Preocupa-me
o futuro da ilha. Para alguns isso será uma situação algo
irrisória, mas outros haverá que não deixarão de reflectir, por
momentos, a situação angustiosa em que se encontra a ilha com uma
população envelhecida e a diminuir, consequentemente, dia após dia
e com uma economia débil em algumas zonas territoriais.
Isto já
foi dito e escrito bastantes vezes, não apenas por mim mas por
aqueles outros, e vários são, que têm presente a situação
dramática que a ilha atravessa.
A Vila das
Lajes, a mais antiga e só por si um património rico de história,
atravessa um período de verdadeira calamidade social, com uma
população diminuída e desprovida, - propositadamente? – de
instituições e serviços que, antes, lhe garantiam estabilidade
económica, social e até política.
E essa é a
causa, senão única, a mais dramática e responsável. E
responsáveis são, simultaneamente, aqueles que a provocaram.
Estão
continuamente a diminuir os serviços. Ainda agora são os de saúde.
Ontem foram os portuários, os aduaneiros, os judiciais, e de
fiscalização e até os agro-pecuários !... Não vale a pena
enumerá-los. Basta reflectir um pouco e chegar à triste conclusão
de que foi afastada de cá a quase totalidade dos serviços públicos,
arrastando a quase totalidade dos seus servidores. Eles foram e
levaram os familiares, muitos deles ainda, ignorando onde tinham
visto a luz do dia...
E isto não
é história de outros tempos. São verdades autênticas da época
actual. Intencionalmente ou não, a verdade é que foi-se promovendo
o desenvolvimento de outros sítios com prejuízo nítido da vila
mais antiga. E a realidade está aí bem patente…
Quando
medidas drásticas forem tomadas, quem vai tomar posição defensiva
a favor desta terra?
Há mais de
um século, em 1895, foi promulgado o Código Administrativo e, mercê
do novo sistema, instituído por esse diploma legislativo, extintos
os concelhos do Topo, em S. Jorge, de S. Sebastião, na ilha
Terceira, de Água de Pau, em S. Miguel e da Madalena do Pico, e não
sei se mais. Com excepção da Madalena, os outros extintos nunca
mais foram restaurados e as respectivas localidades passaram ao
esquecimento. No Topo restou o Notariado que se manteve até ao
falecimento do respectivo titular. Nas outras vilas, a “vida”
morreu e passaram a simples e ignoradas localidades. Apenas a antiga
vila de S. Sebastião é hoje recordado pela artística Matriz, que
de lá não pode ser arrancada e que foi classificada como Monumento
Nacional. Melhor sorte teve a Madalena do Pico. Após a extinção,
as câmaras municipais de São Roque e das Lajes (consta das actas
das respectivas Vereações) representaram ao Governo de Sua
Majestade para que o concelho fosse restaurado e os respectivos
funcionários voltassem aos seus lugares de origem. E isso aconteceu
por Decreto de 13 de Janeiro de 1898, três anos após a extinção.
Hoje...O
Governo Regional, que actualmente domina este sector público, está
a proceder tal como há cem anos. Vai, aos poucos e paulatinamente,
retirando de cá os serviços públicos e, depois, virá alegar que a
população diminuiu e, por essa razão, não se justifica a
manutenção desses mesmos serviços, como é o caso, presentemente
em execução, dos Serviços de Saúde.
Amanhã
serão outros... E os lajenses que se contentem com os epítetos de
vila avoenga, vila baleeira, e
quejandos.
A
História irá repetir-se, mas em sentido oposto?
Não estarei cá para o
testemunhar.
Lajes do Pico.
2 de Maio de 2014.
Ermelindo Ávila
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