sábado, 7 de julho de 2012

AO ACASO...



          O Verão chegou. Os campos estão verdejantes. O mar está calmo. As neblinas e as nuvens raramente surgem pois o vento parece que se mudou para outras paragens. É chegado o mês de  Julho, o mês mais calmo do ano. .
       Nas escolas  terminaram as aulas e andam agora os alunos preocupados com os exames que têm de fazer para ser avaliado, bem ou mal, um ano de trabalhos. Uns estão confiantes outros  mostram-se preocupados, pois, durante o tempo de aulas, nem sempre se dedicaram ao estudo das matérias com a devida atenção e preocupação.  
        As “piscinas” marítimas  abriram e algumas delas ostentam, orgulhosamente, as bandeiras que a entidade respectiva lhes distribuiu, depois de analisadas as respectivas águas. E já se vêem por aí os banhistas. Afinal eles nunca faltaram, mesmo na estação invernosa, pois para alguns, é de bom tom afrontar as águas frias do Inverno.
        As chamadas “Festas do Verão” vão aparecendo por essas ilhas  e os emigrantes, para  nelas tomarem parte, já chegam.
         São as Sanjoaninas, na cidade de Angra e em Vila Franca do Campo. Depois, as festas  da cidade da Praia, as Festa do Espírito Santo em Ponta Delgada e, muitas outras sem cunho religioso, como “A Maré de Agosto”, em Santa Maria, “A Semana do Mar” na Horta, o “Cais Agosto”, em S. Roque do Pico, a Festa do Emigrante, na ilha das Flores e tantas  mais nas restantes ilhas.
        Verdade seja que as ditas festas religiosas são as que mais atraem os emigrantes: Santa Maria Madalena, Bom Jesus, S. Roque, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhora da Piedade. Terminada esta, é o regresso, com as saudades mais vivas e o desejo de voltar, o que nem sempre acontece ...
         Os veraneantes, -  propriamente dito, aqueles que, mais do que  assistir às festas, vêm para repousar depois de um ano de trabalho e cuidar de alguns  bens que cá deixaram, e esses já são muito poucos,  ou simplesmente visitar os familiares, e gozar um pouco do ambiente calmo e reconfortante da terra natal, - vão sendo raros. Demais, nos tempos que decorrem, torna-se difícil viajar só ou acompanhado da família, dado o elevado custo das passagens pouco acessível a quem aufere ordenados de baixo montante. E a situação agora mais se agrava com a carestia da vida actual; da crise que atinge todos os lares, quer pelos contínuos despedimentos, quer pelos baixos salários agravados com  o  corte dos subsídios de férias que a visão esclarecida de um governante criou, aqui há anos,  mas que agora a Troika impede de serem abonados.  Um sinal evidente de que a soberania quase não existe e os mandões estrangeiros, pois praticamente são eles que governam a nação,  proíbem a atribuição dos subsídios àqueles que deles bem carecem e a que têm direito.
        Um momento histórico, mas muito aflitivo para os portugueses e, de modo especial, para os açorianos, que continuam a ser portugueses, embora parece, por vezes, pertencerem a uma classe secundária. E neste âmbito, muito havia a dizer, pois, por vezes, as esferas superiores esquecem que aqui também é Portugal!...
        Mas. afinal, valerá a pena  isto escrever?  Há tantos anos que o faço, numa luta inglória, que apetece parar... Demais, um dia isso vai acontecer...

        Vila das Lajes,
        2-Julho-2012
        Ermelindo Ávila.

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