A MINHA NOTA
Pode assim classificar-se a que teve, há um ano, o Dr. José Caldeira, instalando no Cais do
Pico, em zona bastante central e
desfrutando de um magnífico panorama,
Embora se trate de um estabelecimento
comercial, tem uma finalidade cultural
de muito apreço até porque, na ilha, não abundam muitas instituições
do género.
Presentemente pode registar-se a iniciativa
dos CTT, uma instituição secular do Estado e que passou a ser propriedade de
uma empresa particular. Mas, para os açorianos, o seu interesse é relativo, uma
vez que só dispensa a sua actividade a edições continentais. E, as edições açorianas já são bastantes para
justificarem o interesse que lhes devia dispensar a actual proprietária dos
Correios Públicos.
Na vila das Lajes, felizmente, temos o Centro
de Arte, instalado na antiga SIBIL, propriedade da Câmara Municipal, que expõe
à venda pública as edições que o Município patrocina. O mesmo acontece com o
Museu dos Baleeiros onde podem ser adquiridas as edições da Direcção Regional
da Cultura, O mesmo deve acontecer na Madalena onde, desde há cerca de sete
dezenas de anos, existe um simpático estabelecimento de venda mística e onde sempre se encontraram
boas edições literárias.
A Livraria D. Dinis tem uma
característica especial pois dedica-se, quase na exclusividade, à venda de
edições de todo o Pais, o que não deixa de representar a prestação de um
serviço público de certa valia.
Não fui encarregado de trazer a público a
abertura e funcionamento deste estabelecimento comercial. Faço-o porque entendo
que importante para a ilha a sua
existência. O Pico é das ilhas que mais
edita, não somente livros científicos mas pequenos romances. contos e novelas,
históricos, poesia rural . Tem hoje uma empresa que se dedica à edição de obras
literárias de qualquer espécie.
Se fizermos um levantamento estatístico
verificaremos que todas as freguesias da ilha tem autores de apreço. E já não
refiro os consagrados escritores José
Martins Garcia e José Dias de Melo. Almeida Firmino não publicou muitos livros mas o bastante
para ser considerado um grande Poeta . Embora não fosse natural do Pico, à Ilha
Montanha se dedicou e nela quis ficar... José Enes foi um Senhor da Cultura,
que nos deixou uma obra cientifica de meritória
valia, principalmente no campo filosófico. De registar a Doutora Susana Goulart
Costa, professora universitária, com raízes picoenses. como notável historiadora.
E não esqueço o poeta e escritor Dr. Manuel Tomás, e o falecido Pe. José
Idalmiro.
Em décadas passadas a Ilha possuiu poetisas, como Amélia Ernestina de Avelar,
e contistas, como Rodrigo Guerra e Nunes da Rosa, além de outros. Mas hoje
abundam os escritores e publicistas. Porque todos os conhecem, fico por aqui...
Bom serviço prestou e presta às Letras
picoenses o Dr. José Caldeira com a Livraria D. Dinis. Ainda há “espaço” para
outros mais, nas vilas picoenses, e não somente. Basta terem igual iniciativa a
bem das Letras e da Cultura em geral. Dai este meu singelo apontamento.
Lajes do
Pico,
8 de Nov. de 2016
Ermelindo Ávila
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