NOTAS DO MEU CANTINHO
Quando
algum historiador se dispuser a estudar, com imparcialidade e
honestidade, o Século XX, terá forçosamente de o considerar o
século das guerras e revoluções e, consequentemente, da
desorganização política, social e, um tanto, religiosa.
Um ou outro
movimento revolucionário teve os seus méritos; outros houve, a
quase totalidade, que só provocaram a desorganização e o caos
social e político. Mas essa análise não a desejo fazer, porque não
me pertence. Os eruditos da História dela se ocuparão a seu tempo.
Somente aqui as trago como quem faz a relação discriminativa dos
acontecimentos ocorridos.
E principio
pela revolução de 5 de Outubro de 1910 que aboliu o secular regime
monárquico e implantou a República, para não aludir ao regicídio
de 1908. Depois, decorridos dezasseis anos, vem de Braga a revolução
do 28 de Maio, em regime ditatorial que durou quase cinquenta anos;
e, a 25 de Abril de 1974, a revolução democrática. Entretanto, na
década de sessenta, surgem as revoluções ou guerras ultramarinas
de Angola, Moçambique, Guiné e Timor, que tantas vítimas causaram.
Lá perderam a vida alguns soldados picoenses que estavam
incorporados nas forças expedicionárias.
Dessas
revoluções, patrocinadas por potências estrangeiras, veio a
resultar a independência das antigas colónias ou províncias
ultramarinas, ficando Portugal reduzido a uma limitada faixa da
Península Ibérica. Nesta ilha do Pico, existem placas com os nomes
dos antigos combatentes e daqueles, não poucos, que por lá
ficaram...
Na vizinha
Espanha, dá-se, na década de trinta, a longa revolução
franquista, que tantos mártires portugueses provocou, entre eles, um
oficial da força aérea portuguesa, natural desta vila.
Na
Europa, rebentou em 1914, decorrem agora cem anos, a primeira Grande
Guerra, que durou quatro anos envolvendo várias nações, entre as
quais os Estados Unidos da América. E lá ficou nos campos da
Flandres um soldado do Exército americano natural da Vila das Lajes
do Pico, José Moniz de Melo.
Depois vem
a segunda grande guerra, nos anos trinta/quarenta, provocada por
Hitler, e que tanto devastou a Europa e o Mundo.
E houve as
revoluções da Abissínia, de Cuba, da Índia. E outras mais.
Algumas delas ainda fazem sentir as suas nefastas consequências,
pois não é com facilidade que as nações atingidas se refazem.
Da primeira
Grande Guerra resultou a Sociedade das Nações, de vida efémera; e,
da segunda, as Nações Unidas, com sede nos Estados Unidos e,
depois, a União Europeia, uma organização que está a dominar
financeira e economicamente, com algum êxito, as diversas nações
filiadas.
Nesta
singela nota, não posso deixar de referir a nefasta revolução
russa, com os esbirros Lenine e Estaline e seus sequazes, que
espalhou pelo mundo o comunismo, uma doutrina ateísta de pérfidas
consequências. E, apesar da Rússia ter mudado de sistema político,
com uma abertura a todas as nações vizinhas e não só, o sistema
implantado por Lenine continua, em diversas nações, organizado em
partido político.
Outras
revoluções houve e ainda acontecem por esse mundo fora, provocando
o desequilíbrio económico e social dos povos atingidos e, de uma
maneira geral, do mundo inteiro pois os efeitos, bons ou maus, de uma
parte atingem normalmente o todo.
E quando
viverá o Mundo em paz total ?
Os
dirigentes políticos mal compreendem que novos conflitos estão à
porta, como ainda há pouco aconteceu na Alemanha e na Ucrânia.
Há 374
anos, deu-se em Portugal a Revolução que lhe trouxe a restauração
da Independência, um feito notável que todos os anos vinha sendo
comemorado com actos solenes. Era feriado nacional, o 1º de
Dezembro, para assinalar aquele mesmo dia de 1640. Mas isso passou ao
esquecimento dos governantes actuais, preocupados que andam com a
consolidação, bastante precária, de uma democracia que não chega
a todos... E é pena que os relevantes acontecimentos, de oito
séculos de independência, iniciada em Guimarães em 1143, por
Afonso Henriques, ( há quem duvide hoje, que seja aquela cidade
minhota o berço da Pátria...) passem tão saloiamente ao
esquecimento.
Apesar de
tudo houve, felizmente, quem soube enaltecer os feitos heróicos
dos barões assinalados / Que, (...) Em
perigos e guerras esforçados (...) foram dilatando / A Fé e o
Império...
Ao menos
resta a Portugal essa bíblia histórica
que se espalhou pelo Mundo e que os seus mais notáveis historiadores
e literatos conhecem, estudam e admiram – OS LUSÍADAS.
Lajes do
Pico,
1º de
Dezembro de 2014
Ermelindo
Ávila
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