Notas do meu
cantinho
Para
a juventude que está ausente durante o ano lectivo, Julho é sempre
um mês esperado com grande ansiedade. É o início das férias
depois de um ano de trabalho escolar, para alguns trabalho exaustivo
e cansativo, pois sem trabalho não é possível obterem-se as
classificações que permitam atingir um futuro promissor e
auspicioso.
Vêm,
pois, aí as férias. Os estudantes estão a chegar. As famílias
recebem-se com alegria, muito embora na época actual, os estudantes
não estejam ausentes todo o ano lectivo como acontecia há meio
século, em que se aproveitava a lancha “Calheta” ou os iates do
Pico, para regressar, rapidamente, após o encerramento das aulas.
Hoje
as facilidades de comunicações, quer nos meios de transporte, quer
nos descontos que, por vezes, são concedidos, permitem que os alunos
venham a casa mais do que uma vez: nas férias de Natal e Páscoa e
até em outras ocasiões nas dispensas que acontecem durante o ano
escolar. E só refiro os que estudam nas escolas açorianas porque os
que foram obrigados a frequentar escolas do Continente, e alguns são,
para esses as deslocações tornam-se mais difíceis pelos custos que
acarretam.
Estão
a chegar os estudantes. As famílias aguardam-nos com ansiedade e
alegria. Alguns vêm de escolas superiores, já com rumos escolhidos.
Todavia, e mercê da situação precária que se atravessa, outros
por lá ficam a aguardar que as oportunidades de emprego surjam
rapidamente.
Certo
que, com todas as facilidades de ensino que hoje se oferecem,
permitindo a escolha de áreas mais apetecíveis e concernentes com
as aptidões ou vocações dos estudantes, há todavia um número
razoável de alunos que se vê compelido a ingressar em áreas de
ensino que não são aquelas que sempre idealizaram e desejaram mas
que têm de aceitar para não ficarem privados de prosseguir os
estudos, para que possam conseguir um futuro risonho e feliz.
Os
nossos estudantes estão a chegar. Recebamo-los com amizade, carinho
e proporcionemos-lhes umas férias agradáveis.
Interessemo-los
pelos nossos problemas, pelas nossas festas, pelas nossas actividades
sociais e recreativas. Façamos-lhes participar, activamente, na vida
colectiva, para que eles se julguem úteis e capazes de uma
colaboração activa, eficiente e útil. A inactividade nas férias a
ninguém aproveita e “corta” o ritmo do trabalho a que se está
habituado, se é que se tomou a sério a área escolar que se
escolheu. O descanso intelectual não evita que o estudante se ocupe
em outros misteres, diferentes embora, mas que servem para se manter
em actividade contínua as faculdades intelectuais.
E
há por aí tanta coisa a fazer. Não as indico pois não tenho já
condições intelectuais e materiais para algo fazer. O meu tempo
terminou...
Saúdo
com amizade e carinho os estudantes que chegam. É uma ocasião muito
interessante para se reviverem épocas passadas: a infância e a
juventude. Se renovarem os afectos familiares e se preparar o futuro
que se aproxima a passos velozes. E é também o tempo para se
interessarem pelos problemas da terra, pelo seu desenvolvimento
económico porque não?! – pelo seu futuro, pois a terra, com todos
os seus problemas, dificuldades e atrasos, será sua.
Verdade
porém e infelizmente, que por falta de estruturas, a terra não
pode proporcionar a todos um futuro condigno. Daí a debandada que
ultimamente se vem verificando e que tornou a terra despovoada e
envelhecida com as graves consequências que daí advêm.
Aqui
ou onde quer que se fixem, onde quer que se encontrem, os jovens de
hoje, serão os mestres do ensino, os profissionais, os dirigentes da
política, os comerciais e industriais, actividades que não vêm
longe mas que se aproximam a passos largos.
Lajes
do Pico,
Junho
de 2014
Ermelindo
Ávila
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