A
MINHA NOTA
Todas
as localidade celebram as suas festas
maiores.
Normalmente, são as festas dos Padroeiros ou dos santos de maior
devoção. E nisto estou somente a referir as festas de carácter
religioso, pois outras se realizam sem que haja qualquer referência
à religiosidade local. É o caso da Maré de Agosto, da Semana do
Mar, do Cais Agosto, ou da Festa do Chicharro.
Mas,
nesta ocasião, refiro somente as solenidades religiosas que se
celebram com
mais ou menos brilhantismo nas diversas paróquias da Ilha. Ontem,
foram as festas de Santa Maria Madalena, depois a do Senhor Bom Jesus
Milagroso, em São Mateus, na Calheta de Nesquim e, agora é do orago
São Roque. No fim do mês, Nossa Senhora de Lourdes, nas Lajes do
Pico.
Na
generalidade, em todas elas os católicos, e não somente, primam por
fazer das suas festas as melhores
de todas
no desejo de as tornar atrativas dos forasteiros.
E
bom será, enquanto as populações se interessarem pelas festas das
suas terras, sinal de que o espírito religioso e cristão não
desapareceu da ilha.
Em
tempos passados, quando a ilha não dispunha de estradas mas somente
de caminhos rurais, que não permitiam o trânsito automóvel, as
pessoas deslocavam-se a pé para as freguesias mais próximas, a fim
de assistirem às festas locais e aos respetivos arraiais. E a festas
consistiam, geralmente, de Missa solene, cantada, procissão e
arraial abrilhantado por uma filarmónica, quando esta existia na
própria freguesia ou nas freguesias próximas. Uma ou outra festa
incluía um arraial nocturno, com um concerto pela filarmónica e
fogo preso. O fogo vinha, com a devida antecedência, nos barcos do
Pico, construído pelos pirotécnicos que existiam na Ilha Terceira.
Mais tarde, fixou-se no Pico o pirotécnico MAMEDE que passou a fazer
fogo de artifício de excelente qualidade e não menor efeito. A
iluminação era feita com candeeiros com velas, pois, nesses tempos,
a electricidade ainda cá não chegara. E a que trabalhos obrigava
essa primitiva iluminação! Durante semanas, nas tardes dos
domingos, grupos de senhoras, reuniam-se para restaurar as lanternas,
com papel transparente e de diversas cores pois, nos arraiais, muitas
lanternas ardiam.
Em
certa ocasião, dizia-me uma Senhora que vivia numa das freguesias do
Sul do Pico: Eu,
com meu marido e os nossos filhos vamos a todas as festas e arraiais
das vizinhanças, pois não temos outros divertimentos ou distrações.
Hoje,
como acima escrevo, é tudo tão diferente. A facilidade de
transportes, algum desafogo económico, o estilo que se imprimiu aos
festejos, com programas excepcionais de cultura e recreio, atraem,
normalmente, grande número de forasteiros, principalmente, a
juventude.
Mas
as festas maiores dos Açores são as Festas do Espírito Santo, que
têm lugar na época do Pentecostes e que juntam milhares de
pessoas. Ainda no corrente ano, num notável trabalho de investigação
realizado pelo Jornal do Pico, nos tradicionais jantares do Espírito
Santo devem ter-se reunido mais de vinte mil convivas, além dos
muitos milhares de pães, rosquilhas e vésperas distribuídos não
só as pessoas que estão nos «Impérios«, mas igualmente aqueles
que por eles passam.
E,
no presente ano, estão a terminar as festas. Aquelas que faltam
realizar que sejam vividas com alegria, ordem e paz.
Povoação,
7-08-2014
Ermelindo
Ávila
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