sábado, 21 de janeiro de 2012

FAÇA-SE !


Com a presença de dois arquitectos, um deles o lajense Arq. Miguel Machado, que deram as explicações do trabalho executado, a um público bastante interessado, nos últimos dias do ano findo o Município Lajense apresentou, no Auditório municipal, o projecto de arranjo da zona oeste da Vila.
Por deficiência auditiva, não acompanhei as exposições feitas pelo distintos técnicos, mas tive, posteriormente, de as escutar através da internet.
Em 15 de Outubro de 1914 o jornal “As Lages”, publicava um artigo intitulado “Pelo embelezamento da nossa Vila”. Em certa altura e depois de considerações pertinentes, o articulista que assina com as iniciais F.C. e que bem cremos ser o jovem lajense Fernando Castro, falecido no alvor da vida, escreveu: “O assunto que vimos tratar hoje refere-se à execução da planta feita e oferecida à câmara municipal deste concelho pelo nosso ilustre patrício, capitão Francisco S. de Lacerda Machado, sobre a projectada avenida que acompanha o muro que circunda esta vila. É certo que as vereações transactas se descuraram no embelezamento da nossa vila, mas também não convém que estas e as outras que virão, sigam pelo mesmo trilho”.
Respondendo ao articulista, na edição de 15 de Novembro do mesmo ano, Lacerda Machado, em artigo intitulado “A Modernização da Vila”, escreve: “Li a local com o maior interesse, Não para lisongiar o meu amor-próprio, mas por ver que nessa terra nem todos se desinteressam da causa comum. Não se trata de aprovar este ou aquele projecto, mas um qualquer, que seja maduramente ponderado e que dê unidade de sequência a tudo que de futuro se construir ou modificar”.
E depois de várias considerações, escreve o douto lajense: Desde já podia fazer-se muito: marcando-se o alinhamento da avenida marginal e a sua ligação com as ruas transversais, o que não custa dinheiro, pôr-se-iam em hasta pública os terrenos disponíveis. Os arrematantes seriam obrigados a tapá-los convenientemente. Ficariam assim delimitadas as novas vias, restando apenas a cargo da câmara os pavimentos, para o que poderia servir-se de fachinas, honestamente lançadas, com absoluta igualdade para todos.
E diz ainda o erudito lajense: A venda proveniente da venda dos terrenos poderia ser aplicada, por exemplo, na abertura das Ruas do Saco e da Miragaia, ligando-as com a Rua Nova, como está no projecto ou ainda no alinhamento da Rua Direita, em direcção à casa do falecido sr. padre Ouvidor, como também se vê traçado no referido plano”.
Em vários artigos, talvez incipientes, tentei chamar a atenção para o projecto daquele que viria a ser o Gen. Lacerda Machado, mas sem quaisquer resultados positivos.
Sobre a apresentação do projecto de Lacerda Machado já decorreram, praticamente, cem anos. Agora, novamente, se debate a modernização da Vila. Que ela venha, rapidamente. Estar novamente a discuti-la é prolongar a sua execução. Mais cem anos? Faça-se o que agora se projecta e que aqueles que cá estiverem daqui a cem anos, que o corrijam.
Um século decorreu e os lajenses a esperar que a sua terra acompanhasse a onda de progresso que atingiu as suas vilas irmãs! Não será tempo demais?
E fico por aqui...
3 -1-2012
Ermelindo Ávila

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