NOTAS DO MEU CANTINHO
Estamos
no mês de Junho. A meio do ano. Já. Em poucos dias chega a estação
calmosa – o verão.
Igualmente,
no mês dos feriados por excelência.
Hoje,
porém, não tantos como antigamente. Mesmo assim alguns dos feriados
são assinalados como feriados municipais. É o caso de Santo
António, a 13, em Lisboa, e de São João, a 24, em diversos
concelhos do continente e dos Açores. Nas ilhas, contam-se mais de
meia dúzia de feriados municipais no mês de Junho.
Antes da
Concordata com a Santa Sé, existiam nove dias santos de guarda, além
dos domingos: 1 e 6 de Janeiro, 19 de Março, 30 de Maio, 29 de
Junho, 15 de Agosto, 1 de Novembro, 8 e 25 de Dezembro,
respectivamente: da Circuncisão do Senhor, Reis Magos, S. José,
Ascensão, S. Pedro e S. Paulo, Assunção da Virgem, Todos os Santos
e Natal.
Eram seis
os feriados nacionais: 1 de Janeiro, Dia Mundial da Paz, 31 de
Janeiro, consagrado aos Precursores e Mártires da Pátria, 3 de
Maio, da Descoberta do Brasil, 10 de Junho, dia de Portugal, 5 de
Outubro comemorativo da Implantação do Regime Republicano, 1 de
Dezembro, da Restauração de Portugal em 1640, e 25 de Dezembro
consagrado à família.
Com a
Concordata de 1940 entre Portugal e a Santa Sé, os dias santos de
guarda foram considerados feriados nacionais mas reduzido o seu
número. E com a nova concordata, depois da Revolução do 25 de
Abril, mais se alteraram os feriados e dias santos de guarda.
Actualmente, não são considerados dias santos, o dia da Epifania, o
de S. José, o do Corpo de Deus, o de São Pedro e São Paulo e Todos
os Santos, cujas comemorações passaram para o domingo seguinte.
Os feriados
nacionais foram também alterados. Desapareceram o 31 de Janeiro e 3
de Maio. A partir de 2013, ficaram somente dez: 1 de Janeiro, 25 de
Abril, 6ª feira Santa e Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 10 de Junho,
15 de Agosto, 5 de Outubro, 8 e 25 de Dezembro.
No entanto,
em cada concelho resta o feriado municipal escolhido pela respectiva
Câmara Municipal.
No concelho
das Lajes do Pico, antes da Concordata de 1940, era feriado municipal
o 15 de Agosto dedicado à Assunção da Virgem Maria. Nesse dias o
Curato (hoje Paróquia) da Silveira celebrava a festa da Mãe de
Deus. Os residentes na vila, que sempre mantiveram grandes afinidades
com os da Silveira, iam até ali, onde aliás alguns conservavam
casas de verão, para
tomar parte
na festa. Daí a razão do feriado. Todavia, como a Concordata de
1940 considerou feriado os dias santificados, e o dia de São Pedro
deixou de ser dia santo de guarda, a Câmara Municipal, num sentido
histórico de que o primeiro templo da ilha fora dedicado ao Apóstolo
S. Pedro, cuja festa se celebra todos os anos com Império de
distribuição de rosquilhas, deliberou que o feriado municipal
passasse a ser comemorado nesse dia, o que ainda hoje acontece.
Iguais
deliberações tomaram os municípios de São Roque e da Madalena,
passando os feriados municipais daqueles concelhos a celebrar-se a
16 de Agosto e 22 de Julho, respectivamente, dias em que acontecem as
festas dos Padroeiros.
De
estranhar a abolição de alguns feriados nacionais, que assinalavam
feitos históricos de relevância como é o primeiro de Dezembro, dia
em que, no ano de 1640, Portugal voltou a ser independente, abolindo
o domínio castelhano. É triste que haja quem isso ignore. Revela
somente um desconhecimento crasso da história pátria ou, então, um
alheamento dos feitos extraordinários dos nossos antepassados que,
“entre perigos e guerras esforçados” legaram aos seus
compatriotas, um “novo reino que tanto sublimaram”, como nos
narra o Épico.
No corrente
mês o concelho das Lajes do Pico, o mais antigo porque o primeiro
foi a ser povoado, celebra o seu feriado municipal na última
segunda-feira, dia 29, em que, na sua antiga ermida, primeiro templo
da ilha, se festeja o patrono, São Pedro, nome do primeiro pároco,
frei
Pedro Alvares Gigante. Depois do almoço, já tradicional, servido a
centenas de irmãos e convidados, haverá a procissão e o arraial
para a distribuição das rosquilhas, à semelhança do que se faz
nos impérios do Espírito Santo.
LAJES
DO PICO
Junho
de 2015-
Ermelindo
Ávila
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