Notas do meu cantinho
Pode considerar-se um título estafado e,
consequentemente, “sem interesse”. Não será tanto assim. O assunto que hoje
trago a estas colunas, embora já bastas vezes abordado, como outros que podem
parecer repetitivos, não o nego, tem interesse real para as gentes do Pico.
Deve ser lembrado com seriedade e sem demoras, pois alguns deles continuam a
ser actuais em toda a ilha do Pico, que não somente na vila das Lajes e seu
concelho. Carecem, portanto, de um tratamento adequado e actualizado para que
possam ser convenientemente solucionados por quem de direito. A isso não acontecer
passam ao esquecimento e tornam-se crónicos e sem solução.
Aqui há dias um dos
semanários faialenses deu a notícia de que o Campo de Golfe da ilha ia ser uma
realidade a breve tempo. Ficamos na verdade satisfeitos com a solução pois, com
o desenvolvimento do Turismo, parece-me que será mais um elemento atractivo
para quantos visitantes por estas ilhas passem. Folguei com a notícia, pois
entendo que se trata de um complexo indispensável ao Turismo que se está a
desenvolver de maneira satisfatória.
Mas tudo cansa. As touradas e o whale watching (observação ou vigia de baleias) cansam e deixam de
interessar ao turista que por aqui passa. Tudo é transitório na vida.
Consequentemente, aquilo que hoje se pratica com certa euforia pode deixar de ser grande atractivo em futuro próximo. E quais
outros que o vão substituir? Necessário que, na ilha, surjam novos atractivos
que interessem e atraiam os visitantes e os façam por aqui permanecer algum
tempo, que não um dia apenas, como quase sempre vem acontecendo com certos
visitantes.
Nos anos trinta, já
aqui o referi em outra ocasião, a Ilha de S, Miguel, por iniciativa da
Sociedade “Terra Nostra”, então fundada, construiu o campo do Golfe das Furnas,
inaugurado com toda a pompa, para o que veio dos Estados Unidos presidir ao
acontecimento, um milionário americano. (Hoje seria o Trump?) E o campo lá continua.
E foram ainda os americanos que, segundo creio, na ilha Terceira, quando lá
chegaram, construíram o Campo de Golfe, que continua e, decerto, continuará
apesar de estar intermitente a estadia dos Yanks
naquela ilha.
O Golfe é um desporto internacional
e interessa sobremaneira às classes mais abastadas da sociedade.
Na ilha do Faial os funcionários
das companhias telegráficas que ali se instalaram, introduziram, julgo, o
Futebol e o Ténis, desportos que passaram a ser praticados com entusiasmo pelos
naturais e não só, e continuam.
Na Ilha Terceira,
ainda nos anos trinta, foi introduzido o Voleibol trazido pelo P. José d’Ávila
quando este sacerdote lajense, que era professor do Liceu e do Seminário,
dirigia a Mocidade Académica.
E aquele desporto,
como outros mais, é hoje praticado, além da Terceira, em todas as ilhas.
Há anos, cerca de duas
décadas, foi organizada na ilha do Pico uma sociedade para a construção de um
campo de golfo. A Câmara Municipal cedeu o terreno no Mistério da Silveira e as
obras começaram mas, por razões que desconheço e que não interessa agora
referir, paralisaram e o campo nunca foi
inaugurado.
Algumas vezes, em escritos anteriores, referi o assunto. Volto a ele
pois tenho a convicção de que seria um importante elemento para o desenvolvimento
do Turismo na ilha que está a ser bastante procurada por nacionais e
estrangeiros, mas com rápidas passagens.
Desenvolvendo-se o Turismo, decerto
que o comércio e a indústria o acompanhariam, o desemprego deixaria de existir
e os jovens procurariam fixar-se na ilha, evitando-se o seu despovoamento bem
visível.
Não julgue o leitor que ficamos por
aqui, referindo somente o projectado campo. Há muitos outros problemas que devem
ser tratados e trazidos ao de cima, para que, quem de direito, os considere, os
estude e os resolva com a brevidade necessária. Parar é morrer e parece que
esta terra caiu numa morte lenta...
Lajes do Pico
22-Nov.-2016
Ermelindo Ávila
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