segunda-feira, 20 de outubro de 2014

D. ARQUIMÍNIO RODRIGUES DA COSTA,BISPO EMÉRITO DE MACAU

NOTAS DO MEU CANTINHO

D. ARQUIMÍNIO RODRIGUES DA COSTA
BISPO EMÉRITO DE MACAU

No dia 6 do corrente celebrou o 65º aniversário da ordenação sacerdotal, o Bispo Emérito de Macau, D. Arquimínio Rodrigues da Costa.
Nascido na freguesia de S. Mateus, desta ilha, em 8 de Julho de 1924, ingressou no Seminário de Macau em 8 de Dezembro de 1938. Segundo me informou, quando há anos o encontrei em Macau, Mons. Manuel Teixeira, professor do Seminário e Historiador, D. Arquimínio foi o aluno mais inteligente e dedicado que lhe passou nas aulas.
Ordenado sacerdote, depois de um curso brilhante, foi nomeado professor de diversas disciplinas nos dois seminários –maior e menor – e Prefeito de estudos do Seminário Menor, sendo, depois, nomeado reitor do Seminário, em 15 de Fevereiro de 1955, em cujo cargo está pouco tempo, pois no ano seguinte, vem de licença graciosa aos Açores, mais propriamente à terra natal, a Ilha do Pico, e daqui segue para a Universidade Gregoriana, em Roma, onde faz, brilhantemente, o Curso de Direito.

Voltando a Macau, depois de concluído o curso universitário, é novamente nomeado Reitor e professor de várias disciplina.
Aquando do Concílio Vaticano II, substitui o Bispo da Diocese, D. Paulo Tavares, como Governador do Bispado, passando, em 1968, a reitor do Seminário Maior de Hong Kong.
Com o falecimento de D. Paulo, é eleito Vigário Capitular de Macau. A seguir vem aos Açores celebrar as Bodas de Prata sacerdotais e, no regresso, é nomeado Bispo de Macau, a 21 de Janeiro de 1976.
Dom Arquimínio continua a ocupar o seu pequeno quarto no Seminário,
O P. Tomás Bettencourt Cardoso, que teve o grande mérito de recolher, ao longo da sua estada na Diocese Macaense, como professor do Ensino Secundário, os textos de todos os Bispos açorianos que governaram aquela Diocese, durante o Século XX, escreve no que se refere a D. Arquimínio: “Padre - Bispo. Quando foi eleito, uma empregada do Seminário de S. José, passou a chamar-lhe Sanfou Chi Cau (Sanfou padre, Chi Cau –bispo)” .
É que ele não modificou em nada o seu modus vivendi. Continuou a residir no Seminário, aqui ao lado, num quarto modesto, como este em que me encontro. Em metros lineares,4 por 4.”
A propósito da promoção a Bispo de Macau, escreveu Dom José da Costa Nunes, já então cardeal da Santa Igreja :
A Diocese de Macau acaba de ser provida de Chefe na pessoa do Pe. Arquimínio. Acertadíssima nomeação. O nomeado não é do mesmo parecer. Deve estar aterrado com o sucedido, mas dentro de pouco conformar-se-á. Sem dúvida levará a efeito uma obra de valor, mas, possivelmente, ficará na História como último Prelado do Padroado do Oriente. -J. C. Nunes (23.01.1976)”
E ficou, de facto, na História.
Em 1983, vem de férias aos Açores e preside à Sagração da Igreja Matriz das Lajes do Pico. Depois volta a Macau.
Entretanto, em 10 de Junho de 1984, é agraciado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Benemerência, pelo residente da República Portuguesa.
Em 13 de Setembro de 1986, a Universidade da Ásia Oriental de Macau confere-lhe o titulo de Doutor “Honoris Causa” em Filosofia; em 7 de Novembro de 1988 o Presidente da República Portuguesa condecora-o com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
A Santa Sé havia já aceitado o pedido de resignação do Senhor D. Arquimínio de Bispo de Macau, sendo substituído pelo bispo Coadjutor D. Domingos Lam.
D. Arquimínio Rodrigues da Costa regressa ao Pico, após a resignação, mas não deixa de voltar algumas vezes ao oriente a presidir a Conferências Episcopais, por solicitação e insistência dos Bispos respectivos.
Enquanto a saúde lhe permitiu, D. Arquimínio prestou as mais relevantes ajudas ao clero do Pico, confessando, pregando, celebrando e até servindo de organista quando o titular faltava. Por delegação do Bispo da Diocese administrou o crisma em diversas paróquias e por alguns anos.
Em Junho de 2012, a Assembleia Regional dos Açores atribui-lhe a Insígnia autonómica de reconhecimento. Nesse mesmo ano, no dia 6 de Agosto, Festa do Bom Jesus, é descerrado um busto, em sua homenagem, no adro da Igreja do Santuário um busto, oferecido pela Junta de Freguesia de São Mateus.
Mas, a doença chegou. Hoje é um enfermo, um santo enfermo, retido no leito da sua casa de São Mateus e entregue aos cuidados e carinhos familiares. Mesmo assim o clero do Pico não deixa de o visitar e assistir, e foi com sentimento e brilho que, no dia 6 celebrou com D. Arquimínio, os 65 anos de vida sacerdotal do notável e benemérito Homem do Pico e da Igreja.
Tive sempre por D. Arquimínio um respeito muito sincero e uma veneração muito elevada e sei e senti que ele me dispensava com muito carinho a sua benevolente amizade.
Justas, pois, as palavras respeitosas que aqui deixo a recordar uma vida tão operosa e benéfica como foi a do ilustre Bispo Picoense. Um Bispo de que o Pico muito se orgulha. O Última de uma geração que, durante o século XX, andou pelas terras do Oriente, em Macau, Timor, Goa: o Bispo Dom João Paulino de Azevedo e Castro, o Cardeal D. José da Costa Nunes, o Bispo Dom Jaime Garcia Goulart, o Patriarca Dom José Vieira Alvernaz, e o Bispo D. Arquimínio R. Costa, de facto o último, como vaticinou D. José da Costa Nunes.
Mas, durante o século passado, dois bispos micaelenses também andaram pelo oriente; o Bispo Dom Paulo Tavares, Bispo de Macau, onde faleceu, a 14 de Junho de 1973 e D. Manuel de Medeiros Guerreiro, primeiro Bispo de Miliapor e, depois, em Nampula - Moçambique, vindo a falecer à sua terra natal, a Lagoa.
_________

As notas biográficas aqui referidas foram recolhidas, com a devida vénia, do livro: Texos de D. Arquimínio Rodrigues da Costa, Macau, 1999, coordenação do Pe. Tomás Bettencourt Cardoso,

Lajes do Pico, 6 de Outubro de 2914.

Ermelindo Ávila

Sem comentários: