quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SUBMARINOS ALEMÃES NOS AÇORES


NOTAS DO MEU CANTINHO



Melhor seria: U-Boats nos Mares dos Açores, pois é o livro que Manuel Paulino Costa acaba de publicar e que hoje registo com muito agrado. Um livro que faz a história da campanha dos submarinos alemães nos mares dos Açores durante a segunda guerra mundial (1939-1945) .
Para quem acompanhou o desenrolar da terrível guerra que milhões de vítimas fez nos campos de batalha, na perseguição à marinha mercante e beligerante e nos horríveis campos de concentração, este magnífico trabalho faz um pouco de historia da chamada guerra submarina que tantas vidas ceifou.
Ao prefaciar o U-Boats... o erudito professou Ruben Rodrigues: Manuel Paulino Costa introduz-nos, neste seu livro – “U-Boats nos Mares dos Açores – Batalha do Atlântico (1939-1945) – em um dos aspectos dolorosos do segundo grande conflito, especificadamente na luta pelo controlo dos mares perpetrada pelas flotilhas dos submarinos alemães, um dos marcos blasfemos do poderio bélico nazi, no Oceano Atlântico.”
E depois acrescenta: “Os campos de concentração, os fuzilamentos, os fornos crematórios, as tropas SS, a Gestapo, etc. comportam a imagem terrífica do caos.”
Hitler foi o mais bárbaro chefe de estado dos últimos séculos. Mas muitos alemães acompanharam-no, não só por aceitarem a “bárbara filosofa rácica Ariana”, como para desforrar o desastre sofrido na primeira guerra (1914-1918)
Com a publicação do livro “U-boats nos mares dos Açores” pretende-se relatar alguns dos acontecimentos ocorridos durante a Batalha do Atlântico que deram origem a filmes, edições de livros, notícias nos jornais açorianos, bem como contribuir com uma nova versão para a viagem fatídica do submarino alemão U-581, que se afundou na costa do Guindaste – Mirateca (Pico), após uma luta com destroyers ingleses” (pág.12).
Um dos sobreviventes do submarino esteve nesta vila das Lajes e na Mirateca, em 18 de Outubro de 2011, como passageiro do navio de turismo Bremen. Visitou o Museu dos Baleeiros”(pág. 51).
O Autor faz ainda referência a um outro combate, em 2 de Fevereiro de 1942, no canal Pico - São Jorge, entre o submarino alemão U-402, e uma flotilha de destroyers ingleses que comboiava o navio de transportes Langibby Castle, depois de haver reparado grossas avarias que sofrera ao ser bombardeado por aquele submarino quando navegava a Norte dos Açores. (pág. 97).
Refiro o alarme que houve na ilha do Pico com estes dois combates, de lamentáveis recordações.
O Autor regista também que o contra-torpedeiro Lima, em viajem de Lisboa para Ponta Delgada, sobre comando do Capitão-Tenente Sarmento Rodrigues, desviou o rumo para recolher os náufragos do navio mercante inglês Roxburg-Castle, que foi torpedeado pelo submarino alemão U-107, e levá-los para Ponta Delgada. Foi nessa viagem de Lisboa para os Açores que o contra-torpedeiro “Lima” foi atingido por tremendas tempestade.
Veja-se o que diz, a propósito, o Tenente L. S. Gomes da tripulação do Lima: O navio erguia a proa com esforço, estremecendo continuamente. Parecia estalar de encontro às ondas que o empenavam, resfolgando os pulmões, o último arranque pedido.”
(...)“Mas uma vaga de maior dimensão ainda, eleva pela proa a unidade de guerra, obriga-a a descer sobre bombordo com uma inclinação que causa calafrios e quando toda a marinhagem esperava, fria como mármore, ver o navio soerguer-se, uma nova vaga semelhante à anterior, sem dar tempo de reequilíbrio, impele-o mais para a bocarra imensa, pondo a descoberto todo o bombordo até à quilha.”(1) E o autor que venho de citar continua a tenebrosa narração, até que o navio consegue soerguer-se. Ao terminar, o Tenente Gomes escreve: “Neste barco o aparelho de medir a inclinação registou uma terrível oscilação de oitenta graus, mas ergueu-se de novo. Não há memória de um navio registar semelhante inclinação e sobrevier”. (2)
O Autor de U-Boats nos Mares dos Açores, referindo este horrível acontecimento diz:” O navio era o destroyer português N.R.P. “Lima” (D333) sob o comando do Capitão-Tenente Manuel Maria Sarmento Rodrigues, em rota de Lisboa para os Açores, em comissão de serviço SAR (Search and Rescue).” (pág.92)
Sinceras felicitações a Manuel Paulino Costa pelo excelente trabalho e pelo serviço prestado à História e à Cultura açorianas.
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1) Gomes, Leovigildo dos Santos Gomes (2º Tenente do Q.A.S.Naval) – “Comissão no Arquipélago “ –(Episódio Marítimo durante a guerra de 1939-1945)
2) Ibidem
Engrade, 27-09-2012
Ermelindo Ávila

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