terça-feira, 7 de abril de 2009

Bela-mente


Depois de um curto interregno, cá estamos de novo, nestas “Manhãs de Sábado”, a assinalar o final da Quaresma. Entramos na Semana Santa ou semana dos nove dias como por cá se dizia antigamente.
Na minha juventude já muito distante, era a Quaresma, mas principalmente a Semana Santa um tempo de silêncio e de recolhimento. Mas hoje tudo isso passou e os domingos e dias semanais são sempre iguais aos do ano que decorre. A lembrar a Quaresma, a Procissão do Senhor dos Passos em alguma Paróquia. E pouco mais.
A Semana Santa decorre quase sem que a maioria das populações por ela de ou se lembre, a não ser a compra dos folares, amêndoas e outros doces para o dia de Páscoa, porque sempre é um dia lembrado.
Como tudo vai ficando diferente.
Para distinguir as Domingas quaresmais, havia um slogan – não me foi possível saber a origem – que dizia: Ana, Bagana, Rabeca, Susana, Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos. E assim era classificada cada um dos domingos que antecediam a Páscoa.
Depois, apareceu o “Bela-mente”. Um jogo simples e que interessava quase toda a gente. No principio da Quaresma escolhia-se um parceiro e combinava-se o prémio em jogo: uma certa quantidade de amêndoas, não muitas... E aquele que primeiro desse o “Bela-mente” em cada dia, e por uma só vez, contava um ponto. Quem mais pontos tivesse no sábado de aleluia, era o vencedor e recebia as amêndoas combinadas. Tão simples como isso.
Por vezes não deixavam de ser hilariantes as situações que cada parceiro tomava para conseguir ser o primeiro a dar o sinal combinado do jogo.
Pelo que vejo à minha volta, já nem esse jogo se pratica.
Mudam-se os hábitos e costumes e tais atitudes têm reflexos até nas próprias festividades.
Sábado de Aleluia era um dia especial para a rapaziada.
Aqueles jovens que não iam às cerimónias do dia ficavam por casa preparando o pião e a fieira, para iniciarem o jogo do pião logo que os sinos da Igreja Paroquial anunciassem, em repique festivo, a Ressurreição do Senhor. Mas também esse jogo já não é possível nas ruas do burgo, porque foram
transformadas em calçada de piso difícil.
Tudo vai passando e amanhã pior será com a anunciada partilha da diocese, uma medida que, a concretizar-se vai abalar as estruturas eclesiásticas destas ilhas Mas isso não é assunto para esta crónica.
E por aqui fico com estas notas muito simples deixando a todos os organizadores do Programa, seus colaboradores e radiouvintes, sinceros e cordiais cumprimentos de Boas Festas Pascais.

Sábado de Ramos,
4 de Abril de 2009
MANHÃS DE SÁBADO (RDP-Açores)

Ermelindo Ávila

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