terça-feira, 31 de janeiro de 2012

HISTÓRIAS DO SÉCULO PASSADO

Notas do meu cantinho


Decorria a segundas guerra mundial, (1939-1945). Portugal mantinha-se em situação neutral, embora se temesse a todo o momento a invasão da Península Ibérica por uma das potencias beligerantes.
Em 1940 constou que Hitler ia assenhorear-se da Espanha e de Portugal, depois de ocupar a França. O Governo Português, embora fizesse todos os esforços para evitar uma invasão do território continental, temia que as forças germânicas não respeitassem a nossa neutralidade e preparou-se para evitar o pior.
As Ilhas adjacentes estavam “ocupadas” pelas forças portugueses. Constava que só na Ilha do Faial estavam estacionados cinco mil militares, muito embora os ingleses tivessem nela estabelecida uma base naval para apoio aos barcos de guerra dos Aliados.
A nossa História já registava a invasão francesa que obrigara o Rei Dom João VI a refugiar-se no Brasil.
O Governo Português já não podia refugiar-se no Brasil e escolhe as ilhas açorianas para residência do Presidente.
Num dado momento os Governadores dos distritos açorianos são chamados a Lisboa com urgência. A navegação era escassa e só a Horta tinha comunicações aéreas, através dos Clipper’s, nas viagens da América para Lisboa. Num deles foram os governadores “convidar” o Presidente Óscar Carmona para “visitar” o Arquipélago. O convite foi naturalmente aceite. A viagem iniciou-se a 26 de Julho de 1941. Acompanhavam o Presidente, alem da Família, os Ministros do Interior Pais de Sousa e da Marinha Ortins Bettencourt, natural da Graciosa.
A visita à Ilha do Pico ia ter lugar na Madalena. O Presidente da Câmara, Manuel Cristiano de Sousa e Simas, recebera do Governador uma verba de l0.000$ (salvo erro), para preparar o edifício dos Paços do Concelho e a recepção. E de facto assim aconteceu. O largo da Matriz fora transformado num verdadeiro jardim. Mas tudo ia ficando baldado....
O Presidente Carmona, ao ser recebido na Câmara Municipal de Ponta Delgada, condecorou o respectivo Presidente. Sabido que ia condecorar os presidentes dos Municípios visitados deu-se ordem para que a visita ao Pico se fizesse por S. Roque, afim de ser agraciado o Presidente, Celestino Augusto de Freitas, preterindo-se o presidente da Madalena, que não andava nas boas graças da política distrital. Numa noite preparou-se o Cais do Pico e o desembarque e a visita ali se deu. Depois, o Presidente Carmona dirigiu-se para a Madalena, afim de embarcar para o Faial. O trajecto foi desviado para as ruas traseiras, para não passar no centro da Vila. No entanto, chegado ao cais de embarque, o Capitão João Costa, comandante distrital da Legião, dirigiu-se ao Presidente Carmona e lamentou que ele não tivesse passado junto do edifício da Câmara, onde se encontrava o Batalhão da Legião, vindo da Horta, para lhe prestar a guarda de honra. O chefe do protocolo queria evitar que o Presidente fosse até aos Paços do Concelho mas Carmona resolveu ir, e foi a pé, do Cais até à Câmara, onde passou revista ao Batalhão da Legião. E novamente o Capitão Costa convida o General Carmona, em nome do presidente do Município, a entrar nos Paços do Concelho, onde estavam as ofertas que lhe eram destinadas e à Comitiva. Embora com a oposição do Protocolo, o Presidente entrou e descansou alguns momentos no gabinete recebendo, ele e a comitiva, as ofertas do Município, mas já não foi ao salão. Daí ficar o Presidente Cristiano com o discurso no bolso e não receber a condecoração que lhe era devida...
São decorridos 70 anos! O resto fica para mais tarde...

Vila das Lajes
7-01-2012
Ermelindo Ávila

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