Notas do Meu Cantinho
O Pe. Manuel Moniz
Madruga, filho de José Joaquim Madruga e de Josefa do Carmo
Moniz nasceu nas Lajes, a 8 de Novembro de 1855. Foi ordenado
sacerdote, em 20 de Setembro de 1884, e, depois de frequentar o
Seminário de Angra, foi cura do Capelo, no Faial, depois, vice -
vigário da Candelária, em 1887, e, por fim, em 1889, foi nomeado
Pároco colado da Feteira, Faial, onde veio a falecer, em 7 de
Novembro de 1957, com 102 anos de idade.
No princípio do século
XX, vários sacerdotes das Lajes se ordenaram. E diziam que muito
havia contribuído para que frequentassem o Seminário o então
vice-reitor Dr. João Paulino de Azevedo e Castro e o irmão,
vice-vigário da Matriz das Lajes e que os havia preparado para o
Ensino Primário, Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro.
Pe.
Francisco Soares, nasceu nesta vila, em 17 de Fevereiro de 1877,
frequentou o Seminário de Angra e ordenou-se em 1900. Depois de
estar no Lagedo das Flores, foi colocado na Piedade onde exerceu o
seu munus até ao falecimento, em 1966.
Pe. José
Vieira Soares, natural desta vila frequentou o Seminário de
Angra e ordenou-se, em 1 de Setembro de 1901. Possuidor de uma voz
maravilhosa, e de extraordinários dotes musicais, no penúltimo ano
do Seminário foi nomeado capelão oficial do coro da Sé de Angra. E
ainda seminarista pregou numa das novenas de Lourdes, nesta vila, no
ano de 1900, por concessão especial do Prelado.
Após a
ordenação, foi colocado na Fajã Grande das Flores, donde foi
transferido, meses passados, para a Calheta de Nesquim. Dali veio
para a Matriz das Lajes, como cura, assumindo as funções de
Vigário, com o falecimento do P. Manuel José Lopes, em 6 de Maio de
1912, e de ouvidor com o falecimento do Pe. Francisco Xavier de
Azevedo e Castro, em 1914. Faleceu, de doença grave que lhe provocou
grandes sofrimentos, em 12 de Abril de 1948.
O Pe. Manuel
Vieira Feliciano nasceu nesta Vila, em 10 de Agosto de 1879. Foi
aluno do Pe. Xavier e frequentou o Seminário de Angra, vindo a
ordenar-se em 29-12-190l. Foi colocado inicialmente nos Rosais de S.
Jorge, sendo transferido para o então curato da Silveira, quando
faleceu o antigo cura P. Jerónimo, em 25 de Março de 1905. Aquando
do falecimento do Pe. José Vieira Soares, foi nomeado Vigário e
ouvidor das Lajes do Pico. A ele se deve o restauro da Igreja da
Silveira, destruída totalmente por um pavoroso incêndio, na noite
de 24 de Junho de 1923, bem como a elevação do curato a Paróquia,
por decreto de D. Manuel Afonso de Carvalho de 8 de Janeiro de 1957,
sendo então o P. Feliciano nomeado Vigário com o título de Reitor.
Faleceu em 26 de Março de 1962. Na igreja da Silveira foi colocada,
com grande solenidade, em 13 de Agosto de 1930, a primeira Imagem de
Nossa de Fátima, trazida para a Ilha do Pico.
Pe. João Vieira
Xavier Madruga nasceu nas Lajes, em 1 de Junho de 1883.
Ordenado em 1 de
Novembro de 1905, ficou no Seminário como prefeito e professor,
sendo colocado, após o encerramento do Seminário com a implantação
da República, em 1911, como vigário e ouvidor do Topo, S. Jorge.
Ali fundou o jornal “O DEVER”, em 1 de Junho de 1917. Em 1927
foi transferido como Vigário para a Candelária do Pico e, poucos
anos decorridos, fica na situação de manente, passando a residir
na sua casa nesta vila, para onde trouxe, em 1939, o seu “O Dever”.
