Notas do meu
cantinho
No dia 30 do corrente mês ocorre um ano sobre o
falecimento do nosso conterrâneo Dr. Manuel da Rosa Rodrigues
Quaresma, em Washington, D.C., Estados Unidos da América, onde
residia há anos. Vem tarde esta nota. Ela pretende ser somente uma
modesta homenagem àquele que foi um distinto conterrâneo e um dos
maiores valores desta terra da geração que está a findar.
O Dr. Manuel da Rosa era natural da Ribeira do Meio
desta Vila das Lajes, filho dum velho amigo, Manuel Rodrigues
Quaresma Júnior e de D. Conceição da Rosa Quaresma. Fez o curso
completo no Seminário de Angra e celebrou a primeira Missa em 1961,
na igreja de São Francisco, desta vila. Depois seguiu para Roma afim
de se matricular na Universidade Gregoriana, e nela se licenciou em
Filosofia e Direito Canónico. Quando se encontrava em Roma, decorria
o Concílio Vaticano II. Dom José da Costa Nunes era Padre
Conciliar. Conhecendo as excepcionais qualidades intelectuais e
culturais do então Aluno do Colégio Português em Roma que
frequentava a Universidade Gregoriana com muito brilho, convidou-o
para seu secretário. Isso valeu ao Dr. Manuel da Rosa poder assistir
às sessões do Concílio, uma prerrogativa que nem todos os alunos
universitários alcançaram.
Concluído o curso seguiu para os Estados Unidos da
América e aí fez o doutoramento na Universidade de Católica de
Washington. Concluído que foi, passou a leccionar Filosofia
Clássica, Filosofia Moderna, e Filosofia contemporânea, Ética e
Valores Humanos, na mesma Universidade, onde era lente o nosso
conterrâneo Dr. Manuel Cardoso. Sempre muito bem informado, estava
sempre actualizado sobre a problemática da vida moderna.
Simultaneamente com o exercício do Professorado, foi
director da Voz da América para os Países africanos de língua
portuguesa.
O Doutor Caetano Valadão Serpa, seu colega de curso e
de ensino, escreve, em excelente artigo publicado na secção
“Apontamentos da Diáspora” do jornal “Portuguse Times” de
16/11/2011 o que aqui me permito transcrevo com a devida vénia:
“Era um filosofo genuíno (o Doutor
Manuel da Rosa) que nunca se cansava de salientar, com mestria,
aspectos da filosofia clássica e moderna ou contemporânea. Sempre
muito bem informado e enquadrado na problemática de uma visão
atual. Realmente um intelectual de calibre pela sua maneira de ser e
carácter pessoal se manteve bastante isolado. Dotado de uma memória
prodigiosa, recitava de cor grande parte dos Lusíadas e outros
poemas de poetas da sua preferência. Mesmo antes de entrar na
universidade tinha os seus filósofos preferidos que declamava com
gosto, sendo estes os seus momentos mais extrovertidos que até lhe
mereceram o cognome de “Descartes”. Foi sempre aluno distinto, em
todo o seu longo percurso académico, desde a escola primária à
universidade. Era igualmente um artista, deixando na sua residência
pessoal, em Washington D.C., numerosas obras dignas de museu,
sobretudo peças de mobília ,artística e originalmente elaboradas.
Montou uma oficina mecânica na sua própria residência, onde
passava os seus tempos livres.” E
mais não transcrevo.
O Doutor Manuel da Rosa era Filho e Neto de artistas.
Daí o cognome que ficou na Família dos “Importantes”. O Pai,
Manuel Rodrigues Quaresma Júnior, era um exímio artista de
“scrimshaw”. Foi ele que fez um jogo de xadrez, em marfim de
baleia, para oferecer ao Presidente Carmona, quando ele visitou os
Açores, em 1941. E muitas outras peças, não apenas de osso de
baleia mas igualmente, como o Filho, peças de mobiliário e não
só. Tive nele um bom amigo. Trabalhámos juntos no Executivo
Municipal, na década de quarenta do século passado e na fundação
da SIBIL.
Fica aqui um parêntesis, apenas para recordar o velho
amigo, nesta singela homenagem que pretendo prestar ao Filho, de que
muito se orgulhava.
Um ano após o seu falecimento, vale a pena recordar um
dos vultos da Diáspora mais destacados da geração que está a
findar.
Vila das
Lajes,
Outubro
2012
Ermelindo
Ávila
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