NOTAS DO MEU CANTINHO
D.
ARQUIMÍNIO RODRIGUES DA COSTA
BISPO
EMÉRITO DE MACAU
No dia 6 do corrente
celebrou o 65º aniversário da ordenação sacerdotal, o Bispo
Emérito de Macau, D. Arquimínio Rodrigues da Costa.
Nascido na freguesia de
S. Mateus, desta ilha, em 8 de Julho de 1924, ingressou no
Seminário de Macau em 8 de Dezembro de 1938. Segundo me informou,
quando há anos o encontrei em Macau, Mons. Manuel Teixeira,
professor do Seminário e Historiador, D. Arquimínio foi o aluno
mais inteligente e dedicado que lhe passou nas aulas.
Ordenado sacerdote,
depois de um curso brilhante, foi nomeado professor de diversas
disciplinas nos dois seminários –maior e menor – e Prefeito de
estudos do Seminário Menor, sendo, depois, nomeado reitor do
Seminário, em 15 de Fevereiro de 1955, em cujo cargo está pouco
tempo, pois no ano seguinte, vem de licença graciosa aos Açores,
mais propriamente à terra natal, a Ilha do Pico, e daqui segue para
a Universidade Gregoriana, em Roma, onde faz, brilhantemente, o Curso
de Direito.
Voltando a Macau, depois
de concluído o curso universitário, é novamente nomeado Reitor e
professor de várias disciplina.
Aquando do Concílio
Vaticano II, substitui o Bispo da Diocese, D. Paulo Tavares, como
Governador do Bispado, passando, em 1968, a reitor do Seminário
Maior de Hong Kong.
Com o falecimento de D.
Paulo, é eleito Vigário Capitular de Macau. A seguir vem aos Açores
celebrar as Bodas de Prata sacerdotais e, no regresso, é nomeado
Bispo de Macau, a 21 de Janeiro de 1976.
Dom Arquimínio
continua a ocupar o seu pequeno quarto no Seminário,
O P. Tomás Bettencourt
Cardoso, que teve o grande mérito de recolher, ao longo da sua
estada na Diocese Macaense, como professor do Ensino Secundário, os
textos de todos os Bispos açorianos que governaram aquela Diocese,
durante o Século XX, escreve no que se refere a D. Arquimínio:
“Padre - Bispo. Quando foi eleito, uma empregada do Seminário
de S. José, passou a chamar-lhe Sanfou
Chi Cau (Sanfou
– padre, Chi Cau –bispo)” .
“É que ele
não modificou em nada o seu modus
vivendi. Continuou a residir no Seminário, aqui ao
lado, num quarto modesto, como este em que me encontro. Em metros
lineares,4 por 4.”
A propósito da
promoção a Bispo de Macau, escreveu Dom José da Costa Nunes, já
então cardeal da Santa Igreja :
“A
Diocese de Macau acaba de ser provida de Chefe na
pessoa do Pe. Arquimínio. Acertadíssima nomeação. O nomeado não
é do mesmo parecer. Deve estar aterrado com o sucedido, mas dentro
de pouco conformar-se-á. Sem dúvida levará a efeito uma
obra de valor, mas, possivelmente, ficará na História como último
Prelado do Padroado do Oriente. -J. C. Nunes (23.01.1976)”
E ficou, de facto, na
História.
Em 1983, vem de férias
aos Açores e preside à Sagração da Igreja Matriz das Lajes do
Pico. Depois volta a Macau.
Entretanto, em 10 de
Junho de 1984, é agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem de
Benemerência, pelo residente da República Portuguesa.
Em 13 de Setembro de
1986, a Universidade da Ásia Oriental de Macau confere-lhe o titulo
de Doutor “Honoris Causa” em Filosofia; em 7 de Novembro de 1988
o Presidente da República Portuguesa condecora-o com o grau de
Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
A Santa Sé havia já
aceitado o pedido de resignação do Senhor D. Arquimínio de Bispo
de Macau, sendo substituído pelo bispo Coadjutor D. Domingos Lam.
D. Arquimínio Rodrigues
da Costa regressa ao Pico, após a resignação, mas não deixa de
voltar algumas vezes ao oriente a presidir a Conferências
Episcopais, por solicitação e insistência dos Bispos respectivos.
Enquanto a saúde lhe
permitiu, D. Arquimínio prestou as mais relevantes ajudas ao clero
do Pico, confessando, pregando, celebrando e até servindo de
organista quando o titular faltava. Por delegação do Bispo da
Diocese administrou o crisma em diversas paróquias e por alguns
anos.
Em Junho de
2012, a Assembleia Regional dos Açores atribui-lhe a Insígnia
autonómica de reconhecimento. Nesse mesmo ano, no dia 6 de Agosto,
Festa do Bom Jesus, é descerrado um busto, em sua homenagem, no adro
da Igreja do Santuário um busto, oferecido pela Junta de Freguesia
de São Mateus.
Mas, a doença chegou.
Hoje é um enfermo, um santo
enfermo, retido no leito da sua casa de São Mateus e entregue aos
cuidados e carinhos familiares. Mesmo assim o clero do Pico não
deixa de o visitar e assistir, e foi com sentimento e brilho que, no
dia 6 celebrou com D. Arquimínio, os 65 anos de vida sacerdotal do
notável e benemérito Homem do Pico e da Igreja.
Tive sempre por D.
Arquimínio um respeito muito sincero e uma veneração muito
elevada e sei e senti que ele me dispensava com muito carinho a sua
benevolente amizade.
Justas, pois, as
palavras respeitosas que aqui deixo a recordar uma vida tão operosa
e benéfica como foi a do ilustre Bispo Picoense. Um Bispo de que o
Pico muito se orgulha. O Última de uma geração que, durante o
século XX, andou pelas terras do Oriente, em Macau, Timor, Goa: o
Bispo Dom João Paulino de Azevedo e Castro, o Cardeal D. José da
Costa Nunes, o Bispo Dom Jaime Garcia Goulart, o Patriarca Dom José
Vieira Alvernaz, e o Bispo D. Arquimínio R. Costa, de facto o
último, como vaticinou D. José da Costa Nunes.
Mas, durante o século
passado, dois bispos micaelenses também andaram pelo oriente; o
Bispo Dom Paulo Tavares, Bispo de Macau, onde faleceu, a 14 de Junho
de 1973 e D. Manuel de Medeiros Guerreiro, primeiro Bispo de Miliapor
e, depois, em Nampula - Moçambique, vindo a falecer à sua terra
natal, a Lagoa.
_________
As notas biográficas aqui referidas
foram recolhidas, com a devida vénia, do livro: Texos de D.
Arquimínio Rodrigues da Costa, Macau, 1999, coordenação do
Pe. Tomás Bettencourt Cardoso,
Lajes do Pico, 6 de Outubro de 2914.
Ermelindo Ávila
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