Terminadas as Festas – Festas do Espírito Santo – os lajenses já falam na Festa de Nossa Senhora de Lourdes e na Semana dos Baleeiros. É sempre assim todos os anos. E interrogam-se: Como vão ser as Festas este ano? É tempo de se ir pensando no programa (se é que já não está organizado…) pois nas ilhas onde se celebram festas maiores, desde o princípio do ano que os órgãos da Comunicação Social vão anunciando movimentos preparatórios para essas festividades. (As Sanjoaninhas de Angra, v.g., são preparadas a partir do dia seguinte ao encerramento das festas do ano.)
A Festa de Nossa Senhora de Lourdes há muito que entrou na tradição dos lajenses e picoenses, e até mesmo faialenses.
Quando ainda não se falava em “semana de festas”, os faialenses metiam empenhos para que as suas filarmónicas viessem abrilhantar as solenidades de Lourdes e, um dos números do programa mais concorrido, era o arraial nocturno do sábado, onde as filarmónicas apresentavam os melhores reportórios, autênticos concertos, numa “disputa” leal que a numerosa assistência aplaudia. E não faltava o fogo preso, com o tiroteio entre o “castelo” e o “navio de guerra”!… As peças de fogo queimadas no arraial do sábado, em número de doze, e os foguetes de Vista e Apito, vinham da Ilha Terceira. No primeiro ano custaram 25.950 reis. Depois passaram a ser feitas por um hábil pirotécnico continental que se fixou no Cais do Pico.
Agora, é tudo diferente. O fogo que é queimado, em fim de festa, é todo aéreo e importado do continente. Mas, os números principais da semana são as sessões de arte e cultura, o desporto e os arraiais nocturnos. No entanto, a grande atracção, principalmente da juventude, são os artistas de ambos os sexos que trazem ao palco externo as melhores canções executadas por profissionais.
Todavia, e é de registar plausivelmente, as solenidades religiosas ainda não deixaram de ter o seu secular brilhantismo e de fiéis cumprirem promessas. Ainda é comum ver-se durante a tarde dos dias de novenário preparatório, pessoas das mais diversas idades e condições sociais caminharem a pé, desde as suas residências até à Matriz, em cumprimento de votos. Um sinal forte de que a fé e a religiosidade do nosso povo, católico que é pelo baptismo, mantém a sua fé na Senhora aparecida em Lourdes por dezoito vezes, a partir de 11 de Fevereiro de 1883, data em que a mesma Imagem chegou à Vila das Lajes.
A festa, nesse ano, foi celebrada a 30 de Setembro, mas nos anos seguintes passou a celebrar-se no último domingo de Agosto, dia em que a Igreja solenizava o Imaculado Coração de Maria.
Fazendo o relato circunstanciado da Festa, escreveu Dom João Paulino, ao tempo Vice-Reitor do Seminário de Angra e grande impulsionador da devoção, nesta vila e nas dioceses de Angra e, depois, de Macau, um artigo – reportagem no “Peregrino de Lourdes” de 20 de Julho de 1889, no qual nos dá notícia do esplendor de que se revestiu aquela primeira solenidade em honra de nossa Senhora de Lourdes, na vila das Lajes, são decorridos 124 anos.
E narra Dom João Paulino:
“A ornamentação do templo dirigida por um hábil armador expressamente chamado da Ilha Terceira, - a música executada pela capela da Matriz e por alguns músicos de fora acompanhada a instrumental, - a boa execução das cerimónias religiosas uma grandeza e majestade nunca dantes ali presenciada pelos filhos da actual geração!
“De tarde foi a imagem conduzida pelas ruas da vila atapetadas de verdura e de flores, e vistosamente adornadas de bandeiras e de colchas. Tomaram parte no préstito religioso as irmandades da paróquia, numeroso clero e tudo o que há de mais selecto na sociedade local. Atrás do palio, sob o qual o Santo Lenho, tocava a Filarmónica “Lajense”, a primeira banda de música que houve em toda a ilha e que hoje conta cerca de 25 anos de existência. Depois seguia-se uma compacta multidão de fieis da freguesia e das freguesias vizinhas. Em todo o percurso da procissão subiam ao ar imensos foguetes como demonstração de público e geral regozijo.”
Julgo que é tempo de se pensar com a serenidade devida, nas festas de Nossa Senhora de Lourdes deste ano de 2007. Estão “quase em casa”. E quem refere as solenidades litúrgicas não relega a Semana dos Baleeiros que, àquelas solenidades, está tão fortemente ligada.
