NOTAS DO MEU CANTINHO
Aqui
há meses, recordei, neste semanário, os Sacerdotes naturais da
actual Paróquia de S. Bartolomeu. Hoje trago aqui aqueles Sacerdotes
que nasceram na Paróquia da Matriz da Santíssima Trindade,
deixando de referir os que à Silveira se referem, por os já ter
lembrado.
Não posso ir muito
atrás, pois os elementos históricos só se referem, praticamente,
aos sacerdotes que frequentaram o Seminário de Angra, após a sua
instalação, em 9 de Novembro de 1862.
Sabe-se que o primeiro
pároco das Lajes foi Frei Pedro Gigante, capelão da nau que
aqui trouxe os primeiros povoadores e a ele se deve a ermida dedicada
ao Apóstolo S. Pedro, seu Santo onomástico.
Em “Espelho
Cristalino...” o autor diz que, a Vila das Lajes, é do Orago
Trindade (sic), tendo como Vigário o Padre Belchior Machado,
Beneficiados os
Padres Manoel Rodrigues,
António D´Utra e Mathias Soarez e sendo Cura o Padre Domingos
Gonçalves. O Pico tinha ao todo, 23 clérigos pagos pelo Rei. E
Frei Diogo das Chagas diz ainda : “O primeiro Vigário que acho
haver servido nesta Vila e Ilha se chamou Frei Pedro Alvarez Gigante
(...) O segundo Vigário foi Jorge Affonso; o Terceiro Gonçalo de
Lemos; 4º o licenciado Gaspar Fernanddez Noraes(...) O 5º foi
António Rodriguez Teixeira que muiitos anos foi Cura da Sé (...) O
6º o Licenciado em Teologia António Pacheco Tilheiro natural de
Angra (...) O 7º foi Roque de Melo (...) o 8º foi Bartolomeu
Moreira de Viveiros(...) o 9º foi Belchior Machado natural da mesma
ilha e Vila, que hoje a serve e é o primeiro natural, que nela
entrou por Vigário. Estava-se no ano de 1645, salvo erro.1
Embora somente um fosse
natural da Vila das Lajes, referem-se somente porque foram seus
primeiros párocos e de toda a ilha do Pico.
A História fala-nos do
Vigário Gonçalo de Lemos, vigário da igreja da Vila das
Lajes, Pico, (atrás referido) o qual foi exceptuado do Perdão
concedido aos açorianos, por Decreto de 14 de Julho de 1586, de
Filipe de Castela, por ser partidário de D. António, Prior do
Crato. É esse o motivo porque o Município lajense lhe dedicou o
largo do Cruzeiro, desta vila.2(2)
Natural da freguesia da
SS. Trindade era o Pe. João de Deus Madruga. Nasceu em 1785.
Estudou com os frades franciscanos no convento desta vila. Foi
ordenar-se a Lisboa e voltou para cura da Matriz desta vila, onde
faleceu em 1874.
Outros mais se seguiram
sem que a História, deles nos desse notícia.
No século XIX, com a
criação do Seminário diocesano e o estabelecimento do Registo
Paroquial, sabe-se que o Pe. António Ribeiro Homem da Costa,
natural desta vila (nasceu e viveu na antiga Rua do Poço) foi aqui
vigário e ouvidor até ao falecimento, em 1887, com 59 anos de
idade. Sucedeu-lhe o P. Manuel José Lopes, embora natural
de Santa Cruz das Ribeiras, onde nasceu a 19 de Fevereiro de 1856,
aqui foi criado e, depois de frequentar o Seminário diocesano, foi
aqui vigário colado, desde 8 de Setembro de 1888, até ao
falecimento em 6 de Maio de 1912. A ele se ficou a dever a construção
da nova igreja Matriz que não viu concluída, pois só foi
inaugurada em 28 de Maio de 1967.
Registe-se
que, no primeiro ano do Seminário, dos 26 alunos matriculados, oito
eram da ilha do Pico, 14 da ilha Terceira, l da Graciosa, l das
Flores, 2 do Faial, e l de S. Jorge. Não constava nenhum de S.
Miguel nem de Santa Maria, mas a explicação não é dada. De todos
eles conheci o cónego Luís Coelho de Barcelos, falecido em Angra,
em Abril de 1930.
Do Pico requereram a
admissão no Seminário, como referi, oito alunos que vieram, depois,
a exercer a sua actividade sacerdotal na ilha. Entre eles conta-se o
P. António Lúcio Ribeiro, que foi para o Seminário com 58 anos,
depois de viúvo, ordenando-se em 17 de Julho de 1864. Voltando à
Lajes, onde regia a cadeira de Latim e Latinidade, reassumiu as
funções de professor com as de cura da Matriz. Faleceu em 8 de
Abril de 1868.
O P. José Moniz
Barreto nasceu nesta vila, em 1 de Julho de 1843. Foi pároco
colado na Prainha do Norte, desde 6 de Junho de 1881, até à
aposentação em 1913. Continuou a residir na Prainha até ao
falecimento, em 14 de Setembro de 1919.
Aqui nasceu, em 4 de
Fevereiro de 1852 o Bispo D. João Paulino de Azevedo e Castro
que, depois de cursar a Universidade de Coimbra, foi vice-reitor do
Seminário e Bispo de Macau, onde faleceu a 17 de Fevereiro de 1918.
O irmão, P. Francisco Xavier de Azevedo e Castro
nasceu nesta vila, em 27 de Janeiro de 1844, e ordenou-se sacerdote
depois de viúvo. Celebrou a Missa Nova no mesmo dia do irmão. Foi
Vice-vigário da Matriz e Ouvidor Eclesiástico. Faleceu em Lisboa,
onde tinha ido a consulta médica, em 28 de Maio de 1914.
Professor do Seminário
foi o Pe. João Silveira Madruga, nascido nas Lajes a 11 de
Setembro de 1861. Ordenado em 29 de Março de 1884, passou a exercer,
no próprio Seminário, além do cargo de prefeito, a regência da
aula de Latim, até emigrar para o Brasil, em 1901, ali falecendo, em
7 de Outubro de 1921, atropelado por um vagão de minério.
Nas Lajes
nasceu, a 1 de Julho de 1843, o Pe. José Moniz Barreto, que
viria a ordenar-se sacerdote em 15 de Março de 1868. Faleceu na
Prainha do Norte, onde fora pároco e se encontrava manente, em 14
de Setembro de 1919. Seus pais foram José Moniz Barreto e Bárbara
da Conceição, também naturais desta vila.
Lajes do Pico,
Fevereiro de 2015.
Ermelindo Ávila
1
Chagas, Frei Diogo, “Espelho Cristalino em Jardim de Várias
Flores”, 1989, pág 526.
2
Macedo, António Lourenço S., “História das Quatro Ilhas que
formam o Distrito da Horta”, I Vol. 1871, pág 372.
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