Nasceu sobre o mar e sobre o mar se tem desenvolvido. Hoje chamam-lhe “Vila Baleeira” pela actividade que desenvolveu mais de um século.
Não é propriamente uma vila piscatória, se bem que muitos sejam aqueles que ainda hoje se dedicam à chamada pesca artesanal.
Vive voltada para o mar. Contempla orgulhosa a grande baia que a cerca e a montanha grandiosa que lhe fica em fundo. Faltam-lhe porém os passeios marítimos.
Está anunciado um arruamento que ligará a zona da antiga Pesqueira ao Castelo e Fábrica da “Sibil”. E bem necessária que ela é para fazer uma ligação rápida e normal àqueles dois polos turísticos da Vila, uma vez que os actuais acessos distanciam os referidos locais. Mas há que acautelar a “Mouraria”, um local histórico onde as lavadeiras lajenses iam, na maré vazia, lavar as roupas, e os gados iam dessedentar -se, pois a água que saia das muralhas vinha dessalgada.
A zona do Museu dos Baleeiros carece de um tratamento adequado com a frequência diária que tem a mais notável instituição cultural da vila. Julgamos que as obras de ampliação do Museu darão àquele espaço um aspecto condizente com a função sócio-cultural que desempenha nas Lajes.
Segundo as informações que temos, o molhe de defesa da parte norte da vila das Lajes deve estar concluído dentro de alguns meses (nem chegará a ano). Há que continuar os trabalhos, construindo um segundo molhe ao sul daquele, afim de proteger capazmente a zona da Vila que fica por detrás do Calhau Grosso. Não vai ser esquecida a consolidação e arranjo do actual acesso de trabalho, ao molhe exterior?!... Depois, impõe-se o ordenamento conveniente do Juncal, (antigos quintais das moradias leste da Rua Direita), hoje classificado como zona protegida, pela espécie de junco que lá existe, das únicas no Universo. No entanto, uma zona protegida sem protecção, sem tratamento da espécie juncácea (?) que por lá se desenvolveu, sem acessos (carreiros ou atalhos) para que possa ser observada, sem permitir que os pescadores - amadores possam atingir a costa, outrora tão fértil em peixe e crustáceos, - não é compreensível.
Antes da classificação o junco era normalmente ceifado para uso nas pocilgas dos suínos. Não ficava prejudicado porque rebentava com novas forças e estava sempre verdejante. Presentemente, está envelhecido e “caído”, apodrecendo aqui e ali. A poda não o prejudicava como não prejudica as árvores de fruto, as roseiras, ou as árvores de sombra, quando feitas racionalmrnte…
Trata-se de um espaço pertencente aos Serviços Regionais competentes. A esses serviços compete não só fiscalizar como, sobretudo, cuidar da zona protegida.
Em terminando os trabalhos do molhe de protecção, impõe-se que o espaço do antigo campo de jogos, agora ocupado pelo estaleiro das obras em curso, tenha um tratamento capaz de o embelezar e tornar útil como zona de lazer, que bem falta.
A Vila das Lajes está num período de transformação. O turismo já por aí aparece com notória frequência. Vão surgindo estabelecimentos hoteleiros, embora excelentes, mas de terceira ordem. Ainda há dias foi aberta a nova Residencial Bela Vista, de Camilo Costa. Está equipada com os indispensáveis requisitos modernos de molde a satisfazer totalmente os utentes. Mas não basta. É indispensável que apareçam outros investidores que, dentro da Vila, instalem uma unidade hoteleira – hotel de duas ou três estrelas – para que o visitante estrangeiro não se limite a visitar rapidamente a vila e os seus núcleos de interesse, e abale a pernoitar noutros sítios…porque têm hotel. E a classificação “hotel” é muito importante para o visitante estrangeiro, se bem que, pela Europa ,v.g., haja estabelecimentos classificados de hotel, muito inferiores às nossas residenciais. Não colhi quaisquer informações …
Julga-se que o Município tem algo a dizer neste sector. Porque não põe à disposição de investidores interessados o espaço que tem reservado para um teatro – estabelecimento que, pela arquitectura que oferece, só prejudicará o aspecto urbanístico do centro histórico da vila, o qual pode muito bem ser desviado para outra zona, além de só interessar os residentes – estimulando a implantação, no local, de uma unidade hoteleira, como vem acontecendo em outras vilas da Região ?!
A promoção artística, cultural e económica de qualquer meio não depende somente dos seus habitantes mas igualmente dos respectivos municípios, que existem – não como poder local – mas como entidades promotoras do progresso das respectivas circunscrições e do bem-estar social dos seus munícipes.
Vila Baleeira,
19-Jun-2007
Ermelindo Ávila
Não é propriamente uma vila piscatória, se bem que muitos sejam aqueles que ainda hoje se dedicam à chamada pesca artesanal.
Vive voltada para o mar. Contempla orgulhosa a grande baia que a cerca e a montanha grandiosa que lhe fica em fundo. Faltam-lhe porém os passeios marítimos.
Está anunciado um arruamento que ligará a zona da antiga Pesqueira ao Castelo e Fábrica da “Sibil”. E bem necessária que ela é para fazer uma ligação rápida e normal àqueles dois polos turísticos da Vila, uma vez que os actuais acessos distanciam os referidos locais. Mas há que acautelar a “Mouraria”, um local histórico onde as lavadeiras lajenses iam, na maré vazia, lavar as roupas, e os gados iam dessedentar -se, pois a água que saia das muralhas vinha dessalgada.
