NOTAS DO MEU CANTINHO
Nos primeiros decénios do século passado, a Praça era o principal lugar da Vila. Ali se realizavam os actos oficiais, os arraiais e outras festas públicas. A entrada da Vila, pelo Norte, era má pois a Ladeira, hoje Rua de São Francisco, encontrava-se no seu estado primitivo, torta e de piso irregular.As Câmaras de então procuraram resolver o mais razoável possível a precária situação, promovendo a construção dos muros laterais e a pavimentação. Depois foi a construção do antigo “Largo das Casas Velhas” que antes, se limitava ao espaço entre a casa do António Laureano e as velhas casas, onde Edmundo Machado Ávila veio a construir os seus prédios. Traçada assim uma rua, a ligar a antiga rua da Pesqueira com a ladeira de São Francisco, fez-se desaparecer as ruínas da velha casa existente, transformando todo o espaço em largo. E foi aí que a Câmara Municipal, em 1940, mandou construir o actual Cruzeiro, a comemorar o Duplo Centenário da Independência e Restauração de Portugal.
Com as obras de reconstrução da muralha de defesa da vila, em 1936, procedeu-se ao alargamento do largo da Pesqueira, a permitir uma melhor varagem das canoas baleeiras e barcos de pesca artesanal.
Com a construção do largo do Cruzeiro, que então tomou a denominação de “Largo Vigário Gonçalo de Lemos”, que foi pároco da Matriz desta vila, e a quem Filipe de Castela mandou confiscar os bens por ser partidário de Dom António, Prior do Crato, o movimento da vila passou a centrar-se naquele sítio, fazendo-se ali, a paragem das camionetas da carreira. Ali se realizava o arraial da Festa de Lourdes. Durante muitos anos a população, na época estival, passava as noites, utilizando os bancos que a Câmara mandara instalar ao redor do Cruzeiro.
Mas, como nada se mantém e tudo se modifica, feitos diversos arranjos no sítio onde estava a casa da Pesqueira (que foi recentemente demolida), e as instalações do Whale Watching, hoje é por ali que param os veraneantes e turistas, gozando da brisa marinha e da bela inconfundível vista que a Montanha, em dias de luar, a todos oferece. Realmente, o panorama da Baia das Lajes não tem igual por estes lados...
Dest’arte desapareceu o movimento urbano do antigo “Meio da Vila”. Apenas nele se realiza anualmente o “Império de São Pedro”.
Mas, esta praça tem sua história, porque era ali que estava a antiga Casa da Câmara, cujo local está transformado em largo, bem como as casas que existiam a Sul, pertencentes a Francisco Silva e às irmãs do P. Teodoro, no lado Norte da antiga Matriz, e que foram demolidas, estas pela construção da Matriz nova e a do Silva para alargar o adro em frente. Quando na Horta se procedeu à electrificação da cidade, a respectiva municipalidade ofereceu à Câmara desta Vila, um candeeiro em ferro, com cerca de cinco metros de altura, que foi implantado no meio da praça, e que passou a ser iluminado a petróleo, até que um doente mental destruiu os candeeiros de iluminação da vila. Mais tarde, com a instalação da luz eléctrica, em 1932, o candeeiro foi electrificado mas, com a alteração da iluminação pública, entrou em desuso, sendo depois retirado e “exumado” junto ao muro da orla marítima...
Todavia, há que realçar que é neste largo, antiga praça da vila, que ainda existem os melhores prédios urbanos, que pertenceram aos antigos morgados, à Família Lacerda, ao Comendador Homem da Costa, às Famílias Castros e Machado Soares. Em ruínas está a que pertenceu a João Pereira de Lacerda e que foi construída nos finais do século XVIII, conhecida por a casa da “ Maricas do Tomé”
E basta por hoje.
Vila das Lajes,
19 de Janº- de 2010
Ermelindo Ávila
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