segunda-feira, 22 de maio de 2017

EVOLUÇÃO SOCIAL

NOTAS DO MEU CANTINHO

Nem tudo, por estas bandas, são atrasos. Felizmente que assim acontece e que os povos respectivos das pequenas localidades, que beneficiam desse desenvolvimento, vão sendo capazes de promover o seu próprio progresso e bem-estar social.
         Refiro-me, particularmente, a certos subúrbios que conheço, desde quase a minha longínqua infância.
Outrora, eram pequenos aldeamentos, vivendo com dificuldades e até sem ligações sociais aos meios mais desenvolvidos ou urbanos, pois nem meios de comunicação capazes – estradas que permitissem o meio de transporte motorizado - possuíam. Conheci, na minha infância, num desses aglomerados, um pequeno estabelecimento onde se transaccionavam alguns géneros, trocando-os por produtos da terra: milho, feijão, batatas, cebolas e alhos, ovos de galinha e pouco mais.
Deslocavam-se pelos próprios meios, percorrendo velhos atalhos ou caminhos de calçada romana, a quilómetros de distância. Para o seu serviço interno possuíam carros tirados a bois somente. Não havia sequer motos ou bicicletas. Felizmente que hoje é diferente, muito diferente mesmo. Enquanto certos meios urbanos se quedaram num pacifismo atrofiante, por razões diversas, alguns meios rurais caminharam, afoitamente, para um futuro promissor e socialmente desenvolvido.
Logo que puderam dispor de estradas - calcetadas ou asfaltadas - melhoraram os seus caminhos e adquiriram meios de tracção motorizada, para sua deslocação e máquinas para trabalhos de campo.
O pequeno lugar, a que especialmente me refiro, construiu um templo religioso, que possui no frontispício um bom relógio público para orientação da população.
         Actualmente detém um dos melhores salões multiusos da ilha, onde fazem os seus encontros, bailes e refeições comunitárias.
Os alunos passaram a frequentar as escolas secundárias e até universitárias. Juventude, assim preparada, vai encontrando melhores colocações profissionais.
Foi sempre, como é natural, uma terra de emigração. Os seus filhos, em terras de imigração, deram sempre excelentes provas de civismo, dedicação ao trabalho, interesse pela vida dos meios onde se fixaram. Basta ter presente a acção heróica de “John (Portugee) Phillips”, o Manuel Filipe, (nome de Baptismo), que em terras Americanas se tornou herói nacional pela sua acção corajosa na defesa contra os índios que habitavam (e alguns ainda habitam) os Estados Unidos da América. O Manuel Filipe nasceu a 28 de Abril de 1832 e foi baptizado em 3 de Maio (faria hoje, data deste escrito, 185 anos). É pena que não seja recordado na sua terra Natal.
Mas, naturais da mesma localidade, outros emigrantes se hão distinguido, ocupando nos Serviços Estatais, posições de relevo.
Estou a referir-me ao lugar das Terras, subúrbio da Vila das Lajes que, no corrente ano, está a celebrar as suas tradicionais festas quinquenárias em louvor do Divino Espírito Santo, reunindo familiares e amigos em número de algumas centenas.
É este lugar de poucas centenas de habitantes, que em 1883 tinha 194 habitantes e só um marido ausente, precisamente o de Filipa de Jesus.

Lajes do Pico,
3 de Maio de 2017
Ermelindo Ávila


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