A zona do Museu dos Baleeiros carece de um tratamento adequado com a frequência diária que tem a mais notável instituição cultural da vila. Julgamos que as obras de ampliação do Museu darão àquele espaço um aspecto condizente com a função sócio-cultural que desempenha nas Lajes.
Segundo as informações que temos, o molhe de defesa da parte norte da vila das Lajes deve estar concluído dentro de alguns meses (nem chegará a ano). Há que continuar os trabalhos, construindo um segundo molhe ao sul daquele, afim de proteger capazmente a zona da Vila que fica por detrás do Calhau Grosso. Não vai ser esquecida a consolidação e arranjo do actual acesso de trabalho, ao molhe exterior?!... Depois, impõe-se o ordenamento conveniente do Juncal, (antigos quintais das moradias leste da Rua Direita), hoje classificado como zona protegida, pela espécie de junco que lá existe, das únicas no Universo. No entanto, uma zona protegida sem protecção, sem tratamento da espécie juncácea (?) que por lá se desenvolveu, sem acessos (carreiros ou atalhos) para que possa ser observada, sem permitir que os pescadores - amadores possam atingir a costa, outrora tão fértil em peixe e crustáceos, - não é compreensível.
Antes da classificação o junco era normalmente ceifado para uso nas pocilgas dos suínos. Não ficava prejudicado porque rebentava com novas forças e estava sempre verdejante. Presentemente, está envelhecido e “caído”, apodrecendo aqui e ali. A poda não o prejudicava como não prejudica as árvores de fruto, as roseiras, ou as árvores de sombra, quando feitas racionalmrnte…
Trata-se de um espaço pertencente aos Serviços Regionais competentes. A esses serviços compete não só fiscalizar como, sobretudo, cuidar da zona protegida.
Em terminando os trabalhos do molhe de protecção, impõe-se que o espaço do antigo campo de jogos, agora ocupado pelo estaleiro das obras em curso, tenha um tratamento capaz de o embelezar e tornar útil como zona de lazer, que bem falta.
A Vila das Lajes está num período de transformação. O turismo já por aí aparece com notória frequência. Vão surgindo estabelecimentos hoteleiros, embora excelentes, mas de terceira ordem. Ainda há dias foi aberta a nova Residencial Bela Vista, de Camilo Costa. Está equipada com os indispensáveis requisitos modernos de molde a satisfazer totalmente os utentes. Mas não basta. É indispensável que apareçam outros investidores que, dentro da Vila, instalem uma unidade hoteleira – hotel de duas ou três estrelas – para que o visitante estrangeiro não se limite a visitar rapidamente a vila e os seus núcleos de interesse, e abale a pernoitar noutros sítios…porque têm hotel. E a classificação “hotel” é muito importante para o visitante estrangeiro, se bem que, pela Europa ,v.g., haja estabelecimentos classificados de hotel, muito inferiores às nossas residenciais. Não colhi quaisquer informações …
Julga-se que o Município tem algo a dizer neste sector. Porque não põe à disposição de investidores interessados o espaço que tem reservado para um teatro – estabelecimento que, pela arquitectura que oferece, só prejudicará o aspecto urbanístico do centro histórico da vila, o qual pode muito bem ser desviado para outra zona, além de só interessar os residentes – estimulando a implantação, no local, de uma unidade hoteleira, como vem acontecendo em outras vilas da Região ?!
A promoção artística, cultural e económica de qualquer meio não depende somente dos seus habitantes mas igualmente dos respectivos municípios, que existem – não como poder local – mas como entidades promotoras do progresso das respectivas circunscrições e do bem-estar social dos seus munícipes.
Vila Baleeira,
19-Jun-2007
Ermelindo Ávila
2 comentários:
O Sr Ermelindo tem uma ironia e uma perspicácia fora do comum. Nunca perco um post do blog.
De facto é importante que a vila tenha vida, fervilhe de calor humano. Este só é possível com mais residências permanentes e não ocasionais ou de espectáculos.
A protecção do calhau grosso parece imprescindível.
O passeio marítimo, conjugado com um impacto reduzido na paisagem seria ideal.
Quanto à raridade(?) “juncácea”, pois.... antes assim que cheia de mamarrachos, não acha?
Pessoalmente não acho, até porque os mamarrachos só são aceites onde não há gosto nem planeamento e se o juncal desaparecesse e para lá o aumento da Vila com a protecção DEVIDA das investidas do mar do oeste como por esse mundo há, fosse devidamente dimensionada e só se pudessem construir edicícios com um andar e rés do chão, como está preconizado,os amantes da juncácea antes disso poderiam cada qual levar para a sua casa em vasos artisticamente decorados em louça de barro da Lagoa (São Miguel) uma ou mais plantas ou até mesmo plantá-las no seu quintal... Ou então preencher os vasos que deveriam existir no Largo General Lacerda Machado e no Largo do Cruzeiro, hoje Edmundo Machado Ávila, ou decorar a Avenida que serviria para reter as investidas do mar, engalanando-a com esta planta exótica, bela e nada difícil de colher. Estamos de acordo que a Vila tem de crescer, mas com mentalidades destas ela irá crescer, para a...Madalena e...São Roque. Lá é que todos puxam para o mesmo lado. Aqui ninguém se importa com o progresso controlado. Importam-se sim com o marasmo acomodado...
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