sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Senhora das Candeias

O Mês de Janeiro é rico em tradições sociais e populares. Já aqui recordei as semanas que antecedem o Carnaval, também já referi as matanças de porto, tradicionais em todas as ilhas. Nas que hoje, por estas bandas vão desaparecendo mercê de circunstâncias várias.

Hoje trago aqui a festa das Candeias, que se realiza no próximo dia 2 de Fevereiro na sua freguesia, a Candelária.

Nesse dia era habitual nas igrejas paroquiais realizar-se antes da Missa, uma procissão de velas, pelo adro da igreja, e se as velas ou círios entravam na igreja acesos era sinal de que teríamos um ano farto de peixe. Mas também esse acto litúrgico desapareceu e, que eu saiba, apenas a freguesia da Candelária celebra a Festa da Padroeira, talvez a sua principal festa litúrgica.

E falando da Candelária, recordo respeitosamente uma figura insigne, dali natural e que, com certeza, é o maior açoriano de todos os tempos, principalmente na vida religiosa e social. Refiro o Cardeal Dom JOSÉ DA COSTA NUNES, nascido naquela freguesia a 15 de Março de 1880, e falecido em Roma em29 de Novembro de 1976.

Aluno do Seminário de Angra, foi para Macau como secretário de Dom João Paulino de Azevedo e Castro, lajense, nomeado Bispo daquela Diocese do Oriente em 1902.

Com o falecimento de Dom João Paulino, em 1918, é nomeado Bispo de Macau, de cuja diocese foi vigário Geral e, depois, Vigário Capitular, muito embora não pertencesse ao respectivo Cabido.

Foi sagrado na Matriz da Horta em 20 de Novembro de 1921 e aí principiou a sua ascensão nobilitante: Bispo de Macau, Arcebispo de Goa e Patriarca das Índias, Vice –Camarlengo da Santa Igreja Romana e, em 19 de Março de 1962 é elevado à púrpura cardinalícia.

Faleceu em Roma no dia 29 de Novembro de 1976, depois de receber a visita do Papa Paulo VI.

Seu corpo foi trasladado para a Igreja Paroquial da Candelária, onde se encontra depositado em capela privada.

E termino esta referência, citando, do testamento espiritual do Cardeal Costa Nunes:

“Entre as poucas obras que saíram das minhas mãos, uma há que me merece cuidado especial: a casa de São José, fundada na terra natal. Quis assim perpetuar a memória de meus saudosos Pais, que tantos exemplos de virtude me deram em toda a sua vida. Quis também beneficiar o povo da Candelária, no meio do qual me orgulho de ter nascido.”


E por aqui me fico.


Bom dia!

Programa Manhãs de Sábado


28-01-2010


Ermelindo Ávila


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