quarta-feira, 8 de outubro de 2014

ANO NOVO...

A MINHA NOTA



Dois meses mais e o ano de 2014 estará no fim. Há cem anos a Nação vivia períodos atribulados, provocados pela abolição da Monarquia, que vinha de quase oito séculos, e pelo periclitante sistema republicano implantado cinco anos antes.
O regime parlamentarista, então estabelecido, era instável. Os governos sucediam-se, constantemente, e as revoluções eram quase uma prática diária. O sistema financeiro atravessava períodos graves que, aliás, já vinham da Monarquia.
Em 18 de Agosto de 1911, era aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, a nova Constituição que não evitou a instabilidade governativa e as escaramuças entre os partidos. E até, - pasmai!...- dentro dos próprios partidos!...
A Assembleia funcionava em contínuos sobressaltos e até em lutas agressivas entre os próprios deputados. Nem faltou o assassinato do Presidente da República Sidónio Pais, em 14 de Dezembro de 1918, e do qual Egas Moniz havia de dizer: “Homem cheio de virtudes e extraordinárias qualidades que um desvario messiânico perdeu”.
E foi nesta atribulada situação que surgiu a ditadura militar inteiramente entregue nas mãos dos militares, com um comando de baixo para cima, na expressão de um jornalista francês. (José Hermano Saraiva, in “HISTÓRIA concisa DE PORTUGAL”)
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Parece que o País voltou aos primeiros anos da República. Não há, felizmente, revoluções armadas mas as manifestações de rua são contínuas. Os governos, apoiados nos partidos vencedores, não conseguem manter a estabilidade normal de um sistema democrático que foi a esperança dos portugueses.
As reformas implantadas são desastrosas e só estabelecem o pânico e empobrecimento da Nação. Dá-se o encerramento de estabelecimentos comerciais e industriais. Encerram-se serviços. Cresce o custo de vida. Consequentemente, surge um desemprego assustador. A juventude mais afoita emigra para qualquer parte onde encontre trabalho. Aqui há dias, a comunicação social trouxe a público o caso de uma licenciada numa Universidade que trabalhava em serviço de limpeza por não encontrar outro meio de vida para prover o seu sustento !...
Encerram as escolas, por falta de frequência. Centralizam-se os serviços judiciais, daí resultando a situação anárquica em que se encontra a Justiça, a dar fé pelo que os noticiários diariamente nos informam... Fecham-se os serviços de saúde, obrigando os doentes a procurar alívios em estabelecimentos situados a dezenas ou centenas de quilómetros de distância. Além disso aumentam-se as taxas moderadoras e diminuem-se os reembolsos aos doentes. Encerram-se os bancos e provoca-se a bancarrota com o “desaparecimento” das economias familiares. De tudo resulta a confusão económica que só provoca a fome e a miséria.
Há “buracos” por toda a parte e o país não consegue encontrar solução para os seus múltiplos problemas financeiros, sociais e económicos que atrofiam a vida dos portugueses.
Aparece uma Troika que, não conhecendo embora o País, impõe ao governo medidas desastrosas e asfixiantes como garantia do financiamento para que Portugal pudesse saldar o deficit internacional. Uma situação dramática com reflexos perniciosos em todos os sectores das vidas pública e particular.
E é nesta situação dramática que Portugal vai entrar em 2015 !...

Lajes do Pico,
Outubro de 2014
Ermelindo Ávila


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