NOTAS DO MEU CANTINHO
Está em vias de conclusão o edifício
destinado ao Posto de Turismo, a aceitar como realidade o que nos é dado
observar.
Até agora aquele serviço municipal tem
funcionado no antigo castelo de Santo António, extra-muros, como soe dizer-se.
Foi a ocupação encontrada para lhe dar certa utilidade pública. Mas não foi nem
é suficiente para um imóvel daquela categoria.
Trata-se de uma construção levada a
efeito aquando da Revolução Francesa, decorria o ano de 1792. O forte ocupou o antigo
posto de ordenança, que havia sido extinto, como todos os outros existentes no
concelho, por decreto de 30 de Abril de 1832. Como já escrevi em “Figuras &
Factos”, (1993), era constituído por duas vigias e sete ameias.
Em 1885, na cerca ou parada, foi
instalado um forno da cal que funcionou alguns anos sob a administração de uma sociedade
constituída para o efeito. Depois foi abandonado.
No século passado foi declarado imóvel
de interesse público e nele a Câmara Municipal instalou o Posto de Turismo que
será desactivado quando estiver concluído e inaugurado o edifício em construção
na Rua dos Baleeiros, desta vila.
Tratando-se, como se trata, de um
imóvel de interesse público, não pode ser novamente abandonado. Há que
encontrar para ele uma ocupação utilitária e digna. Uma simples livraria de
venda de edições novas ao público é insuficiente. Julgo que mais merece. A
antiga fortaleza, onde, aliás, nunca se praticou qualquer acto bélico, ainda
hoje dá uma certa dignidade à vila mais antiga da ilha e que sempre se
comportou com dignidade e elevação patriótica. Estou a recordar o Vigário
Gonçalo de Lemos e o Capitão-Mor Garcia Gonçalves Madruga que foram exceptuados
do perdão concedido aos açorianos pelo Rei de Castela, e confiscados seus bens,
quando os Filipinos dominavam Portugal, por se manterem fiéis a Dom António,
Prior do Crato.
O Castelo, como é conhecido ainda hoje,
fica presentemente numa zona de expansão da vila e pode muito bem ser utilizado
para a instalação de um serviço de utilidade pública. E eles não faltarão.
Na velha fortaleza devem ser repostos
os pequenos canhões
que
a ele pertenceram e que, depois, foram colocados no porto para servirem de
cabeço às embarcações que o demandavam. Ainda conheci alguns. Fazer uma busca e
recuperá-los é um gesto administrativo meritório, não somente para os mais
novos que devem ter certo orgulho no passado da sua vila, já que o presente se
encontra ou vai ficando um tanto “abalado”. E até para o turismo, pois os
visitantes, principalmente os estrangeiros, não se interessam somente com as
paisagens, arvoredos ou veredas e trilhos antigos. A História também lhes
interessa e mais do que se possa julgar.
O Castelo de Santo António, como se
denominava, é um elemento histórico que algo tem a revelar a quem o
“interrogue”.
Não
o esqueçam, por favor. Conservem-no convenientemente. E já que, de momento, não
tem nenhuma função oficial a desempenhar, ao menos que a sua estrutura bélica
seja conservada “inocentemente”, voltando às respectivas ameias os pequenos
canhões. Hoje é fácil reavê-los, pois não têm outra utilidade.
Vila
das Lajes,
11-Março-2017
Ermelindo
Ávila
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