A devoção a Nossa Senhora de Lourdes nasceu com os baleeiros lajenses. Através das gerações esses bravos homens do mar, alguns ainda felizmente connosco, sempre foram grandes devotos da Senhora Aparecida em Lourdes há século e meio. É por eles que hoje se celebra “ a Semana dos Baleeiros”.
Vila Baleeira dos Açores,
Junho de 2007
Ermelindo Ávila
A Festa de Nossa Senhora de Lourdes há muito que entrou na tradição dos lajenses e picoenses, e até mesmo faialenses.
Quando ainda não se falava em “semana de festas”, os faialenses metiam empenhos para que as suas filarmónicas viessem abrilhantar as solenidades de Lourdes e, um dos números do programa mais concorrido, era o arraial nocturno do sábado, onde as filarmónicas apresentavam os melhores reportórios, autênticos concertos, numa “disputa” leal que a numerosa assistência aplaudia. E não faltava o fogo preso, com o tiroteio entre o “castelo” e o “navio de guerra”!… As peças de fogo queimadas no arraial do sábado, em número de doze, e os foguetes de Vista e Apito, vinham da Ilha Terceira. No primeiro ano custaram 25.950 reis. Depois passaram a ser feitas por um hábil pirotécnico continental que se fixou no Cais do Pico.
Agora, é tudo diferente. O fogo que é queimado, em fim de festa, é todo aéreo e importado do continente. Mas, os números principais da semana são as sessões de arte e cultura, o desporto e os arraiais nocturnos. No entanto, a grande atracção, principalmente da juventude, são os artistas de ambos os sexos que trazem ao palco externo as melhores canções executadas por profissionais.
Todavia, e é de registar plausivelmente, as solenidades religiosas ainda não deixaram de ter o seu secular brilhantismo e de fiéis cumprirem promessas. Ainda é comum ver-se durante a tarde dos dias de novenário preparatório, pessoas das mais diversas idades e condições sociais caminharem a pé, desde as suas residências até à Matriz, em cumprimento de votos. Um sinal forte de que a fé e a religiosidade do nosso povo, católico que é pelo baptismo, mantém a sua fé na Senhora aparecida em Lourdes por dezoito vezes, a partir de 11 de Fevereiro de 1883, data em que a mesma Imagem chegou à Vila das Lajes.
A festa, nesse ano, foi celebrada a 30 de Setembro, mas nos anos seguintes passou a celebrar-se no último domingo de Agosto, dia em que a Igreja solenizava o Imaculado Coração de Maria.
Fazendo o relato circunstanciado da Festa, escreveu Dom João Paulino, ao tempo Vice-Reitor do Seminário de Angra e grande impulsionador da devoção, nesta vila e nas dioceses de Angra e, depois, de Macau, um artigo – reportagem no “Peregrino de Lourdes” de 20 de Julho de 1889, no qual nos dá notícia do esplendor de que se revestiu aquela primeira solenidade em honra de nossa Senhora de Lourdes, na vila das Lajes, são decorridos 124 anos.
E narra Dom João Paulino:
“A ornamentação do templo dirigida por um hábil armador expressamente chamado da Ilha Terceira, - a música executada pela capela da Matriz e por alguns músicos de fora acompanhada a instrumental, - a boa execução das cerimónias religiosas uma grandeza e majestade nunca dantes ali presenciada pelos filhos da actual geração!
“De tarde foi a imagem conduzida pelas ruas da vila atapetadas de verdura e de flores, e vistosamente adornadas de bandeiras e de colchas. Tomaram parte no préstito religioso as irmandades da paróquia, numeroso clero e tudo o que há de mais selecto na sociedade local. Atrás do palio, sob o qual o Santo Lenho, tocava a Filarmónica “Lajense”, a primeira banda de música que houve em toda a ilha e que hoje conta cerca de 25 anos de existência. Depois seguia-se uma compacta multidão de fieis da freguesia e das freguesias vizinhas. Em todo o percurso da procissão subiam ao ar imensos foguetes como demonstração de público e geral regozijo.”
Julgo que é tempo de se pensar com a serenidade devida, nas festas de Nossa Senhora de Lourdes deste ano de 2007. Estão “quase em casa”. E quem refere as solenidades litúrgicas não relega a Semana dos Baleeiros que, àquelas solenidades, está tão fortemente ligada.
A devoção a Nossa Senhora de Lourdes nasceu com os baleeiros lajenses. Através das gerações esses bravos homens do mar, alguns ainda felizmente connosco, sempre foram grandes devotos da Senhora Aparecida em Lourdes há século e meio. É por eles que hoje se celebra “ a Semana dos Baleeiros”.
Vila Baleeira dos Açores,
Junho de 2007
Ermelindo Ávila
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