sábado, 7 de março de 2015

SACERDOTES LAJENSES II

Notas do Meu Cantinho


O Pe. Manuel Moniz Madruga, filho de José Joaquim Madruga e de Josefa do Carmo Moniz nasceu nas Lajes, a 8 de Novembro de 1855. Foi ordenado sacerdote, em 20 de Setembro de 1884, e, depois de frequentar o Seminário de Angra, foi cura do Capelo, no Faial, depois, vice - vigário da Candelária, em 1887, e, por fim, em 1889, foi nomeado Pároco colado da Feteira, Faial, onde veio a falecer, em 7 de Novembro de 1957, com 102 anos de idade.
No princípio do século XX, vários sacerdotes das Lajes se ordenaram. E diziam que muito havia contribuído para que frequentassem o Seminário o então vice-reitor Dr. João Paulino de Azevedo e Castro e o irmão, vice-vigário da Matriz das Lajes e que os havia preparado para o Ensino Primário, Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro.
Pe. Francisco Soares, nasceu nesta vila, em 17 de Fevereiro de 1877, frequentou o Seminário de Angra e ordenou-se em 1900. Depois de estar no Lagedo das Flores, foi colocado na Piedade onde exerceu o seu munus até ao falecimento, em 1966.
Pe. José Vieira Soares, natural desta vila frequentou o Seminário de Angra e ordenou-se, em 1 de Setembro de 1901. Possuidor de uma voz maravilhosa, e de extraordinários dotes musicais, no penúltimo ano do Seminário foi nomeado capelão oficial do coro da Sé de Angra. E ainda seminarista pregou numa das novenas de Lourdes, nesta vila, no ano de 1900, por concessão especial do Prelado.
Após a ordenação, foi colocado na Fajã Grande das Flores, donde foi transferido, meses passados, para a Calheta de Nesquim. Dali veio para a Matriz das Lajes, como cura, assumindo as funções de Vigário, com o falecimento do P. Manuel José Lopes, em 6 de Maio de 1912, e de ouvidor com o falecimento do Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro, em 1914. Faleceu, de doença grave que lhe provocou grandes sofrimentos, em 12 de Abril de 1948.
O Pe. Manuel Vieira Feliciano nasceu nesta Vila, em 10 de Agosto de 1879. Foi aluno do Pe. Xavier e frequentou o Seminário de Angra, vindo a ordenar-se em 29-12-190l. Foi colocado inicialmente nos Rosais de S. Jorge, sendo transferido para o então curato da Silveira, quando faleceu o antigo cura P. Jerónimo, em 25 de Março de 1905. Aquando do falecimento do Pe. José Vieira Soares, foi nomeado Vigário e ouvidor das Lajes do Pico. A ele se deve o restauro da Igreja da Silveira, destruída totalmente por um pavoroso incêndio, na noite de 24 de Junho de 1923, bem como a elevação do curato a Paróquia, por decreto de D. Manuel Afonso de Carvalho de 8 de Janeiro de 1957, sendo então o P. Feliciano nomeado Vigário com o título de Reitor. Faleceu em 26 de Março de 1962. Na igreja da Silveira foi colocada, com grande solenidade, em 13 de Agosto de 1930, a primeira Imagem de Nossa de Fátima, trazida para a Ilha do Pico.
Pe. João Vieira Xavier Madruga nasceu nas Lajes, em 1 de Junho de 1883. Ordenado em 1 de Novembro de 1905, ficou no Seminário como prefeito e professor, sendo colocado, após o encerramento do Seminário com a implantação da República, em 1911, como vigário e ouvidor do Topo, S. Jorge. Ali fundou o jornal “O DEVER”, em 1 de Junho de 1917. Em 1927 foi transferido como Vigário para a Candelária do Pico e, poucos anos decorridos, fica na situação de manente, passando a residir na sua casa nesta vila, para onde trouxe, em 1939, o seu “O Dever”. Durante dois anos, de 1946 a 1948, esteve nos Estados Unidos de visita a familiares, desempenhando ali uma acção missionária de