quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A ERMIDA DAS TERRAS

NOTAS DO MEU CANTINHO




Vai caminhando para meio século de existência a Ermida do Imaculado Coração de Maria, vulgarmente conhecida por ERMIDA DAS TERRAS.
Como qualquer outro evento também tem a sua história. Há muito que representava uma necessidade flagrante, pois o lugar das Terras, subúrbio da vila das Lajes, constitui um núcleo habitacional com mais de duas centenas de habitantes.
Apesar da distância que a separa da sede da Paróquia, o povo das Terras foi sempre o primeiro a estar presente nos actos religiosos que se realizavam na Matriz, como ainda hoje acontece com as solenidades litúrgicas mais relevantes. Daí a necessidade da construção de uma ermida onde pudessem realizar os acto de culto. Foi em 3 de Abril de l970 que o então Ouvidor das Lajes (no tempo ainda existiam em funcionamento as três seculares ouvidorias do Pico...) procedeu à Bênção solene da nova ermida, por comissão do Bispo da Diocese, D. Manuel Afonso de Carvalho. Quase meio século é decorrido.
O primeiro casamento realizado na Ermida, construída em terreno doado por Luiza Silveira Furtado, foi celebrado em 31 de Outubro de 1970.
Os nubentes foram Manuel Moniz Cardoso Soares, natural daquele lugar e Maria Luiza Silveira, neta da doadora do terreno, onde foi implantada a ermida. É natural de Santa Bárbara mas, felizmente ambos encontram-se vivos e residem no lugar das Terras.
O primeiro baptizado, celebrado naquela ermida, no dia 3 de Agosto de l975, foi de um filho de José Adelino dos Santos Fagundes e de Maria de Fátima Simas Fagundes, natural da vizinha freguesia das Ribeiras e residentes também nas Terras. Recebeu o nome de Marco Aurélio.
É tradição realizar-se num dos domingos de Setembro a festa da titular, Imaculado Coração de Maria. Uma festa largamente concorrida e em cujo arraial aparecem normalmente muitos habitantes da vila.
Há imensas ofertas para arrematação a favor da ermida, sobressaindo as de batata-doce, um tubérculo originário da América e por cá muito apreciado.
No presente ano, a festa da titular da ermida das Terras, uma das mais esbeltas da ilha e com capacidade razoável para a população do lugar, vai realizar-se, com o mesmo entusiasmo e respeito de sempre, no dia 12 do corrente mês.
Creio que, em anterior nota já fiz referência circunstanciada ao lugar das Terras da antiga freguesia e paróquia da Santíssima Trindade, hoje somente das Lajes do Pico, ao modus vivendi do seu laborioso povo. Volto ao tema, sempre aliciante e oportuno, pois trata-se de um núcleo populacional em contínuo progresso. Excelentes moradias e uma vida social muito diferente daquela que se conhecia aqui há cinco ou seis dezenas de anos.
Perdeu a escola primária, por motivos demográficos, mas o respectivo edifício, construído de raiz, está entregue ao grupo do Corpo Nacional de Escuteiros, que lhe dá boa aplicação.
No centro do lugar, formando um núcleo importante de urbanização, conjuntamente com a ermida, foi construído um grandioso e óptimo edifício para sede da Sociedade Recreativa Alegria no Campo que tem fins recreativos, culturais e sociais. Ali convivem as pessoas do lugar, realizam as suas festas familiares e é no vasto salão, um dos mais amplos e esbeltos da ilha do Pico, onde são servidos, de cinco em cinco anos, os jantares do Espírito Santo, durante as chamadas “Domingas”, no seguimento de uma tradição que é quase única na ilha e que as famílias vêm mantendo, embora com sacrifício, mas com entusiasmo e respeito. Mas, normalmente, ali se servem as “Sopas do Espírito Santo” por motivos votivos dos residentes ou dos emigrantes que, para cumprir promessas, voltam à terra-mãe.
Como atrás referi, as habitações, na generalidade, foram modernizadas. Desapareceram os tradicionais carros de bois e quase todas, senão todas, as habitações possuem veículos motorizados como, afinal, está acontecendo em quase toda a ilha.
Um lugar pacífico onde não se conhecem causas dirimentes judiciais.
Localmente, não existe comércio de qualquer espécie. Mas as Terras tem uma Lavoura desenvolvida, que permite às suas laboriosas gentes um viver desafogado e feliz, dos melhores da ilha.
E por aqui fico, com uma saudação amiga e fraterna, ao povo das Terras como é conhecido.

Vila das Lajes do Pico,
Outº, de 2014
Ermelindo Ávila.


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