domingo, 26 de março de 2017

POSTO DE TURISMO

NOTAS DO MEU CANTINHO

         Está em vias de conclusão o edifício destinado ao Posto de Turismo, a aceitar como realidade o que nos é dado observar.
         Até agora aquele serviço municipal tem funcionado no antigo castelo de Santo António, extra-muros, como soe dizer-se. Foi a ocupação encontrada para lhe dar certa utilidade pública. Mas não foi nem é suficiente para um imóvel daquela categoria.
         Trata-se de uma construção levada a efeito aquando da Revolução Francesa, decorria o ano de 1792. O forte ocupou o antigo posto de ordenança, que havia sido extinto, como todos os outros existentes no concelho, por decreto de 30 de Abril de 1832. Como já escrevi em “Figuras & Factos”, (1993), era constituído por duas vigias e sete ameias.
         Em 1885, na cerca ou parada, foi instalado um forno da cal que funcionou alguns anos sob a administração de uma sociedade constituída para o efeito. Depois foi abandonado.
         No século passado foi declarado imóvel de interesse público e nele a Câmara Municipal instalou o Posto de Turismo que será desactivado quando estiver concluído e inaugurado o edifício em construção na Rua dos Baleeiros, desta vila.
         Tratando-se, como se trata, de um imóvel de interesse público, não pode ser novamente abandonado. Há que encontrar para ele uma ocupação utilitária e digna. Uma simples livraria de venda de edições novas ao público é insuficiente. Julgo que mais merece. A antiga fortaleza, onde, aliás, nunca se praticou qualquer acto bélico, ainda hoje dá uma certa dignidade à vila mais antiga da ilha e que sempre se comportou com dignidade e elevação patriótica. Estou a recordar o Vigário Gonçalo de Lemos e o Capitão-Mor Garcia Gonçalves Madruga que foram exceptuados do perdão concedido aos açorianos pelo Rei de Castela, e confiscados seus bens, quando os Filipinos dominavam Portugal, por se manterem fiéis a Dom António, Prior do Crato.
         O Castelo, como é conhecido ainda hoje, fica presentemente numa zona de expansão da vila e pode muito bem ser utilizado para a instalação de um serviço de utilidade pública. E eles não faltarão.
         Na velha fortaleza devem ser repostos os pequenos canhões
que a ele pertenceram e que, depois, foram colocados no porto para servirem de cabeço às embarcações que o demandavam. Ainda conheci alguns. Fazer uma busca e recuperá-los é um gesto administrativo meritório, não somente para os mais novos que devem ter certo orgulho no passado da sua vila, já que o presente se encontra ou vai ficando um tanto “abalado”. E até para o turismo, pois os visitantes, principalmente os estrangeiros, não se interessam somente com as paisagens, arvoredos ou veredas e trilhos antigos. A História também lhes interessa e mais do que se possa julgar.
         O Castelo de Santo António, como se denominava, é um elemento histórico que algo tem a revelar a quem o “interrogue”.
Não o esqueçam, por favor. Conservem-no convenientemente. E já que, de momento, não tem nenhuma função oficial a desempenhar, ao menos que a sua estrutura bélica seja conservada “inocentemente”, voltando às respectivas ameias os pequenos canhões. Hoje é fácil reavê-los, pois não têm outra utilidade.

Vila das Lajes,
11-Março-2017

Ermelindo Ávila

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