NOTAS DO MEU
CANTINHO
Vai
caminhando para meio século de existência a Ermida do Imaculado
Coração de Maria, vulgarmente conhecida por ERMIDA DAS TERRAS.
Como
qualquer outro evento também tem a sua história. Há muito que
representava uma necessidade flagrante, pois o lugar das Terras,
subúrbio da vila das Lajes, constitui um núcleo habitacional com
mais de duas centenas de habitantes.
Apesar da
distância que a separa da sede da Paróquia, o povo das Terras foi
sempre o primeiro a estar presente nos actos religiosos que se
realizavam na Matriz, como ainda hoje acontece com as solenidades
litúrgicas mais relevantes. Daí a necessidade da construção de
uma ermida onde pudessem realizar os acto de culto. Foi em 3 de Abril
de l970 que o então Ouvidor das Lajes (no tempo ainda existiam em
funcionamento as três seculares ouvidorias do Pico...) procedeu à
Bênção solene da nova ermida, por comissão do Bispo da Diocese,
D. Manuel Afonso de Carvalho. Quase meio século é decorrido.
O
primeiro casamento realizado na Ermida, construída em terreno doado
por Luiza Silveira Furtado, foi celebrado em 31 de Outubro de 1970.
Os nubentes
foram Manuel Moniz Cardoso Soares, natural daquele lugar e Maria
Luiza Silveira, neta da doadora do terreno, onde foi implantada a
ermida. É natural de Santa Bárbara mas, felizmente ambos
encontram-se vivos e residem no lugar das Terras.
O primeiro
baptizado, celebrado naquela ermida, no dia 3 de Agosto de l975,
foi de um filho de José Adelino dos Santos Fagundes e de Maria de
Fátima Simas Fagundes, natural da vizinha freguesia das Ribeiras e
residentes também nas Terras. Recebeu o nome de Marco Aurélio.
É tradição
realizar-se num dos domingos de Setembro a festa da titular,
Imaculado Coração de Maria. Uma festa largamente concorrida e em
cujo arraial aparecem normalmente muitos habitantes da vila.
Há imensas
ofertas para arrematação a favor da ermida, sobressaindo as de
batata-doce, um tubérculo originário da América e por cá muito
apreciado.
No presente
ano, a festa da titular da ermida das Terras, uma das mais esbeltas
da ilha e com capacidade razoável para a população do lugar, vai
realizar-se, com o mesmo entusiasmo e respeito de sempre, no dia 12
do corrente mês.
Creio que,
em anterior nota já fiz referência circunstanciada ao lugar das
Terras da antiga freguesia e paróquia da Santíssima Trindade, hoje
somente das Lajes do Pico, ao modus vivendi
do seu laborioso povo. Volto ao tema, sempre aliciante e oportuno,
pois trata-se de um núcleo populacional em contínuo progresso.
Excelentes moradias e uma vida social muito diferente daquela que se
conhecia aqui há cinco ou seis dezenas de anos.
Perdeu a
escola primária, por motivos demográficos, mas o respectivo
edifício, construído de raiz, está entregue ao grupo do Corpo
Nacional de Escuteiros, que lhe dá boa aplicação.
No centro
do lugar, formando um núcleo importante de urbanização,
conjuntamente com a ermida, foi construído um grandioso e óptimo
edifício para sede da Sociedade Recreativa Alegria no Campo que tem
fins recreativos, culturais e sociais. Ali convivem as pessoas do
lugar, realizam as suas festas familiares e é no vasto salão, um
dos mais amplos e esbeltos da ilha do Pico, onde são servidos, de
cinco em cinco anos, os jantares do Espírito Santo, durante as
chamadas “Domingas”, no seguimento de uma tradição que é quase
única na ilha e que as famílias vêm mantendo, embora com
sacrifício, mas com entusiasmo e respeito. Mas, normalmente, ali se
servem as “Sopas do Espírito Santo” por motivos votivos dos
residentes ou dos emigrantes que, para cumprir promessas, voltam à
terra-mãe.
Como atrás
referi, as habitações, na generalidade, foram modernizadas.
Desapareceram os tradicionais carros de bois e quase todas, senão
todas, as habitações possuem veículos motorizados como, afinal,
está acontecendo em quase toda a ilha.
Um lugar
pacífico onde não se conhecem causas dirimentes judiciais.
Localmente,
não existe comércio de qualquer espécie. Mas as Terras tem uma
Lavoura desenvolvida, que permite às suas laboriosas gentes um viver
desafogado e feliz, dos melhores da ilha.
E por aqui
fico, com uma saudação amiga e fraterna, ao
povo das Terras como é conhecido.
Vila das
Lajes do Pico,
Outº, de
2014
Ermelindo
Ávila.
Sem comentários:
Enviar um comentário