O Verão chegou.
Os campos estão verdejantes. O mar está calmo. As neblinas e as nuvens
raramente surgem pois o vento parece que se mudou para outras paragens. É
chegado o mês de Julho, o mês mais calmo
do ano. .
Nas
escolas terminaram as aulas e andam
agora os alunos preocupados com os exames que têm de fazer para ser avaliado, bem
ou mal, um ano de trabalhos. Uns estão confiantes outros mostram-se preocupados, pois, durante o tempo
de aulas, nem sempre se dedicaram ao estudo das matérias com a devida atenção e
preocupação.
As “piscinas” marítimas abriram e algumas delas ostentam,
orgulhosamente, as bandeiras que a entidade respectiva lhes distribuiu, depois
de analisadas as respectivas águas. E já se vêem por aí os banhistas. Afinal
eles nunca faltaram, mesmo na estação invernosa, pois para alguns, é de bom tom
afrontar as águas frias do Inverno.
As chamadas “Festas do Verão” vão
aparecendo por essas ilhas e os
emigrantes, para nelas tomarem parte, já
chegam.
São as Sanjoaninas, na cidade de Angra e em
Vila Franca do Campo. Depois, as festas
da cidade da Praia, as Festa do Espírito Santo em Ponta Delgada e,
muitas outras sem cunho religioso, como “A Maré de Agosto”, em Santa Maria, “A
Semana do Mar” na Horta, o “Cais Agosto”, em S. Roque do Pico, a Festa do
Emigrante, na ilha das Flores e tantas mais nas restantes ilhas.
Verdade seja que as ditas festas
religiosas são as que mais atraem os emigrantes: Santa Maria Madalena, Bom
Jesus, S. Roque, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa
Senhora da Piedade. Terminada esta, é o regresso, com as saudades mais vivas e
o desejo de voltar, o que nem sempre acontece ...
Os veraneantes, - propriamente dito, aqueles que, mais do que assistir às festas, vêm para repousar depois de
um ano de trabalho
e cuidar de alguns bens que cá deixaram,
e esses já são muito poucos, ou
simplesmente visitar os familiares, e gozar um pouco do ambiente calmo e
reconfortante da terra natal, - vão sendo raros. Demais, nos tempos que decorrem,
torna-se difícil viajar só ou acompanhado da família, dado o elevado custo das
passagens pouco acessível a quem aufere ordenados de baixo montante. E a situação
agora mais se agrava com a carestia da vida actual; da crise que atinge todos
os lares, quer pelos contínuos despedimentos, quer pelos baixos salários
agravados com o corte dos subsídios de férias que a visão
esclarecida de um governante criou, aqui há anos, mas que agora a Troika impede de serem abonados.
Um sinal evidente de que a soberania quase não existe e os mandões estrangeiros,
pois praticamente são eles que governam a nação, proíbem a atribuição dos subsídios àqueles
que deles bem carecem e a que têm direito.
Um momento histórico, mas muito aflitivo
para os portugueses e, de modo especial, para os açorianos, que continuam a ser
portugueses, embora parece, por vezes, pertencerem a uma classe secundária. E
neste âmbito, muito havia a dizer, pois, por vezes, as esferas superiores
esquecem que aqui também é Portugal!...
Mas. afinal, valerá a pena isto escrever? Há tantos anos que o faço, numa luta inglória,
que apetece parar... Demais, um dia isso vai acontecer...
Vila das Lajes,
2-Julho-2012
Ermelindo Ávila.
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