NOTAS DO MEU CANTINHO
É
agradável para os lajenses viverem estas semanas de Agosto. São as
suas semanas maiores, porque nelas se realizam as suas maiores festas
do ano.
Em
suas casas recebem os familiares que, durante o ano, por razões
diversas, estão ausentes. Nas ruas da vila, de momento a momento,
encontra-se cara diferentes e, além, delas, amigos e conhecidos que
aqui vieram para tomar parte nas suas festas.
É
todo um ambiente de amizade, de alegria, de bem-estar numa
confraternização contínua que retempera e tonifica.
Recordam-se
épocas passadas, amigos que já partiram, acontecimentos que ficaram
na história, embora não escrita, mas nas memórias das gentes.
É
pois, repito, agradável e saudável, viver estes dias na velha vila
picoense, normalmente triste e misantropa, recordando o seu passado
de vivências várias, umas alegres e felizes, outras menos risonhas,
consoante o estado de espírito de cada um.
Uns
recordam com um misto de saudade as antigas festas, embora
externamente reduzidas ao sábado da véspera. Mesmo assim não
esquecem a noite de concertos, iluminação e fogo preso. E, a
propósito deste, há quem ainda se lembre da “batalha” entre o
castelo e os soldados, duas peças de bonito efeito.
Normalmente,
os concertos tinham a colaboração de uma banda da Horta que aqui
chegava ao principio da tarde do sábado, viajando a bordo de uma das
antigas lanchas dos Lourenços que, durante as festas, ficava na
Lagoa aguardado o regresso da banda, ou Artista Faialense ou Artista
Flamenguense, na tarde do domingo, depois da Procissão. Esmeravam-se
as bandas, incluindo a “Liberdade Lajense” por executar peças de
autores clássicos sendo largamente aplaudidos os solos de cornetim
ou trompete e de clarinete.
E
falando da Procissão é de recordar o espectáculo que era o
queimar de algumas grosas de foguetes, na Ponta do Caneiro, enquanto
o andor da Veneranda Imagem de Nossa Senhora de Lourdes, ia
percorrendo as canoas baleeiras, cerca de vinte, postadas em frente
ao porto e de velas alçadas, se o vento permitia. Mas, não somente
na Pesqueira, pois as armações da Ribeira do Meio, situadas, como
ainda estão, ao norte da Lagoa, também queimavam algumas dúzias de
foguetes à passagem do andor, muito embora já o tivessem feito na
Ponta do Caneiro.
Outros,
mais novos, têm presentes as festas externas que se iniciaram com a
criação da “Semana dos Baleeiros”, em 1983, ano em que se
comemorou o primeiro centenário da instituição da Festa de Nossa
Senhora de Lourdes.
A
“Semana do Baleeiros” tem continuado, embora com programas mais
voltados para os espectáculos nocturnos, recreativos, que, aliás,
são bastante do agrado da juventude.
A
parte cultural, com a série de conferências, foi assim praticamente
substituída, não deixando a “Semana” de ter os seus
atractivos.
A
caça à baleia foi proibida e deixou de praticar-se. No entanto, o
que não se pôde proibir é que o povo celebre a sua “Semana dos
Baleeiros” com alegria recordando, com saudade, embora, os tempos
passados.
As
Lajes não deixará de ser a vila baleeira única no Arquipélago e
os lajenses, embora muito poucos hajam praticado a arriscada arte,
porque era uma verdadeira arte, jamais deixarão de ser baleeiros de
tradição e de sangue.
Estamos
a viver as festas das Lajes, as suas maiores festas.
Que
todos, naturais, residentes ou visitantes as gozem com alegria e que
a Senhora de Lourdes, Padroeira dos lajenses, a todos prodigalize
as maiores felicidades.
Semana
dos Baleeiros de 2014
Ermelindo
Ávila
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