quarta-feira, 27 de maio de 2009

SÃO NUNO ÁLVARES PEREIRA

NOTAS DO MEU CANTINHO


No último domingo, de Abril, a Igreja Romana elevou às honras dos Altares, o Beato Nuno de Santa Maria, figura portuguesa de grande projecção nacional e histórica e da própria Igreja Católica que já o havia declarado Beato pelo Papa Bento XV, em 23 de Janeiro de 1918.

D. Nuno Alvares Pereira nasceu em Cernache do Bomjardim, Santarém, em 24 de Junho de l360, filho do Prior da Ordem Hospitaleira de S. João, D. Álvaro Gonçalves Pereira e da dama do Paço, D. Iria Gonçalves Carvalhal. Casou aos quinze anos, com D. Leonor do Alvim, de quem teve uma filha, D. Beatriz, a qual viria a casar em 1401 com D. Afonso, conde de Barcelos. D. Beatriz faleceu em 1414, deixando alguns filhos.
Comandou as tropas portuguesas, como Condestável do Reino.

No Alentejo, Nun’Alvares começava o ciclo das proezas, em que se fundiam o amor terreno da Pátria e o amor místico de Deus, batendo nos Atoleiros, em 6 de Abril de l384, mercê de um famoso quadro de infantaria as tropas castelhanas”(1) .

Um ano depois, a 14 de Agosto de 1385, dá-se a batalha de Aljubarrota. Nela as tropas do Condestável destroçam as de Castela, novamente. A meados de Outubro de 1411 Nun’Alvares Pereira ganha a terceira batalha de Valverde. E termina a sua actividade no mundo.
Em 1393 partilha com os companheiros de armas numerosas terras que lhe foram doadas; em 1393 instala no convento de Lisboa os frades da Ordem do Carmo, com os quais estreitou relações de especial afecto. Consorcia-se em 1401 sua filha D. Beatriz com D. Afonso, conde de Barcelos, filho natural de D. João I. Quando do falecimento, em 1414, da condessa de Barcelos, sua filha, o pai projecta recolher-se à clausura monástica.(2)

Ainda participa na expedição a Ceuta mas em 1422 reparte com os netos os seus títulos de domínio, despojando-se de todos os bens materiais e recolhendo-se ao convento onde professa no dia 15 de Agosto de 1423, dia consagrado pela Igreja à Assunção de Nossa Senhora ao Céu.

Deixa de ser O Condestável do Reino para ser somente um frade carmelita sujeito à regra monástica, onde termina seus dias a 1 de Novembro de 1431.

O povo desde logo dirige-lhe preces e os poderes reais solicitam ao Papa Urbano VIII para que proceda à sua beatificação. Em 1674 é renovado o pedido a Clemente X. No entanto, só a 23 de Janeiro de 1918 o Papa Bento XV deliberou elevar Nuno de Santa Maria às honras dos altares, o que veio agora a ser confirmado por Bento XVI, com a canonização solene, a 26 de Abril de 2009. Haviam decorrido quase quinhentos e setenta e oito anos sobre a morte gloriosa do extraordinário Santo Português.

Certo é que a sua memória nunca deixou de ser invocada e os milagres alcançados por seu intermédio são às dezenas.

Nuno Alvares “trouxe sempre fundidos no seu coração o amor de Deus e o amor da Pátria. Foi Monge e foi Soldado; foi Santo e foi Herói. Teve o duplo misticismo – o do Céu, e o da sua terra. Na hora mais aguda das batalhas, esquecido de tudo, ajoelhava e rezava. E, como os maiores místicos, possuía o sentido rectilínio do equilíbrio e das realidades. Era um espírito positivo de patriota, animado pela fé mais viva da crença mais alta.”...”Nuno Alvares é a encarnação suprema da Pátria portuguesa: está nos altares, porque a Igreja o reconheceu merecedor do culto; e está nos corações dos portugueses fiéis que vêem nele o símbolo do seu amor pátrio.
Sem a sua espada vigorosa e sã, Portugal teria caído possivelmente na órbita de Castela, e tudo quanto fez em prol da civilização, andaria hoje escrito em língua estranha.” (3)

Estava já o Santo Contestável recolhido ao Convento do Carmo quando foi celebrado ,em Medina, no dia 30 de Outubro de 1431, o tratado de Paz com Castela. No dia imediato (?) “a morte arrebatava aquele que da demorada e viva luta entre Portugal e Castela, tanto se celebrizara o Condestável Nuno Alvares Pereira morria no catre humilde de uma estreita cela do seu convento do Carmo, em Lisboa...”( 4)

Viveu na Terra pouco mais de setenta anos.

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1)-Pimenta, Alberto – “Elementos de História de Portugal,”, 1836 – pág. 90

2)-“Enciclopédio Luso-Brasileira de Cultura”.1973, Vol. 14º

3)-Pimenta, Alberto, o.c. pág. 105

4)-“História de Portugal” por Damião Peres e outros. Vol. III. pág. 25.


Vila das Lajes, 2 de Maio de 2009

Ermelindo Ávila



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