quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

ANO VELHO ... ANO NOVO ...

NOTAS DO MEU CANTINHO



Não se pode entoar um “requiem” solene pelo ano de 1913. Quando muito uma simples “prece” pelo seu desaparecimento.
Além de ser um número aziago – 13 – na realidade não deixa saudades.
Portugal sofreu, ao longo do ano, as mais atrozes tropelias
daqueles a quem confiou esperançado, a governação. Enganou-se? Mas quem mais seria capaz de ocupar o lugar, se as experiências anteriores também não foram de melhor cariz?!
Os portugueses, e afinal a quase totalidade da humanidade, vivem horas de angústia e sobressalto com o que se vai passando pelo mundo: miséria, fomes, doenças, desemprego. Um cortejo enorme de lágrimas e de incerteza sem que se vislumbre, para breve, o saneamento indispensável e urgente de tamanhas desgraças.
Infelizmente, não se encontra quem seja capaz de enfrentar dolorosas calamidades e de pôr um tampão a essa corrente caudalosa de misérias que a quase todos atinge. É que, como normalmente acontece, quase sempre ficam de fora uns tantos privilegiados que, cautelosa e atempadamente, se afastaram do descalabro económico em que nos lançaram e continuam, à parte, a gozar as benesses de capitais ardilosamente arrecadados e ardilosamente afastados.
Até quando esta nefasta situação, perguntamos nós?
Enquanto a crise durar, ao lado continuam as greves, as manifestações inflamadas de parceria com o descalabro do desemprego, de mistura com a fome, a doença mal cuidada e a miséria devastadora.
É tempo dos serviços públicos tomarem medidas honestas, sérias e profícuas.
Já basta de tanta solidariedade fingida. Já basta de tantas e suspeitosas falências; de diminuir os vencimentos e os salários, e cortar os subsídios e abonos complementares; de desfalcar o património nacional, com a subsequente perda dos respectivos rendimentos.
Desfazer-se dos bens próprios, é profundamente desolador. Perder o património, entregando-o a potentados estranhos, é limitar a própria independência e passar, irremediavelmente, a ser dirigido por potentados estrangeiros.
E, quando nada mais houver para “transferir” para as mãos de empresários estranhos, o ouro que ainda resta e que está a garantir os fundos bancários, também caminhará para outros governos, transformando Portugal numa mera província estrangeira.
Estarei enganado?
Lembro as exigências da antiga Sociedade das Nações a quem impunha poder fiscalizar a actividade do Governo Português para lhe caucionar o empréstimo indispensável ao equilíbrio das finanças nacionais. Lembro o equilíbrio financeiro alcançado e a compra de ouro, trazido às toneladas pelos barcos dos “Carregadores Açorianos” e outros, para os cofres do Estado Português. Recordo o financiamento de Portugal às Nações beligerantes, durante a guerra 1939-1945. Mas tudo passou ao esquecimento.
Estamos a entrar no ano novo. Esperamos que ele traga aos portugueses dias melhores. Que a fome desapareça e deixe de haver necessidade das sopas do fim de semana e das ajudas solidárias, exigidas pelo desemprego e pela fome que essa situação acarreta. Que uma vez por todas a célebre Troika deixe de cruzar a fronteira e de aparecer na capital, a controlar a administração, a impor medidas cautelares, a fixar a meta das despesas normais com a extinção de serviços, o despedimento de funcionários, o limite dos salários e outros proventos legais, a exigir o aumento dos impostos, afinal, a transformação do velho Portugal numa filial da Comunidade Europeia.
Que a situação tenebrosa que vem sendo imposta aos portugueses se afaste para sempre.
Que desapareça de uma vez por todas o espectro do antigo político: “Adeus Portugal, que te vás à vela!”
Que Portugal volte a ser um País livre, e possa vir a dar, como outrora, lições novas ao mundo.
Que acabe, quanto possível, o flagelo da emigração; os portugueses se sintam bem na sua Pátria e não tenham de abandoná-la para encontrar trabalho e salários dignos, em outras nações.
E para todos os que lerem estas linhas, os mais sinceros votos de um ano feliz!


Lajes do Pico,
Dezº 2013.

Ermelindo Ávila.

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