A MINHA NOTA
Dois
meses mais e o ano de 2014 estará no fim. Há cem anos a Nação
vivia períodos atribulados, provocados pela abolição da
Monarquia, que vinha de quase oito séculos, e pelo periclitante
sistema republicano implantado cinco anos antes.
O
regime parlamentarista, então estabelecido, era instável. Os
governos sucediam-se, constantemente, e as revoluções eram quase
uma prática diária. O sistema financeiro atravessava períodos
graves que, aliás, já vinham da Monarquia.
Em
18 de Agosto de 1911, era aprovada pela Assembleia Nacional
Constituinte, a nova Constituição que não evitou a instabilidade
governativa e as escaramuças entre os partidos. E até, -
pasmai!...- dentro dos próprios partidos!...
A
Assembleia funcionava em contínuos sobressaltos e até em lutas
agressivas entre os próprios deputados. Nem faltou o assassinato do
Presidente da República Sidónio Pais, em 14 de Dezembro de 1918, e
do qual Egas Moniz havia de dizer: “Homem cheio de virtudes e
extraordinárias qualidades que um desvario messiânico perdeu”.
E
foi nesta atribulada situação que surgiu a ditadura militar
inteiramente entregue nas mãos dos militares,
com um comando de baixo para cima, na
expressão de um jornalista francês. (José Hermano Saraiva, in
“HISTÓRIA concisa DE PORTUGAL”)
*
Parece
que o País voltou aos primeiros anos da República. Não há,
felizmente, revoluções armadas mas as manifestações de rua são
contínuas. Os governos, apoiados nos partidos vencedores, não
conseguem manter a estabilidade normal de um sistema democrático que
foi a esperança dos portugueses.
As
reformas implantadas são desastrosas e só estabelecem o pânico e
empobrecimento da Nação. Dá-se o encerramento de estabelecimentos
comerciais e industriais. Encerram-se serviços. Cresce o custo de
vida. Consequentemente, surge um desemprego assustador. A juventude
mais afoita emigra para qualquer parte onde encontre trabalho. Aqui
há dias, a comunicação social trouxe a público o caso de uma
licenciada numa Universidade que trabalhava em serviço de limpeza
por não encontrar outro meio de vida para prover o seu sustento !...
Encerram
as escolas, por falta de frequência. Centralizam-se os serviços
judiciais, daí resultando a situação anárquica em que se encontra
a Justiça, a dar fé pelo que os noticiários diariamente nos
informam... Fecham-se os serviços de saúde, obrigando os doentes a
procurar alívios em estabelecimentos situados a dezenas ou centenas
de quilómetros de distância. Além disso aumentam-se as taxas
moderadoras e diminuem-se os reembolsos aos doentes. Encerram-se os
bancos e provoca-se a bancarrota com o “desaparecimento” das
economias familiares. De tudo resulta a confusão económica que só
provoca a fome e a miséria.
Há
“buracos” por toda a parte e o país não consegue encontrar
solução para os seus múltiplos problemas financeiros, sociais e
económicos que atrofiam a vida dos portugueses.
Aparece
uma Troika que, não
conhecendo embora o
País, impõe ao governo medidas desastrosas e asfixiantes
como garantia do financiamento para que Portugal pudesse saldar o
deficit internacional. Uma situação dramática com reflexos
perniciosos em todos os sectores das vidas pública e particular.
E é nesta
situação dramática que Portugal vai entrar em 2015 !...
Lajes do
Pico,
Outubro de
2014
Ermelindo
Ávila
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