domingo, 7 de junho de 2015

WHALE WATCHING

NOTAS DO MEU CANTINHO


Depois da inopinada proibição da caça à baleia que, afinal, os lajenses não inventaram mas que destemidamente souberam continuar, depois de alguns deles haverem andado por esses mares, nunca dantes navegados, surgiu a observação dos cetáceos ou o Whale Watching.
Foi ontem, mas já decorreu quase um quarto de século. Precisamente em 1991, Serge Viallelle chegou a esta vila para estabelecer a nova actividade de ver baleias. Anos, bem poucos haviam decorrido, quando se tentou montar a actividade que os baleeiros lajenses recusaram em sessão pública realizada no salão nobre dos Paços do Concelho. Muitos se devem lembrar ainda, pois foi grande a afluência a esse acto, promovido pelo Deputado Europeu, de então, Doutor Vasco Garcia. Não sortiu efeitos, mas aquele citado cidadão francês soube aproveitar o “vazio”, salvo erro.
Hoje a “observação de baleias” está bastante desenvolvida, e, no porto das Lajes, exercem essa actividade dez empresas que, algumas, nem sedeadas cá estão...
Mesmo assim o Whale Watching traz a esta vila – que conserva o epíteto de “Vila Baleeira”, - notável número de estrangeiros interessados, principalmente, em ver, bem de perto, a vida calma dos monstros marinhos. É por isso que a Baía das Lajes e o sul da Ilha já são considerados o santuário das baleias, tantas são as que, quase diariamente, aqui “vivem”, muito calmamente, sem receio que alguém se lembre de as perseguir...
E por aqui não aparece somente o cachalote. Outras mais espécies por cá andam a despertar a curiosidade dos amantes do mar.
Pode dizer-se que o Whale Watching constitui hoje uma
atracção turística, mas por enquanto só interessa aos empresários que exploram essa actividade, quando algo mais se podia desenvolver, quer na restauração, quer em actividades de animação. Chegar às Lajes e aguardar o sinal da Vigia para ir ver os golfinhos e as baleias, é pouco ainda. Importa algo mais criar para dar emprego à juventude e interessar uma população quase inactiva.
Não posso acompanhar nem esta, nem outras actividades. Limito-me a tomar conhecimento, aliás bastante superficial, do que por aí vai ocorrendo. Trago aqui somente algo das informações, julgo que fidedignas, que chegam a este cantinho onde permaneço muitos dias, sem vêr ou conviver com as pessoas que por aí passam. Todavia dou “graças a Deus” de ainda por cá andar, quando outros de muito menos idade, partem, quantas vezes inesperadamente...
Estou, porém, certo que há muita gente interessada pela sua e nossa terra e que vai estudando, criteriosamente, a maneira adequada de fazer progredir as potencialidades naturais que por aí existem. Demais, pensar hoje em emigrar é uma autêntica utopia, pois a crise económica que nos atinge não anda apenas por cá. Ela abarca o mundo nos seus diversos sectores de actividade e desenvolvimento. Seja na Grécia, na Turquia, ou em outras mais...
Repito o que já algumas vezes lembrei. Importa ao Governo fomentar, aturadamente, o desenvolvimento de todas as ilhas, que não apenas de duas ou de três. E não apenas numa ou em duas áreas ou sectores; ou, o que é mais dramático, privar algumas ilhas de serviços públicos. E não os refiro hoje.
O ar que respiramos não está, felizmente, inquinado, nem as moléstias crónicas ou eventuais por aqui têm passado. Há idosos e doentes, como em qualquer parte, mas isso não será motivo de afastamento de estranhos. Os que por cá aparecem creio que não se dão mal...
A emigração não é meio adequado, nos tempos que decorrem, para a juventude procurar emprego. O desemprego atinge todas as nações, mesmo aquelas que se conhecem como importantes centros económicos – comerciais e/ou industriais.
Há muita juventude que vai e volta, porque foram frustrantes os projectos que levava...É bom que se pense, maduramente, no futuro e se tomem as melhores soluções para os momentos incertos que a todos atingem.
Fiquemos por aqui...

Lajes do Pico,
20 de Maio de 2015

Ermelindo Ávila

1 comentário:

Anónimo disse...

Belissima reflexão. A propósito, li, recentemente o livro Os Naufragos das Aucklands de Raynal e que narra a história verídica de 5 naufragos que deram ´a costa nas ilhas subantárticas das Aucklands, a sul da N. Zelandia e onde permaneceram mais de um ano em condiçoes terriveis;um deles era Harry ( Henrique)Borges e era dos Açores, do Pico? e embarcara como moço num balleeiro americano. Alguem sabe alguma coisa desse tal Borges?Agradeço quaisquer dados.
joao moura, v.franca do campo