muito relevo, principalmente na pregação das diversas festividades promovidas pelas comunidades portuguesas. Dessa visita escreveu em “O Dever” uma série de crónicas sob o título “Cartas da América” que, apesar de ter em vida autorizado, ainda aguardam publicação. Na Nação Americana “Deu-se por inteiro a missões paroquiais, retiros, novenas, tríduos, sermões de festas, conferências, entrevistas na rádio e imprensa luso - americanas, etc.”1 Em l925 tomou parte na peregrinação portuguesa a Roma e, depois, escreveu no seu jornal diversas crónicas de viagem que, em 1930, reuniu em livro sob o título “Dos Açores a Roma”; e em 1938 fez parte da Peregrinação portuguesa a Budapeste para tomar parte no Congresso Eucarístico Internacional. No dia destinado à Peregrinação portuguesa, foi um dos três conferentes, versando “A Eucaristia, laço de caridade nas relações entre os povos, na vida internacional”, de que se fizeram éco os órgãos da Comunicação Social. Foi então que o Arcebispo de Mitilene, D. Ernesto Sena de Oliveira, lhe dirigiu o convite para ficar no Patriarcado, em Lisboa, que o Pe. X.M. recusou. No seu jornal publicou, a seguir, uma série de 95 crónicas que, mais tarde, em 1955, reuniu em volume sob o título “... até ao Danúbio”. Antes de falecer, transferiu para a Paróquia a propriedade de “O Dever”, que havia dirigido durante 53 anos. Faleceu repentinamente nesta vila, em 3 de Março de 1971.
O P. Francisco Vieira Soares nasceu nesta vila, em 26 de Julho de 1902. Frequentou o Liceu de Angra e, depois, o Seminário, sendo ordenado, em 29 de Junho de 1927. Ainda no Seminário, fundou com outros colegas a revista “Prelúdios”, na qual deixou brilhante colaboração poética. Celebrou a Missa Nova, no dia 31 de Julho de 1927, na freguesia da Piedade, onde fora criado pelo tio P. Francisco Soares, após o falecimento da mãe, ainda jovem.2 Colocado como cura na freguesia dos Cedros, aí fundou, conjuntamente com um grupo de professores, a revista “O Eco Cedrense”, que dirigiu até 25 de Janeiro do ano seguinte. Foi, a seguir, transferido para a Horta, para a Redacção do antigo jornal “A Democracia” que passara a pertencer à Diocese, acumulando com o cargo de capelão do Hospital da Horta. Com o encerramento de “A Democracia”, o Pe. Soares esteve algum tempo na Prainha do Norte e, a seguir, foi colocado na freguesia da Lomba, nas Flores. Ali construiu o Passal e fundou a Filarmónica e, quando ia desfrutar de um merecido descanso, é transferido para Ponta Delgada daquela Ilha, e lá voltou a fundar uma filarmónica. Depois vem colocado para S. Caetano do Pico. Algum tempo depois, houve intenção de o colocar novamente nas Flores, mas o Pe. Soares preferiu ir para a Piedade auxiliar o Tio Pe. Francisco Soares e por lá se manteve. Na Piedade adquiriu uma casa para salão paroquial e fundou a Filarmónica. Sempre empreendedor e activo, jornalista e poeta de iluminada inspiração, realizou outros trabalhos na própria igreja paroquial. Vítima de um ataque de angina pectoris, faleceu, bastante novo, a 24 de Agosto de l963.

Lajes do Pico,
16 de Fevº de 2015.
Ermelindo Ávila

1 Carlos, Padre José, “Daqui houve Missionários até aos confins do Mundo”, 2000, pág-73.

2 De “O Eco Cedrense”,19-3-19829 : Quando eu era pequenino / Antes de adormecer / Minha mãe tinha o costume / de me ensinar a benzer/ (...) Depois, minha Mãe morreu! / Agora pobre de mim... / Deus me dera ter morrido, / Enquanto sonhava assim” – Amâncio Victor ( P. Francisco Vieira Soares)

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