quinta-feira, 11 de setembro de 2014

SEMANA DOS BALEEIROS

NOTAS DO MEU CANTINHO


É agradável para os lajenses viverem estas semanas de Agosto. São as suas semanas maiores, porque nelas se realizam as suas maiores festas do ano.
Em suas casas recebem os familiares que, durante o ano, por razões diversas, estão ausentes. Nas ruas da vila, de momento a momento, encontra-se cara diferentes e, além, delas, amigos e conhecidos que aqui vieram para tomar parte nas suas festas.
É todo um ambiente de amizade, de alegria, de bem-estar numa confraternização contínua que retempera e tonifica.
Recordam-se épocas passadas, amigos que já partiram, acontecimentos que ficaram na história, embora não escrita, mas nas memórias das gentes.
É pois, repito, agradável e saudável, viver estes dias na velha vila picoense, normalmente triste e misantropa, recordando o seu passado de vivências várias, umas alegres e felizes, outras menos risonhas, consoante o estado de espírito de cada um.
Uns recordam com um misto de saudade as antigas festas, embora externamente reduzidas ao sábado da véspera. Mesmo assim não esquecem a noite de concertos, iluminação e fogo preso. E, a propósito deste, há quem ainda se lembre da “batalha” entre o castelo e os soldados, duas peças de bonito efeito.
Normalmente, os concertos tinham a colaboração de uma banda da Horta que aqui chegava ao principio da tarde do sábado, viajando a bordo de uma das antigas lanchas dos Lourenços que, durante as festas, ficava na Lagoa aguardado o regresso da banda, ou Artista Faialense ou Artista Flamenguense, na tarde do domingo, depois da Procissão. Esmeravam-se as bandas, incluindo a “Liberdade Lajense” por executar peças de autores clássicos sendo largamente aplaudidos os solos de cornetim ou trompete e de clarinete.
E falando da Procissão é de recordar o espectáculo que era o queimar de algumas grosas de foguetes, na Ponta do Caneiro, enquanto o andor da Veneranda Imagem de Nossa Senhora de Lourdes, ia percorrendo as canoas baleeiras, cerca de vinte, postadas em frente ao porto e de velas alçadas, se o vento permitia. Mas, não somente na Pesqueira, pois as armações da Ribeira do Meio, situadas, como ainda estão, ao norte da Lagoa, também queimavam algumas dúzias de foguetes à passagem do andor, muito embora já o tivessem feito na Ponta do Caneiro.
Outros, mais novos, têm presentes as festas externas que se iniciaram com a criação da “Semana dos Baleeiros”, em 1983, ano em que se comemorou o primeiro centenário da instituição da Festa de Nossa Senhora de Lourdes.
A “Semana do Baleeiros” tem continuado, embora com programas mais voltados para os espectáculos nocturnos, recreativos, que, aliás, são bastante do agrado da juventude.
A parte cultural, com a série de conferências, foi assim praticamente substituída, não deixando a “Semana” de ter os seus atractivos.
A caça à baleia foi proibida e deixou de praticar-se. No entanto, o que não se pôde proibir é que o povo celebre a sua “Semana dos Baleeiros” com alegria recordando, com saudade, embora, os tempos passados.
As Lajes não deixará de ser a vila baleeira única no Arquipélago e os lajenses, embora muito poucos hajam praticado a arriscada arte, porque era uma verdadeira arte, jamais deixarão de ser baleeiros de tradição e de sangue.
Estamos a viver as festas das Lajes, as suas maiores festas.
Que todos, naturais, residentes ou visitantes as gozem com alegria e que a Senhora de Lourdes, Padroeira dos lajenses, a todos prodigalize as maiores felicidades.

Semana dos Baleeiros de 2014

Ermelindo Ávila  

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