domingo, 18 de dezembro de 2016

Interesses Picoenses

Notas do meu cantinho
         


Pode considerar-se um título estafado e, consequentemente, “sem interesse”. Não será tanto assim. O assunto que hoje trago a estas colunas, embora já bastas vezes abordado, como outros que podem parecer repetitivos, não o nego, tem interesse real para as gentes do Pico. Deve ser lembrado com seriedade e sem demoras, pois alguns deles continuam a ser actuais em toda a ilha do Pico, que não somente na vila das Lajes e seu concelho. Carecem, portanto, de um tratamento adequado e actualizado para que possam ser convenientemente solucionados por quem de direito. A isso não acontecer passam ao esquecimento e tornam-se crónicos e sem solução.
Aqui há dias um dos semanários faialenses deu a notícia de que o Campo de Golfe da ilha ia ser uma realidade a breve tempo. Ficamos na verdade satisfeitos com a solução pois, com o desenvolvimento do Turismo, parece-me que será mais um elemento atractivo para quantos visitantes por estas ilhas passem. Folguei com a notícia, pois entendo que se trata de um complexo indispensável ao Turismo que se está a desenvolver de maneira satisfatória.
Mas tudo cansa.  As touradas e o whale watching (observação ou vigia de baleias) cansam e deixam de interessar ao turista que por aqui passa. Tudo é transitório na vida. Consequentemente, aquilo que hoje se pratica com certa euforia  pode deixar de  ser grande atractivo em futuro próximo. E quais outros que o vão substituir? Necessário que, na ilha, surjam novos atractivos que interessem e atraiam os visitantes e os façam por aqui permanecer algum tempo, que não um dia apenas, como quase sempre vem acontecendo com certos visitantes.
Nos anos trinta, já aqui o referi em outra ocasião, a Ilha de S, Miguel, por iniciativa da Sociedade “Terra Nostra”, então fundada, construiu o campo do Golfe das Furnas, inaugurado com toda a pompa, para o que veio dos Estados Unidos presidir ao acontecimento, um milionário americano. (Hoje seria o Trump?) E o campo lá continua. E foram ainda os americanos que, segundo creio, na ilha Terceira, quando lá chegaram, construíram o Campo de Golfe, que continua e, decerto, continuará apesar de estar intermitente a estadia dos Yanks naquela ilha.
O Golfe é um desporto internacional e interessa sobremaneira às classes mais abastadas da sociedade.
Na ilha do Faial os funcionários das companhias telegráficas que ali se instalaram, introduziram, julgo, o Futebol e o Ténis, desportos que passaram a ser praticados com entusiasmo pelos naturais e não só, e continuam.
Na Ilha Terceira, ainda nos anos trinta, foi introduzido o Voleibol trazido pelo P. José d’Ávila quando este sacerdote lajense, que era professor do Liceu e do Seminário, dirigia a Mocidade Académica.
E aquele desporto, como outros mais, é hoje praticado, além da Terceira, em todas as ilhas.
Há anos, cerca de duas décadas, foi organizada na ilha do Pico uma sociedade para a construção de um campo de golfo. A Câmara Municipal cedeu o terreno no Mistério da Silveira e as obras começaram mas, por razões que desconheço e que não interessa agora referir, paralisaram e o campo nunca foi inaugurado.
          Algumas vezes, em escritos anteriores, referi o assunto. Volto a ele pois tenho a convicção de que seria um importante elemento para o desenvolvimento do Turismo na ilha que está a ser bastante procurada por nacionais e estrangeiros, mas com rápidas passagens.
         Desenvolvendo-se o Turismo, decerto que o comércio e a indústria o acompanhariam, o desemprego deixaria de existir e os jovens procurariam fixar-se na ilha, evitando-se o seu despovoamento bem visível.
           Não julgue o leitor que ficamos por aqui, referindo somente o projectado campo. Há muitos outros problemas que devem ser tratados e trazidos ao de cima, para que, quem de direito, os considere, os estude e os resolva com a brevidade necessária. Parar é morrer e parece que esta terra caiu numa morte lenta...

Lajes do Pico
22-Nov.-2016

Ermelindo Ávila

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