por escassas semanas, pois o “trabalho” os espera e o “bosse” não permite atrasos no regresso.

Pior ainda os que daqui partem para continuar estudos. Matriculam-se em cursos que, quase sempre, não têm “saídas” por cá... Depois, arranjam ligações, conhecimentos vários e instalam-se definitivamente nos novos meios. Os pais vão enviando, ou depositando regularmente as verbas necessárias para as matrículas, livros, hospedagem e alguns “extraordinários” e, no fim do ano lectivo, as passagens de regresso a casa.

E alguns deles com quantos sacrifícios! Mas, muitas vezes esse “regresso” é de escassas semanas, pois têm de preparar, dizem, uma “cadeira” que deixaram para segunda época...

As famílias, em silêncio, sofrem as ausências. As terras, ficam empobrecidas de valores e vão caindo na decrepitude.

Concluídos os cursos procuram instalar-se nos meios “padrastos” e por lá se fixam. Não podem vir a férias porque o trabalho passa a ser muito. Raramente dão notícias às famílias. E, anos decorridos, quando encontram algum conterrâneo e falam da terra é para “lamentar” o atraso em que ela se encontra, pois na Terra já não há ninguém capaz de alguma coisa fazer. E é verdade! esquecem que nessa terra houve ou ainda existe, Alguém que lhes pagou os “estudos”, com avultadas quantias conseguidas com sacrifícios tamanhos, sem que eles se lembrassem, talvez, de “restituir” as verbas que gastaram durante os longos anos da Universidade. E que aqueles que trabalhavam foram desaparecendo, sem que houvesse, localmente, alguém que os substituísse...

Não serão eles que, abandonando as terras de origens, a maioria das vezes contribuem para a sua degradação e atrofiamento? Quantos já pensaram nisso?

Mas aqui deixo muito sinceramente uma palavra de reconhecimento e de estímulo àqueles, poucos, que, concluídos os cursos, tiveram a coragem de voltar!

Acresce lembrar que moradias, outrora sumptuosas e imponentes, caiem na degradação. As ervas daninhas e os arvoredos selvagem vão-se assoreando dos espaços livros, e nem cabras existem para debicar os rebentos.

As estatísticas vão trazendo a público a mísera população que ainda existe. E, ao examiná-las, uma dor imensa nos invade para logo surgir a pergunta: Amanhã, um amanhã que não está distante, o que serão estas terras, estas ilhas? Terras bravias, onde “habitarão” os cagarros e os garajaus, tão somente!...

A navegação passará ao largo e os aviões nem se atreverão a cruzar os céus das ilhas, mas farão cruzeiros mais curtos, para alcançarem as grandes cidades.

Em 1866 a Ilha do Pico tinta 26.977 habitantes; em 1960 a população havia descido para 21.837. Presentemente não ultrapassa os 14.850 viventes.

E a propósito de estatísticas, permito-me transcrever, com a devida vénia, de um estudo de Manuel Moniz, publicado no “Diário dos Açores”, de 26 de Julho, o seguinte comentário: “O concelho que mais cresce é o de Vila Nova do Corvo, com 1,9% (488 habitantes), seguindo-se a Lagoa com 1,4%, a Ribeira Grande com 1,33 %, e S. Roque do Pico com l, l %. Só há 4 concelhos que perderam habitantes: as Lajes do Pico perdem , l, 08%, a Calheta de S. Jorge perde 0,54%, Ponta Delgada perde 0,24% e Angra do Heroísmo 0,15%.”

Não será motivo para uma reflexão muito séria? Só o concelho das Lajes, em cinquenta anos, perdeu metade da população! Dá que pensar,!

Vila das Lajes,

1 de Setembro de 2009

Ermelindo Ávila