Da vigia da Queimada rebenta o foguete enviado pelo vigia Candinha. Francisco Barreto, (que ficou conhecido por Francisco da Vigia) lança também o foguete. Da Vigia da Terra da Forca (depois o Moinho).
Nas ladeiras da Vila os homens de trabalho gritam baleia! e até o papagaio do Lopes, habituado a tais alvoroços, também palra: Baleia, Tomé! Baleia, Tomé! Anda cá p,ra baixo, Tomé! Em correrias loucas descem os íngremes carreiros e encaminham-se para as Casas dos Botes. Não são os primeiros, pois alguns, que aguardavam o sinal nos “degraus da Emília” ou nas banquetas das Casas dos Botes da Vila, já levavam os botes para a “borda d,água”. Mas os baleeiros vinham sempre a chegar: da Ribeira do Meio, das Terras da Vila, das oficinas de sapateiro, carpinteiro e ferreiro.
As “chatinhas” já haviam conduzido a bordo das lanchas a motor, apoitadas no meio da Lagoa, as respectivas tripulações. E estavam elas preparadas para lançarem os cabos de reboque às primeiras canoas.
As mulheres ou filhas dos baleeiros, corriam, entretanto, para junto das canoas a levar a bolsa ou cesta com o “farnel para a viagem”.
O rapazio por lá se encontrava, ansioso por as lanchas saírem do Caneiro para bordejarem, dentro da Lagoa, nas pequenas “chatas”.
Os trabalhos da terra haviam cessado. Os que ficaram, foram para os altos – Terra da Forca, Queimada ou cabeço da Granja – utilizando binóculos de vários alcances, para acompanharem a baleação lá no alto mar.
As horas passavam. As baleias vinham à tona da água bufar e caminhavam para o abismo. Em terra os vigias começaram na árdua faina dos sinais: panos brancos e fogueiras (os rádios transmissores e receptores ainda vinham longe…).
Num dado momento as baleias saem mesmo junto aos botes da Vila. Os das Ribeiras e Calheta também já “andavam fora”. E foi a perseguição cautelosa dos “reis dos oceanos”.
Há um sinal na vigia: baleia trancada. Era o bote do Garcia da Rua Nova. Uma baleia grande. Em terra foi uma alegria. O Garcia há muito que não tinha essa sorte e, demais, tripulava um bote novo da Companhia dos “Serrafilhas”.
Antes do meio-dia a baleia, com a ajuda das canoas companheiras, estava morta e iniciava-se o reboque para terra.
Ao “Caneiro” iam chegando homens e mulheres – as mulheres dos baleeiros com cafeteiras de café quente para os “seus homens”, - rapazes de todas as idades, uma multidão de curiosos inquietos para verem a “baleia do Garcia”.
Uma alegria enorme e uma grande riqueza. Uma baleia de cem barris! Tarde viria outra igual.
Mais tarde foram chegando outras canoas a reboque das lanchas, mas só o Garcia tivera a sorte de apanhar, naquele dia, uma grande baleia. E o que se passou em terra, de tétrico e doloroso, fica para a história. Somente se anota que um dirigente faleceu de alegria!...
Vila Baleeira
Julho de 2006
Nas ladeiras da Vila os homens de trabalho gritam baleia! e até o papagaio do Lopes, habituado a tais alvoroços, também palra: Baleia, Tomé! Baleia, Tomé! Anda cá p,ra baixo, Tomé! Em correrias loucas descem os íngremes carreiros e encaminham-se para as Casas dos Botes. Não são os primeiros, pois alguns, que aguardavam o sinal nos “degraus da Emília” ou nas banquetas das Casas dos Botes da Vila, já levavam os botes para a “borda d,água”. Mas os baleeiros vinham sempre a chegar: da Ribeira do Meio, das Terras da Vila, das oficinas de sapateiro, carpinteiro e ferreiro.
As “chatinhas” já haviam conduzido a bordo das lanchas a motor, apoitadas no meio da Lagoa, as respectivas tripulações. E estavam elas preparadas para lançarem os cabos de reboque às primeiras canoas.
As mulheres ou filhas dos baleeiros, corriam, entretanto, para junto das canoas a levar a bolsa ou cesta com o “farnel para a viagem”.
O rapazio por lá se encontrava, ansioso por as lanchas saírem do Caneiro para bordejarem, dentro da Lagoa, nas pequenas “chatas”.
Os trabalhos da terra haviam cessado. Os que ficaram, foram para os altos – Terra da Forca, Queimada ou cabeço da Granja – utilizando binóculos de vários alcances, para acompanharem a baleação lá no alto mar.
As horas passavam. As baleias vinham à tona da água bufar e caminhavam para o abismo. Em terra os vigias começaram na árdua faina dos sinais: panos brancos e fogueiras (os rádios transmissores e receptores ainda vinham longe…).
Num dado momento as baleias saem mesmo junto aos botes da Vila. Os das Ribeiras e Calheta também já “andavam fora”. E foi a perseguição cautelosa dos “reis dos oceanos”.
Há um sinal na vigia: baleia trancada. Era o bote do Garcia da Rua Nova. Uma baleia grande. Em terra foi uma alegria. O Garcia há muito que não tinha essa sorte e, demais, tripulava um bote novo da Companhia dos “Serrafilhas”.
Antes do meio-dia a baleia, com a ajuda das canoas companheiras, estava morta e iniciava-se o reboque para terra.
Ao “Caneiro” iam chegando homens e mulheres – as mulheres dos baleeiros com cafeteiras de café quente para os “seus homens”, - rapazes de todas as idades, uma multidão de curiosos inquietos para verem a “baleia do Garcia”.
Uma alegria enorme e uma grande riqueza. Uma baleia de cem barris! Tarde viria outra igual.
Mais tarde foram chegando outras canoas a reboque das lanchas, mas só o Garcia tivera a sorte de apanhar, naquele dia, uma grande baleia. E o que se passou em terra, de tétrico e doloroso, fica para a história. Somente se anota que um dirigente faleceu de alegria!...
Vila Baleeira
Julho de 2006
Ermelindo Ávila
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