NOTAS DO MEU CANTINHO
Depois
da inopinada proibição da caça à baleia que, afinal, os lajenses
não inventaram mas que destemidamente souberam continuar, depois de
alguns deles haverem andado por esses mares, nunca
dantes navegados,
surgiu a observação dos cetáceos ou o Whale
Watching.
Foi
ontem, mas
já decorreu quase um quarto de século. Precisamente em 1991, Serge
Viallelle chegou a esta vila para estabelecer a nova actividade de
ver baleias. Anos, bem poucos haviam decorrido, quando se tentou
montar a actividade que os baleeiros lajenses recusaram em sessão
pública realizada no salão nobre dos Paços do Concelho. Muitos se
devem lembrar ainda, pois foi grande a afluência a esse acto,
promovido pelo Deputado Europeu, de então, Doutor Vasco Garcia. Não
sortiu efeitos, mas aquele citado cidadão francês soube aproveitar
o “vazio”, salvo erro.
Hoje
a “observação de baleias” está bastante desenvolvida, e, no
porto das Lajes, exercem essa actividade dez empresas que, algumas,
nem sedeadas cá estão...
Mesmo
assim o Whale Watching traz a esta vila – que conserva o epíteto
de “Vila Baleeira”, - notável número de estrangeiros
interessados, principalmente, em ver, bem de perto, a vida calma dos
monstros marinhos. É por isso que a Baía das Lajes e o sul da Ilha
já são considerados o santuário
das baleias, tantas
são as que, quase diariamente, aqui “vivem”, muito calmamente,
sem receio que
alguém se lembre de as perseguir...
E
por aqui não aparece somente o cachalote. Outras mais espécies por
cá andam a despertar a curiosidade dos amantes do mar.
Pode
dizer-se que o Whale
Watching constitui
hoje uma
atracção
turística, mas por
enquanto só interessa aos empresários que exploram essa actividade,
quando algo mais se podia desenvolver, quer na restauração, quer em
actividades de animação. Chegar às Lajes e aguardar o sinal da
Vigia para ir ver os golfinhos e as baleias, é pouco ainda. Importa
algo mais criar para dar emprego à juventude e interessar uma
população quase inactiva.
Não
posso acompanhar nem esta, nem outras actividades. Limito-me a tomar
conhecimento, aliás bastante superficial, do que por aí vai
ocorrendo. Trago aqui somente algo das informações, julgo que
fidedignas, que chegam a este cantinho onde permaneço muitos dias,
sem vêr ou conviver com as pessoas que por aí passam. Todavia dou
“graças a Deus” de ainda por cá andar, quando outros de muito
menos idade, partem, quantas vezes inesperadamente...
Estou,
porém, certo que há muita gente interessada pela sua e nossa terra
e que vai estudando, criteriosamente, a maneira adequada de fazer
progredir as potencialidades naturais que por aí existem. Demais,
pensar hoje em emigrar é uma autêntica utopia, pois a crise
económica que nos atinge não anda apenas por cá. Ela abarca o
mundo nos seus diversos sectores de actividade e desenvolvimento.
Seja na Grécia, na Turquia, ou em outras mais...
Repito o que já algumas vezes lembrei. Importa ao Governo fomentar,
aturadamente, o desenvolvimento de todas as ilhas, que não apenas de
duas ou de três. E não apenas numa ou em duas áreas ou sectores;
ou, o que é mais dramático, privar algumas ilhas de serviços
públicos. E não os refiro hoje.
O
ar que respiramos não está, felizmente, inquinado, nem as moléstias
crónicas ou eventuais por aqui têm passado. Há idosos e doentes,
como em qualquer parte, mas isso não será motivo de afastamento de
estranhos. Os que por cá aparecem creio que não se dão mal...
A
emigração não é meio adequado, nos tempos que decorrem, para a
juventude procurar emprego. O desemprego atinge todas as nações,
mesmo aquelas que se conhecem como importantes centros económicos –
comerciais e/ou industriais.
Há muita juventude que vai e volta, porque foram frustrantes os
projectos que levava...É bom que se pense, maduramente, no futuro e
se tomem as melhores soluções para os momentos incertos que a todos
atingem.
Fiquemos
por aqui...
Lajes do Pico,
20 de Maio de 2015
Ermelindo
Ávila
1 comentário:
Belissima reflexão. A propósito, li, recentemente o livro Os Naufragos das Aucklands de Raynal e que narra a história verídica de 5 naufragos que deram ´a costa nas ilhas subantárticas das Aucklands, a sul da N. Zelandia e onde permaneceram mais de um ano em condiçoes terriveis;um deles era Harry ( Henrique)Borges e era dos Açores, do Pico? e embarcara como moço num balleeiro americano. Alguem sabe alguma coisa desse tal Borges?Agradeço quaisquer dados.
joao moura, v.franca do campo
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