domingo, 22 de julho de 2012

Quando é homenageada a memória do Pe. António Cardoso ?




Há muito que trago em mente a figura do Pe. António Cardoso, antigo condiscípulo e pároco e ouvidor que foi da Matriz da Santíssima Trindade desta vila.
        Chegou o momento de quebrar o silêncio. E recordo-o aqui como acto de justiça que merece a sua memória.
        O Pe. António Cardoso era natural da freguesia da Criação Velha, onde nasceu a 7 de Julho de 1919. Desta ilha, mas criança passou a residir na Matriz da Horta, para onde mudou a residência e a família.
        Frequentou o Seminário de Angra e foi ordenado sacerdote em 16 de Junho de 1940. Celebrou a primeira Missa na Matriz da Horta e aí ficou de coadjutor de Mons. José Pereira da Silva até à nomeação para pároco da freguesia de S. Caetano, desta ilha.
        Em Junho de 1950 foi nomeado Pároco da Matriz das Lajes e ouvidor do concelho. Aqui vem encontrar as obras da nova Matriz paradas desde 1910.
“O Dever”, em ocasiões várias, mas principalmente depois da visita do Subsecretário das Obras Públicas, em Setembro de 1945, não mais deixa de chamar a atenção dos lajenses para a necessidade da conclusão das obras.
É reorganizada a Comissão dos Bens Culturais, constituída anos antes pelo falecido Pe. José Vieira Soares. E a obra recomeçou em 1954. O P. António Cardoso  não mais descansou.
        Em 28 Maio de 1967 (há 45 anos), era inaugurada a nova Matriz  e benzida pelo Bispo da Diocese D. Manuel Afonso de Carvalho. Foi sagrada pelo Bispo Dom Arquimínio Rodrigues da Costa, em 26 de Agosto de 1983. Era então pároco o Dr. António Rogério Gomes.
        Na Matriz das Lajes existe, desde 1882, a veneranda imagem de Nossa Senhora de Lourdes, de grande devoção não somente dos lajenses mas de uma boa parte dos picoenses e dos nossos conterrâneos da Diáspora. Foi por isso que, a quando da sagração, foi solicitada, ao Bispo diocesano a declaração de Santuário da Virgem, que é na realidade, para a Matriz das Lajes, pedido que aquele Prelado (já não era D. Manuel) rejeitou sem que apresentasse quaisquer razões...
O custo total das obras, na segunda fase de conclusão, foi de 1.205.689$45. Em 1970, era pago o empréstimo de 20.000$00, que havia sido contraído para liquidação total das despesas da obra, ficando tudo saldado.
        Em Dezembro de 1969, o Pe. Cardoso adquiriu para a Paróquia, com autorização do Bispo D. Manuel, a propriedade de “O Dever”, do qual passou a ser director.
Durante a sua estadia na Paróquia é construída a ermida do Coração de Maria, no lugar das Terras, a qual lhe mereceu o mais desvelado cuidado e atenção, embora contasse sempre com um dedicado grupo de paroquianos daquele lugar, que assumiram o financiamento das obras.
        E depois, vê-se quase compelido a deixar a paróquia, sendo nomeado capelão do Hospital de Angra, em 3 de Novembro de 1976 e pároco de São Bento da mesma cidade, em 14 de Dezembro de 1979. Ali faleceu, em 7 de Julho de 1999.
        Nos Estados Unidos da América do Norte, quando qualquer pároco constrói uma igreja recebe de Roma o título de Monsenhor. Por cá não há essa tradição. O titulo de Monsenhor é reservado aos sacerdotes que, normalmente, exercem funções junto da cúria diocesana, pois foram raros os que, não o sendo, receberam essa dignidade.
        O Padre António Cardoso já não pode receber o título de Monsenhor. A sua memória pode, no entanto, ser recordada por qualquer outro meio condigno. Nunca é tarde para se fazer justiça.
        A Igreja Matriz das Lajes tem dois sacerdotes a ela ligados que jamais poderão ser olvidados: o Padre Manuel José Lopes que a iniciou e o Padre António Cardoso que a concluiu, com abnegação e sacrifício. Além do Pe. Francisco Xavier de Azevedo e Castro, vice - vigário e ouvidor do concelho, que foi o autor do magnifico projecto. É um templo majestoso que honra e dignifica a vila das Lajes. Importa que isso não se esqueça.

Vila das Lajes,
7 de Julho de 2012.
Ermelindo Ávila

Sem comentários: