quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

“Troikinices...”


Chegou ao fim o ano de 2011. Um ano autenticamente aziago, como diz o povo. Pouco de bom a recordar, pois as mazelas que nos legou são as piores que podiam acontecer. E o Pico, a Ilha, já por muitas passou. Tivemos sismos e enchentes de mar, ciclones e tempestades que tudo arrasaram, anos de fome e de infortúnio. Quando no horizonte, se visionava a silhueta de algum navio, parecia a todos que era o navio do trigo, que vinha da América. Quantas vezes não passava de uma mera ilusão. As raízes dos fetos continuavam a enganar a fome... Todavia, tudo suportamos com estoicismos e coragem.

Mas esta “tempestade” que agora nos assola é diferente. Leva-nos tudo – coiro e cabelo - e deixa-nos na penúria e na miséria.

No entanto, os Leaders e os Vips nada sofrem e continuam a usufruir o bem estar das suas elevadas carreiras, a manter os seus vencimentos chorudos, a viver no desafogo e na abundância das lautas mesas, e a viajar nas classes de luxo.

Descem os salários e as reformas. As reformas que são resultantes dos descontos efectuados nos ordenados e vencimentos durante uma vida inteira. E quantas delas não chegaram a ser usufruídas pelos titulares, por razões várias até mesmo por falecimentos!

Por imposição de uma Troika que os actuais gestores europeus inventaram, Portugal e outras nações mais, estão a atravessar um período agudo da sua história.

Depois das nefastas guerras de 1914 e 1939, que milhões de vítimas causaram, criou-se a União Europeia para que novas guerras não acontecessem. Mas uma guerra diferente nos efeitos perversos surgiu. Se desapareceram os campos nazis, nem as actuais potências deixam de dominar a Europa, embora sem armas bélicas mas com a terrível Troika por eles inventada para impor restrições financeiras aos parceiros economicamente debilitados; a promover o encerramento de indústrias, a reduzir os quadros dos serviços, a eliminar carreiras de transportes, a encerrar serviços oficiais e estabelecimentos bancários, a transferir para potências económicas estrangeiras empresas nacionais, e outras actividades económicas, a pôr no desemprego tantos servidores capazes, muitos deles chefes de família, que o mesmo é enviar para a miséria tanta gente válida.

Cresce, pavorosamente, o número dos sem abrigo. Abundam aqueles que, nas grandes cidades, diariamente vão aos contentores do lixo procurar os restos que neles depositaram os serventuários dos restaurantes e hotéis e neles escolher os cartões que lhes hão-se servir de enxerga debaixo de uma arcada ou num canto de rua. Mas não se deixa de dar publicidade a um jantar que, em época natalícia, lhes é distribuído por qualquer instituição, das poucas que conseguem subsistir.

O “poder de compra” quase desaparece. O comércio, principalmente o comércio tradicional, vai encerrando à falta de compradores.

São estas as pavorosas notícias que diariamente nos chegam através dos chamados órgãos da comunicação social.

A Europa está sobre um autêntico vulcão que, não muito tarde, pode rebentar e tudo destruir. E aí, nem o parlamento de Estrasburgo nem o governo de Bruxelas escaparão.

Deus queira que esteja enganado...

Todavia, importa ter esperança e confiança no futuro. O Senhor está connosco. A última palavra será a Sua.


31-12-2011

Ermelindo Ávila

Sem comentários: