domingo, 21 de junho de 2015

DIAS SANTOS E FERIADOS

NOTAS DO MEU CANTINHO



Estamos no mês de Junho. A meio do ano. Já. Em poucos dias chega a estação calmosa – o verão.
Igualmente, no mês dos feriados por excelência.
Hoje, porém, não tantos como antigamente. Mesmo assim alguns dos feriados são assinalados como feriados municipais. É o caso de Santo António, a 13, em Lisboa, e de São João, a 24, em diversos concelhos do continente e dos Açores. Nas ilhas, contam-se mais de meia dúzia de feriados municipais no mês de Junho.
Antes da Concordata com a Santa Sé, existiam nove dias santos de guarda, além dos domingos: 1 e 6 de Janeiro, 19 de Março, 30 de Maio, 29 de Junho, 15 de Agosto, 1 de Novembro, 8 e 25 de Dezembro, respectivamente: da Circuncisão do Senhor, Reis Magos, S. José, Ascensão, S. Pedro e S. Paulo, Assunção da Virgem, Todos os Santos e Natal.
Eram seis os feriados nacionais: 1 de Janeiro, Dia Mundial da Paz, 31 de Janeiro, consagrado aos Precursores e Mártires da Pátria, 3 de Maio, da Descoberta do Brasil, 10 de Junho, dia de Portugal, 5 de Outubro comemorativo da Implantação do Regime Republicano, 1 de Dezembro, da Restauração de Portugal em 1640, e 25 de Dezembro consagrado à família.
Com a Concordata de 1940 entre Portugal e a Santa Sé, os dias santos de guarda foram considerados feriados nacionais mas reduzido o seu número. E com a nova concordata, depois da Revolução do 25 de Abril, mais se alteraram os feriados e dias santos de guarda. Actualmente, não são considerados dias santos, o dia da Epifania, o de S. José, o do Corpo de Deus, o de São Pedro e São Paulo e Todos os Santos, cujas comemorações passaram para o domingo seguinte.
Os feriados nacionais foram também alterados. Desapareceram o 31 de Janeiro e 3 de Maio. A partir de 2013, ficaram somente dez: 1 de Janeiro, 25 de Abril, 6ª feira Santa e Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 10 de Junho, 15 de Agosto, 5 de Outubro, 8 e 25 de Dezembro.
No entanto, em cada concelho resta o feriado municipal escolhido pela respectiva Câmara Municipal.
No concelho das Lajes do Pico, antes da Concordata de 1940, era feriado municipal o 15 de Agosto dedicado à Assunção da Virgem Maria. Nesse dias o Curato (hoje Paróquia) da Silveira celebrava a festa da Mãe de Deus. Os residentes na vila, que sempre mantiveram grandes afinidades com os da Silveira, iam até ali, onde aliás alguns conservavam casas de verão, para

tomar parte na festa. Daí a razão do feriado. Todavia, como a Concordata de 1940 considerou feriado os dias santificados, e o dia de São Pedro deixou de ser dia santo de guarda, a Câmara Municipal, num sentido histórico de que o primeiro templo da ilha fora dedicado ao Apóstolo S. Pedro, cuja festa se celebra todos os anos com Império de distribuição de rosquilhas, deliberou que o feriado municipal passasse a ser comemorado nesse dia, o que ainda hoje acontece.
Iguais deliberações tomaram os municípios de São Roque e da Madalena, passando os feriados municipais daqueles concelhos a celebrar-se a 16 de Agosto e 22 de Julho, respectivamente, dias em que acontecem as festas dos Padroeiros.
De estranhar a abolição de alguns feriados nacionais, que assinalavam feitos históricos de relevância como é o primeiro de Dezembro, dia em que, no ano de 1640, Portugal voltou a ser independente, abolindo o domínio castelhano. É triste que haja quem isso ignore. Revela somente um desconhecimento crasso da história pátria ou, então, um alheamento dos feitos extraordinários dos nossos antepassados que, “entre perigos e guerras esforçados” legaram aos seus compatriotas, um “novo reino que tanto sublimaram”, como nos narra o Épico.
No corrente mês o concelho das Lajes do Pico, o mais antigo porque o primeiro foi a ser povoado, celebra o seu feriado municipal na última segunda-feira, dia 29, em que, na sua antiga ermida, primeiro templo da ilha, se festeja o patrono, São Pedro, nome do primeiro pároco, frei Pedro Alvares Gigante. Depois do almoço, já tradicional, servido a centenas de irmãos e convidados, haverá a procissão e o arraial para a distribuição das rosquilhas, à semelhança do que se faz nos impérios do Espírito Santo.


LAJES DO PICO
Junho de 2015-
Ermelindo Ávila


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