Durante dois anos, de 1946 a 1948, esteve nos Estados Unidos de
visita a familiares, desempenhando ali uma acção missionária de
muito relevo, principalmente na pregação das diversas festividades
promovidas pelas comunidades portuguesas. Dessa visita escreveu em “O
Dever” uma série de crónicas sob o título “Cartas da América”
que, apesar de ter em vida autorizado, ainda aguardam publicação.
Na Nação Americana “Deu-se por inteiro a missões paroquiais,
retiros, novenas, tríduos, sermões de festas, conferências,
entrevistas na rádio e imprensa luso - americanas, etc.”1
Em l925 tomou parte na peregrinação portuguesa a Roma e, depois,
escreveu no seu jornal diversas crónicas de viagem que, em 1930,
reuniu em livro sob o título “Dos Açores a Roma”; e em
1938 fez parte da Peregrinação portuguesa a Budapeste para tomar
parte no Congresso Eucarístico Internacional. No dia destinado à
Peregrinação portuguesa, foi um dos três conferentes, versando “A
Eucaristia, laço de caridade nas relações entre os povos, na vida
internacional”, de que se fizeram éco os órgãos da Comunicação
Social. Foi então que o Arcebispo de Mitilene, D. Ernesto Sena de
Oliveira, lhe dirigiu o convite para ficar no Patriarcado, em Lisboa,
que o Pe. X.M. recusou. No seu jornal publicou, a seguir, uma série
de 95 crónicas que, mais tarde, em 1955, reuniu em volume sob o
título “... até ao Danúbio”. Antes de falecer,
transferiu para a Paróquia a propriedade de “O Dever”, que havia
dirigido durante 53 anos. Faleceu repentinamente nesta vila, em 3 de
Março de 1971.
O P. Francisco
Vieira Soares nasceu
nesta vila, em 26 de Julho de 1902. Frequentou o Liceu de Angra e,
depois, o Seminário, sendo ordenado, em 29 de Junho de 1927. Ainda
no Seminário, fundou com outros colegas a revista “Prelúdios”,
na qual deixou brilhante colaboração poética. Celebrou a Missa
Nova, no dia 31 de Julho de 1927, na freguesia da Piedade, onde fora
criado pelo tio P. Francisco Soares, após o falecimento da mãe,
ainda jovem.2
Colocado como cura na freguesia dos Cedros, aí fundou, conjuntamente
com um grupo de professores, a revista “O Eco Cedrense”, que
dirigiu até 25 de Janeiro do ano seguinte. Foi, a seguir,
transferido para a Horta, para a Redacção do antigo jornal
“A Democracia” que passara a pertencer à Diocese, acumulando com
o cargo de capelão do Hospital da Horta. Com o encerramento de “A
Democracia”, o Pe. Soares esteve algum tempo na Prainha do Norte e,
a seguir, foi colocado na freguesia da Lomba, nas Flores. Ali
construiu o Passal e fundou a Filarmónica e, quando ia desfrutar de
um merecido descanso, é transferido para Ponta Delgada daquela Ilha,
e lá voltou a fundar uma filarmónica. Depois vem colocado para S.
Caetano do Pico. Algum tempo depois, houve intenção de o colocar
novamente nas Flores, mas o Pe. Soares preferiu ir para a Piedade
auxiliar o Tio Pe. Francisco Soares e por lá se manteve. Na Piedade
adquiriu uma casa para salão paroquial e fundou a Filarmónica.
Sempre empreendedor e activo, jornalista e poeta de iluminada
inspiração, realizou outros trabalhos na própria igreja
paroquial. Vítima de um ataque de angina pectoris, faleceu,
bastante novo, a 24 de Agosto de l963.
Lajes do Pico,
16 de Fevº de 2015.
Ermelindo Ávila
1
Carlos, Padre José, “Daqui houve Missionários até aos confins
do Mundo”, 2000, pág-73.
2
De “O Eco Cedrense”,19-3-19829 : Quando
eu era pequenino / Antes de adormecer / Minha mãe tinha o costume /
de me ensinar a benzer/ (...) Depois, minha Mãe morreu! / Agora
pobre de mim... / Deus me dera ter morrido, / Enquanto sonhava
assim” – Amâncio Victor ( P. Francisco Vieira Soares)
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