segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quaresma


Estamos na Quaresma. Um tempo forte de vida religiosa. Outrora, nestas semanas que antecedem a Páscoa, as pessoas trajavam de escuro em sinal de penitência. Tinham refeição frugais e esqueciam os divertimentos.

A Igreja aproveitava para conduzir os cristãos ao cumprimento de um dos Mandamentos: Confessar-se ao menos uma vez por ano. Era nos tempos, não muito distantes, em que os cristãos procuravam ser fieis às práticas religiosas vindas de seus antepassados.

Para o cumprimento desse preceito estabeleciam-se “quartéis”. A Paróquia, que nos finais do século dezanove, contava mais de três mil habitantes, era assim dividida, para que as respectivas famílias pudessem, no dia que lhes era destinado, abster-se dos trabalhos rurais e vir ao templo cumprir o preceito. Folheando os roteiros paroquiais da época, num dos anos, por exemplo o de 1884 não encontramos um só faltoso. E a população, nesse ano, era de 3264 indivíduos.

Nos domingos de quaresma realizavam-se, no primeiro a Procissão de Penitência e no terceiro a Procissão de Passos.

Nos restantes, à tarde, era a Via-Sacra solene e com larga afluência de fieis.

Hoje, como disse, é tudo diferente. Nem as missas dominicais têm horário fixo. Em um ou outro, a Eucaristia é transferida para o sábado à tarde. E tudo isso aceitam, os cristãos porque, no concelho, há somente dois sacerdotes com residência fixa, embora fora da sede, ao contrário dos outros concelhos da Ilha. Pois se até as duas mais antigas Ouvidorias foram incompreensivelmente extintas passando a existir somente e com certa pompa, a Ouvidoria da Ilha. E tudo isto acontece na segunda maior ilha da Região! Todavia o concelho têm oito paróquias e cinco ermidas ou centros de culto onde é, com algumas interrupções, celebrada a Missa dominical.

Em certa ocasião encontrava-me no continente e tive de me deslocar num domingo, para outra localidade distante. À hora em que parti para a viagem ainda não tinha possibilidade de assistir à Missa. Informaram-me que não me preocupasse porque no decurso da viagem ia encontrar alguma igreja onde se celebrasse a Eucaristia. E assim aconteceu. No princípio de cada paróquia, num grande placar encontrava-se o horário permanente das missas dominicais. E informaram-me que aqueles horários eram inalteráveis.

Por cá não há essa tradição... Infelizmente.

Mas, não vale a pena continuar. Fico por aqui, com respeito cristão pelo que vai acontecendo.

Bom dia!

(MANHÃS DE SÁBADO 20/ 2/ 2010)

Vila das Lajes

Ermelindo Ávila

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