NOTAS DO MEU
CANTINHO
Não é
depreciativo o título. Traz-nos à lembrança a época festiva que
se seguia à Ressurreição. Era a entrada nas chamadas Domingas ou
sejam os domingos que antecediam o Pentecostes, isto é, cinquenta
dias após a Páscoa, dia que os Judeus solenizavam, pois tratava-se
da festa das searas. Para os cristãos, a celebração do
Pentecostes, na Liturgia da Igreja Católica, recorda aquele dia em
que os Apóstolos, reunidos no Cenáculo, aquela sala onde Cristo
celebrou com os Doze a última ceia e instituiu o Sacramento da
Eucaristia, receberam o Espírito Santo.
Os Actos
dos Apóstolos assim narram o grande
Acontecimento:
“Quando
chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo
lugar. Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de
forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram, então, aparecer uma línguas de fogo, que se iam dividindo, e
poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes
inspirava que se exprimissem.“
Ao
contrário do que muitos julgam, a Coroa não representa a Terceira
Pessoa da Santíssima Trindade, pois, só em dois momentos, apareceu
o Espírito Santo. A primeira, quando Jesus Cristo estava a ser
baptizado por João Baptista. Nesse momento, uma voz vinda do Céu
proclamou: Este é o “Meu Filho Muito Amado”
e o Espírito Santo, em forma de pomba, desceu sobre Jesus
Cristo.(São Mateus 4,16) Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e
eis que os céus se lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como
uma pomba e vir sobre
Ele. E uma voz
vinda do céu dizia: “Este é o Meu
Filho muito amado, no Qual pus toda a Minha complacência”.
A coroa
está presente nas solenidades dedicadas ao Espírito Santo, a
recordar aquele gesto brilhante da Rainha Santa que, retirando a
coroa da cabeça, a colocou na cabeça dos pobres seus convivas.
No centro
da coroa e no cruzamento dos arcos, está uma pequena pomba a
recordar aquela que apareceu no Baptismo de Jesus Cristo, no rio
Jordão. No estandarte, encontram-se “línguas de fogo”, a
recordar aquelas outras que, no dia de Pentecostes, poisaram sobre as
cabeças dos Apóstolos.
E não se
duvida que, de facto, seja o Espírito Santo, em forma de línguas de
fogo, que iluminou os cérebros dos Apóstolos, pois continuam a
narrar os Actos dos Apóstolos: “Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras
línguas, conforme o Espírito inspirava que se exprimissem.”
E
descrevendo a prédica de Pedro à multidão que naqueles dias estava
em Jerusalém, concluem os Actos: “Os que
aceitaram a Sua palavra receberam o baptismo, e naquele dia
juntaram-se aos crentes cerca
de três mil almas.”
Cedo,
nas ilhas açorianas, começaram a invocar o Espírito Santo nas
horas de angústia e sofrimento.
“As
folias do Espírito Santo, conquanto pareçam ter tido uma origem
pagã, foram introduzidas em Portugal e nas ilhas dos Açores com a
maior devoção e piedade.”
“Os
primeiros impérios do Espírito Santo, com as suas populares folias,
tiveram princípio na vila de Alenquer, sendo seus fundadores a
Rainha Santa Isabel e El-Rei D. Dinis.”
”No
ano de 1523, desenvolveu-se na ilha de São Miguel uma desoladora
peste que ocasionou 2.000 vítimas e se comunicou ao Faial no mês de
Julho. O pânico foi geral em todas as ilhas e os povos aterrados
recorreram a preces publicas, procissões e invocaram em especial o
Espírito Santo, prometendo distribuir pelos pobres, anualmente, pela
festa do Pentecostes, as primícias de seus frutos, se escapassem ao
terrível flagelo, que se não comunicou ao Pico.
Instituíram-se
irmandades em honra do Espírito Santo, celebrando em seu louvor
bodos solenes, com folias e bailes, ao uso do tempo.
Tal foi a
origem, no Faial e no Pico, das populares festas do Espírito
Santo,...”(1)
E terminada
a Páscoa, principiam a “domingas” do Espírito Santo. Os
convites já se vão fazendo.
__________
(1) Lacerda
Machado,F.S. – Historia do Concelho das Lages, 1936, pág.127.
Lajes do
Pico, Abril de 2014.
Ermelindo
Ávila
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