Desde há semanas que vêm sendo realizadas as ceias do Natal promovidas pelas instituições sociais e pelas diversas classes operárias, num gesto amigo de convívio e fraternidade. Se bem que haja instituições que cobram dos comensais a respectiva quota, outras, ao contrário, escolhem esse dia para distribuir prendas pelos sócios e seus filhos.
Antigamente, como soe dizer-se, realizava-se a consoada na ante - véspera do grande Dia. Uma ceia frugal onde pontificava o queijo caseiro, curado, muitas vezes oferta de um lavrador amigo. E que delicioso era.
Depois, apareceu o bacalhau, importado do continente, quando para as ilhas começaram a vir alguns continentais, normalmente para serviços públicos. E a tradição do queijo desapareceu.
Para a noite ou dia de Natal preparava-se a caçoila para a seja, uma maneira especial de guisar a carne de vaca, só usada na noite da consoada.
É que, raramente se utilizava a carne de vaca durante o ano. Três festas eram especiais e nelas a carne era o prato forte. Um pouco pela Páscoa. Nas funções de Coroa, era a base das, ainda hoje, apetecidas sopas do Espírito Santo. E, como disse, pelo Natal.
Os talhos forneciam alguma carne, mas a maior parte era conseguida através do sistema de “vacas de sócios”. Um grupo de indivíduos adquiria um bovino e era dividida a carne pelos comparticipantes na compra, os chamados “sócios”. Um sistema comunitário que tinha a vantagem de se adquirir um animal de boa carne; e, porque não havia lucros de intermediários, tornava-se mais barata.
Hoje já isso não acontece. Todo o ano se usa carne nas emendas familiares, embora, por vezes, de duvidosa qualidade.
Mas que deliciosa era a caçoila do Natal! Havia pão de trigo para aquela refeição mas não se falava em bolo do Natal, que só apareceu com os emigrantes retornados dos Estados Unidos. E ainda hoje é esse tipo de bolo de frutas que se usa, ao contrário do continente onde predomina o bolo rei.
Vem aí o Natal. Ainda se trocam os cartões de Boas Festas, até que esse hábito de saudar familiares e amigos, também desapareça.
Antes, eram os “cartões de visita”. Hoje são os postais. Amanhã tudo será feito através da Internet
E depois?...
Feliz e Santo Natal !
Bom dia!
14 de Dezembro de 2009-12-14
Ermelindo Ávila.
(crónica lida nas Manhãs de Sábado da RDP-A)
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