domingo, 18 de dezembro de 2016

ADVENTO E NATAL

Notas do meu cantinho


      A Igreja Católica deu início às celebrações natalícias com o primeiro domingo do Advento que, no presente ano, ocorreu no dia 27 de Novembro.
      No entanto, já por esse mundo fora se vem falando há semanas na época do Natal. Não o Natal cristão que comemora o nascimento de Jesus Cristo na Gruta de Belém, mas o natal do comércio e da sociedade moderna, com iluminações feéricas, nas ruas e centros comerciais, exposições de artigos de consumo, montes de brinquedos para as crianças, troca de prendas entre os adultos e tudo o mais que os meios de comunicação social anunciam.
      Verdade que, aqui e ali, a Imprensa dá notícia dos convívios sociais, da angariação de bens para debelar a fome e de outras iniciativas meritórias. Mas é pouco; bem pouco.
      A maioria, porém, esquece-se da verdadeira finalidade das comemorações. Inventou-se um São Nicolau que traz os brinquedos para as crianças e os ricos presentes para os adultos.
      Na realidade, agradável é ver as ruas dos burgos com iluminações de cores variegadas e efeitos surpreendentes, as montras dos estabelecimentos comerciais cheias de brinquedos valiosos, as pastelarias repletas de uma doçaria rica e atractiva que só os abonados podem adquirir e que causam desejos irrealizáveis aos mais pobres.
      Outrora era tudo tão diferente. O Natal iniciava-se com a novena do Menino Jesus, normalmente celebrada nas paróquias antes do amanhecer para que os fiéis pudessem a ela assistir antes de irem para os seus trabalhos diários.
      Os actos litúrgicos eram solenes e tinham larga assistência. A Noite de Natal era uma festa memorável. A Igreja tinha uma decoração sóbria, mas atraente. O Presépio era um mimo de arte e a atracão dos miúdos e graúdos, que admiravam a gruta, as ovelhas e os animais nos pequenos prados e, ao alto, os anjos anunciando o nascimento com as estrofes do cântico Glória in excelsis Deo!
     À meia noite dava-se início à “Missa do Galo” e os sinos repicavam festivamente anunciando o nascimento do Menino em Belém e, à saída da igreja havia os tradicionais cumprimentos de “Boas Festas”. Tudo com simplicidade e respeito. Tudo dentro de um espírito cristão que emocionava por vezes. 
      O Dia do Natal era o  Dia da Família. As refeições eram melhoradas com a “caçoilha” de carne de vaca. Os figos passados eram a melhor iguaria. E, depois, as visitas aos familiares e amigos, a dar as Boas Festas.
      Normalmente, nas vésperas chegavam os cartões de Boas Festas, acompanhados por ofertas, enviados da Diáspora pelos filhos aos Pais e pelos amigos aos familiares e amigos de cá. A estação dos correios, nesses dias, tinha movimento desusado. E normalmente, chegavam antes do dia festivo para que as pessoas de cá pudessem comprar a carne para a ceia do Natal. Um motivo forte de auxílio aos parentes e amigos.
       Hoje o telefone substitui essa antiga prática familiar. Ainda hoje há quem troque os cartões de Boas Festas, mas não com aquela assiduidade de outrora. É tudo tão diferente!
       As refeições familiares passaram, quase sempre, para os restaurantes. Os serões familiares transferiram-se, em muitas famílias, para as sociedades recreativas e o verdadeiro espírito de família quase está esquecido.
      Dentro de quatro semanas estamos no Natal. Vivamos, pois, o Advento com verdadeiro espírito cristão, embora acompanhando com sobriedade, a evolução da Festa que comemora o Nascimento do Menino Jesus, na Gruta de Belém, há 2016 anos.

Lajes do Pico, 27 de Novembro de 2016

Ermelindo Ávila     

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