segunda-feira, 22 de maio de 2017

LEMBRANDO...

NOTAS DO MEU CANTINHO


É um acto de mera justiça recordar alguém que anda esquecido. Há muito que deixou de lembrar-se a figura insigne do notável orador sacro, jornalista integérrimo, homem de bem e sacerdote orientador de almas, que nem sempre o público anónimo conheceu e soube respeitar em toda a sua grandeza sacerdotal e intelectual.
         Sofreu bastante a incompreensão e malévola apreciação que alguns, felizmente não muitos, dele fizeram para, mais tarde, lhe reconhecerem o valor intelectual e a integridade e honestidade do seu valor como homem e como sacerdote.
          O Padre João Vieira XAVIER MADRUGA foi Alguém que passou na vida fazendo o bem. 
         No seu livro “Padres Açorianos – Bispos – Publicistas - Religiosos” escreveu o Cónego José Augusto Pereira:
         Nasceu na Vila das Lages, a 1 de Junho de 1883. Foi Prefeito e Professor do Seminário, donde saiu em 1911 para Pároco e Ouvidor da Vila do Topo, em S.Jorge, passando depois a Pároco da Candelária da ilha do Pico e está hoje (1939) manente na sua terra natal.                                                         
 Fundou e ainda dirige o semanário O Dever que começou a publicar, na Calheta de S. Jorge a 2 de Junho de l917.                                                    
         Por sua vez o P. José Carlos, no seu trabalho “Daqui houve Missionários até aos confins do Mundo – (2000), referindo o P. João Vieira Xavier Madruga, escreve: “Quando, na última fase da sua vida, se estabeleceu na casa da família, nas Lajes do Pico, entregue ao seu jornal “O Dever”, e colaborando pastoralmente na paróquia, e não só, foi até aos Estados Unidos da América do Norte. Acenou-lhe nesse sentido um bom número de colegas, uns de quem tinha sido companheiro e outros de quem fora superior e mestre no Seminário de Angra. Pensavam eles sobretudo em quão frutuosa seria a sua pregação entre os nossos que para lá partiram e ficaram. Abalou e assim aconteceu. Quase dois anos (de 1946 a 1948) de intensa e alargada evangelização por igrejas portuguesas e outras com importantes núcleos da nossa gente, tanto na Nova Inglaterra como na Califórnia. Deu-se por inteiro a missões paroquiais, retiros, novenas, tríduos, sermões de festas, conferências, entrevistas na rádio e na imprensa luso-americana, etc.”
O P. Xavier Madruga, sempre que viajava, publica no jornal extensas crónicas de viagem. Aconteceu assim quando foi a Roma à Canonização de Santa Teresinha, de cuja viagem publicou uma série de crónicas que, em 1930, reuniu  em livro: “Dos Açores a Roma”. Em 1955, quando tomou parte no Congresso Eucarístico realizado em Budapeste, em 1938, e em cuja secção portuguesa fez uma notável conferência, publicou as suas crónicas sob o título: “...Até ao Danúbio - Jornada de Fé e Cultura”. Só ficaram por publicar as “Cartas da América”, de que se encarregou o Núcleo Cultural da Horta, nunca cumprindo, porém, esse compromisso... Uma história para passar ao esquecimento...
“O Dever” foi fundado numa época em que o republicanismo acerbado combatia a Igreja com ferocidade e os jacobinos de então não toleravam o jornal católico, nem o seu Director.
          O P. Madruga não desistiu nunca de combater as investidas dos jacobinos jorgenses mas sofreu imenso com todos os ataques e aleives, inclusivamente com o roubo das chaves da Igreja do Topo que foram, em cortejo alarve, lançá-las ao mar. Coisas de há um século... O P. Madruga e o seu jornal foram defensores acérrimos e entusiastas dos interesses lajenses. No entanto ainda está por prestar-lhe a homenagem devida.  
           Em 1955 celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais. Nessa ocasião a Câmara Municipal deliberou denominar a rua, onde ainda existe a casa do seu nascimento, de Rua P. Xavier Madruga.
Aquando da ocorrência do centenário do seu nascimento, já o P. Madruga era falecido, a Câmara Municipal promoveu uma sessão solene a recordar o notável sacerdote lajense, da qual foi orador o escritor micaelense e seu dedicado Amigo, João Silva Jr.
 Foram singelas essas homenagens. Ainda é tempo de algo mais se fazer em sua memória: descerrar o seu retrato nos Paços do Concelho e colocar uma placa na casa onde nasceu e viveu.
Ao comemorar-se o centenário do “seu” jornal seria azada essa singela homenagem. Fica a lembrança. Que a saibam aproveitar.

Lajes do Pico,
Maio de 2017

Ermelindo Ávila                                

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