Notas do meu
cantinho
A Igreja Católica deu início às
celebrações natalícias com o primeiro domingo do Advento que, no presente ano,
ocorreu no dia 27 de Novembro.
No entanto, já por esse mundo fora se vem
falando há semanas na época do Natal. Não o Natal cristão que comemora o
nascimento de Jesus Cristo na Gruta de Belém, mas o natal do comércio e da
sociedade moderna, com iluminações feéricas, nas ruas e centros comerciais,
exposições de artigos de consumo, montes de brinquedos para as crianças, troca
de prendas entre os adultos e tudo o mais que os meios de comunicação social
anunciam.
Verdade que, aqui e ali, a Imprensa dá
notícia dos convívios sociais, da angariação de bens para debelar a fome e de
outras iniciativas meritórias. Mas é pouco; bem pouco.
A maioria, porém, esquece-se da
verdadeira finalidade das comemorações. Inventou-se um São Nicolau que traz os
brinquedos para as crianças e os ricos presentes para os adultos.
Na realidade, agradável é ver as ruas dos
burgos com iluminações de cores variegadas e efeitos surpreendentes, as montras
dos estabelecimentos comerciais cheias de brinquedos valiosos, as pastelarias
repletas de uma doçaria rica e atractiva que só os abonados podem adquirir e
que causam desejos irrealizáveis aos mais pobres.
Outrora era tudo tão diferente. O Natal
iniciava-se com a novena do Menino Jesus, normalmente celebrada nas paróquias
antes do amanhecer para que os fiéis pudessem a ela assistir antes de irem para
os seus trabalhos diários.
Os actos litúrgicos eram solenes e tinham
larga assistência. A Noite de Natal era uma festa memorável. A Igreja tinha uma
decoração sóbria, mas atraente. O Presépio era um mimo de arte e a atracão dos
miúdos e graúdos, que admiravam a gruta, as ovelhas e os animais nos pequenos
prados e, ao alto, os anjos anunciando o nascimento com as estrofes do cântico Glória in excelsis Deo!
À meia noite dava-se início à “Missa do
Galo” e os sinos repicavam festivamente anunciando o nascimento do Menino em
Belém e, à saída da igreja havia os tradicionais cumprimentos de “Boas Festas”.
Tudo com simplicidade e respeito. Tudo dentro de um espírito cristão que
emocionava por vezes.
O Dia do Natal era o Dia da
Família. As refeições eram melhoradas com a “caçoilha” de carne de vaca. Os
figos passados eram a melhor iguaria. E, depois, as visitas aos familiares e
amigos, a dar as Boas Festas.
Normalmente, nas vésperas chegavam os cartões de Boas Festas, acompanhados por
ofertas, enviados da Diáspora pelos filhos aos Pais e pelos amigos aos
familiares e amigos de cá. A estação dos correios, nesses dias, tinha movimento
desusado. E normalmente, chegavam antes do dia festivo para que as pessoas
de cá pudessem comprar a carne para a ceia do Natal. Um motivo forte de auxílio
aos parentes e amigos.
Hoje o telefone substitui essa antiga
prática familiar. Ainda hoje há quem troque os cartões de Boas Festas, mas não
com aquela assiduidade de outrora. É tudo tão diferente!
As refeições familiares passaram, quase
sempre, para os restaurantes. Os serões familiares transferiram-se, em muitas
famílias, para as sociedades recreativas e o verdadeiro espírito de família
quase está esquecido.
Dentro de quatro semanas estamos no
Natal. Vivamos, pois, o Advento com verdadeiro espírito cristão, embora
acompanhando com sobriedade, a evolução da Festa que comemora o Nascimento do
Menino Jesus, na Gruta de Belém, há 2016 anos.
Lajes
do Pico, 27 de Novembro de 2016
Ermelindo
Ávila
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