sábado, 7 de março de 2015

SACERDOTES LAJENSES - I

NOTAS DO MEU CANTINHO

Aqui há meses, recordei, neste semanário, os Sacerdotes naturais da actual Paróquia de S. Bartolomeu. Hoje trago aqui aqueles Sacerdotes que nasceram na Paróquia da Matriz da Santíssima Trindade, deixando de referir os que à Silveira se referem, por os já ter lembrado.
Não posso ir muito atrás, pois os elementos históricos só se referem, praticamente, aos sacerdotes que frequentaram o Seminário de Angra, após a sua instalação, em 9 de Novembro de 1862.
Sabe-se que o primeiro pároco das Lajes foi Frei Pedro Gigante, capelão da nau que aqui trouxe os primeiros povoadores e a ele se deve a ermida dedicada ao Apóstolo S. Pedro, seu Santo onomástico.
Em “Espelho Cristalino...” o autor diz que, a Vila das Lajes, é do Orago Trindade (sic), tendo como Vigário o Padre Belchior Machado, Beneficiados os Padres Manoel Rodrigues, António D´Utra e Mathias Soarez e sendo Cura o Padre Domingos Gonçalves. O Pico tinha ao todo, 23 clérigos pagos pelo Rei. E Frei Diogo das Chagas diz ainda : “O primeiro Vigário que acho haver servido nesta Vila e Ilha se chamou Frei Pedro Alvarez Gigante (...) O segundo Vigário foi Jorge Affonso; o Terceiro Gonçalo de Lemos; 4º o licenciado Gaspar Fernanddez Noraes(...) O 5º foi António Rodriguez Teixeira que muiitos anos foi Cura da Sé (...) O 6º o Licenciado em Teologia António Pacheco Tilheiro natural de Angra (...) O 7º foi Roque de Melo (...) o 8º foi Bartolomeu Moreira de Viveiros(...) o 9º foi Belchior Machado natural da mesma ilha e Vila, que hoje a serve e é o primeiro natural, que nela entrou por Vigário. Estava-se no ano de 1645, salvo erro.1
Embora somente um fosse natural da Vila das Lajes, referem-se somente porque foram seus primeiros párocos e de toda a ilha do Pico.
A História fala-nos do Vigário Gonçalo de Lemos, vigário da igreja da Vila das Lajes, Pico, (atrás referido) o qual foi exceptuado do Perdão concedido aos açorianos, por Decreto de 14 de Julho de 1586, de Filipe de Castela, por ser partidário de D. António, Prior do Crato. É esse o motivo porque o Município lajense lhe dedicou o largo do Cruzeiro, desta vila.2(2)
Natural da freguesia da SS. Trindade era o Pe. João de Deus Madruga. Nasceu em 1785. Estudou com os frades franciscanos no convento desta vila. Foi ordenar-se a Lisboa e voltou para cura da Matriz desta vila, onde faleceu em 1874.
Outros mais se seguiram sem que a História, deles nos desse notícia.
No século XIX, com a criação do Seminário diocesano e o estabelecimento do Registo Paroquial, sabe-se que o Pe. António Ribeiro Homem da Costa, natural desta vila (nasceu e viveu na antiga Rua do Poço) foi aqui vigário e ouvidor até ao falecimento, em 1887, com 59 anos de idade. Sucedeu-lhe o P. Manuel José Lopes, embora natural de Santa Cruz das Ribeiras, onde nasceu a 19 de Fevereiro de 1856, aqui foi criado e, depois de frequentar o Seminário diocesano, foi aqui vigário colado, desde 8 de Setembro de 1888, até ao falecimento em 6 de Maio de 1912. A ele se ficou a dever a construção da nova igreja Matriz que não viu concluída, pois só foi inaugurada em 28 de Maio de 1967.
Registe-se que, no primeiro ano do Seminário, dos 26 alunos matriculados, oito eram da ilha do Pico, 14 da ilha Terceira, l da Graciosa, l das Flores, 2 do Faial, e l de S. Jorge. Não constava nenhum de S. Miguel nem de Santa Maria, mas a explicação não é dada. De todos eles conheci o cónego Luís Coelho de Barcelos, falecido em Angra, em Abril de 1930.
Do Pico requereram a admissão no Seminário, como referi, oito alunos que vieram, depois, a exercer a sua actividade sacerdotal na ilha. Entre eles conta-se o P. António Lúcio Ribeiro, que foi para o Seminário com 58 anos, depois de viúvo, ordenando-se em 17 de Julho de 1864. Voltando à Lajes, onde regia a cadeira de Latim e Latinidade, reassumiu as funções de professor com as de cura da Matriz. Faleceu em 8 de Abril de 1868.
O P. José Moniz Barreto nasceu nesta vila, em 1 de Julho de 1843. Foi pároco colado na Prainha do Norte, desde 6 de Junho de 1881, até à aposentação em 1913. Continuou a residir na Prainha até ao falecimento, em 14 de Setembro de 1919.
Aqui nasceu, em 4 de Fevereiro de 1852 o Bispo D. João Paulino de Azevedo e Castro que, depois de cursar a Universidade de Coimbra, foi vice-reitor do Seminário e Bispo de Macau, onde faleceu a 17 de Fevereiro de 1918. O irmão, P. Francisco Xavier de Azevedo e Castro nasceu nesta vila, em 27 de Janeiro de 1844, e ordenou-se sacerdote depois de viúvo. Celebrou a Missa Nova no mesmo dia do irmão. Foi Vice-vigário da Matriz e Ouvidor Eclesiástico. Faleceu em Lisboa, onde tinha ido a consulta médica, em 28 de Maio de 1914.
Professor do Seminário foi o Pe. João Silveira Madruga, nascido nas Lajes a 11 de Setembro de 1861. Ordenado em 29 de Março de 1884, passou a exercer, no próprio Seminário, além do cargo de prefeito, a regência da aula de Latim, até emigrar para o Brasil, em 1901, ali falecendo, em 7 de Outubro de 1921, atropelado por um vagão de minério.
Nas Lajes nasceu, a 1 de Julho de 1843, o Pe. José Moniz Barreto, que viria a ordenar-se sacerdote em 15 de Março de 1868. Faleceu na Prainha do Norte, onde fora pároco e se encontrava manente, em 14 de Setembro de 1919. Seus pais foram José Moniz Barreto e Bárbara da Conceição, também naturais desta vila.

Lajes do Pico,
Fevereiro de 2015.
Ermelindo Ávila


1 Chagas, Frei Diogo, “Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores”, 1989, pág 526.

2 Macedo, António Lourenço S., “História das Quatro Ilhas que formam o Distrito da Horta”, I Vol. 1871, pág 372.

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