domingo, 21 de dezembro de 2014

O SÉCULO DAS REVOLUÇÕES


NOTAS DO MEU CANTINHO



Quando algum historiador se dispuser a estudar, com imparcialidade e honestidade, o Século XX, terá forçosamente de o considerar o século das guerras e revoluções e, consequentemente, da desorganização política, social e, um tanto, religiosa.
Um ou outro movimento revolucionário teve os seus méritos; outros houve, a quase totalidade, que só provocaram a desorganização e o caos social e político. Mas essa análise não a desejo fazer, porque não me pertence. Os eruditos da História dela se ocuparão a seu tempo. Somente aqui as trago como quem faz a relação discriminativa dos acontecimentos ocorridos.
E principio pela revolução de 5 de Outubro de 1910 que aboliu o secular regime monárquico e implantou a República, para não aludir ao regicídio de 1908. Depois, decorridos dezasseis anos, vem de Braga a revolução do 28 de Maio, em regime ditatorial que durou quase cinquenta anos; e, a 25 de Abril de 1974, a revolução democrática. Entretanto, na década de sessenta, surgem as revoluções ou guerras ultramarinas de Angola, Moçambique, Guiné e Timor, que tantas vítimas causaram. Lá perderam a vida alguns soldados picoenses que estavam incorporados nas forças expedicionárias.
Dessas revoluções, patrocinadas por potências estrangeiras, veio a resultar a independência das antigas colónias ou províncias ultramarinas, ficando Portugal reduzido a uma limitada faixa da Península Ibérica. Nesta ilha do Pico, existem placas com os nomes dos antigos combatentes e daqueles, não poucos, que por lá ficaram...
Na vizinha Espanha, dá-se, na década de trinta, a longa revolução franquista, que tantos mártires portugueses provocou, entre eles, um oficial da força aérea portuguesa, natural desta vila.
Na Europa, rebentou em 1914, decorrem agora cem anos, a primeira Grande Guerra, que durou quatro anos envolvendo várias nações, entre as quais os Estados Unidos da América. E lá ficou nos campos da Flandres um soldado do Exército americano natural da Vila das Lajes do Pico, José Moniz de Melo.
Depois vem a segunda grande guerra, nos anos trinta/quarenta, provocada por Hitler, e que tanto devastou a Europa e o Mundo.
E houve as revoluções da Abissínia, de Cuba, da Índia. E outras mais. Algumas delas ainda fazem sentir as suas nefastas consequências, pois não é com facilidade que as nações atingidas se refazem.
Da primeira Grande Guerra resultou a Sociedade das Nações, de vida efémera; e, da segunda, as Nações Unidas, com sede nos Estados Unidos e, depois, a União Europeia, uma organização que está a dominar financeira e economicamente, com algum êxito, as diversas nações filiadas.
Nesta singela nota, não posso deixar de referir a nefasta revolução russa, com os esbirros Lenine e Estaline e seus sequazes, que espalhou pelo mundo o comunismo, uma doutrina ateísta de pérfidas consequências. E, apesar da Rússia ter mudado de sistema político, com uma abertura a todas as nações vizinhas e não só, o sistema implantado por Lenine continua, em diversas nações, organizado em partido político.
Outras revoluções houve e ainda acontecem por esse mundo fora, provocando o desequilíbrio económico e social dos povos atingidos e, de uma maneira geral, do mundo inteiro pois os efeitos, bons ou maus, de uma parte atingem normalmente o todo.
E quando viverá o Mundo em paz total ?
Os dirigentes políticos mal compreendem que novos conflitos estão à porta, como ainda há pouco aconteceu na Alemanha e na Ucrânia.
Há 374 anos, deu-se em Portugal a Revolução que lhe trouxe a restauração da Independência, um feito notável que todos os anos vinha sendo comemorado com actos solenes. Era feriado nacional, o 1º de Dezembro, para assinalar aquele mesmo dia de 1640. Mas isso passou ao esquecimento dos governantes actuais, preocupados que andam com a consolidação, bastante precária, de uma democracia que não chega a todos... E é pena que os relevantes acontecimentos, de oito séculos de independência, iniciada em Guimarães em 1143, por Afonso Henriques, ( há quem duvide hoje, que seja aquela cidade minhota o berço da Pátria...) passem tão saloiamente ao esquecimento.
Apesar de tudo houve, felizmente, quem soube enaltecer os feitos heróicos dos barões assinalados / Que, (...) Em perigos e guerras esforçados (...) foram dilatando / A Fé e o Império...
Ao menos resta a Portugal essa bíblia histórica que se espalhou pelo Mundo e que os seus mais notáveis historiadores e literatos conhecem, estudam e admiram – OS LUSÍADAS.

Lajes do Pico,
1º de Dezembro de 2014

Ermelindo Ávila

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