Vão caminhando regularmente os trabalhos de
alargamento do muro de defesa da vila, junto ao antigo campo de jogos. Não são
muitos os trabalhadores que a empresa empreiteira ali tem mas, mesmo assim, não
vale a pena ficarmos na apreciação do caso, pois desconhecemos as clausulas
contratuais estabelecidas entre o Município e o empreiteiro.
Julgo que a obra tem garantida a ajuda
financeira da Comunidade Europeia e, consequentemente, é para ir até ao fim.
Com a execução daquela obra fica a
parte marítima da vila um tanto embelezada. Mas importa promover um arranjo
conveniente junto da escola primária, abrindo-se um pequeno arruamento da rua
Família Xavier até à rua P. Xavier Madruga, o que virá a permitir a construção
de alguns prédios urbanos, além de um conveniente traçado urbano. Pena é que
fossem permitidas construções urbanas que agora impedem a ligação da rua do
Saco e rua Nova (Rua D. João Paulino) com o actual largo Edmundo Machado Ávila.
Mas a rua Direita (Capitão-Mór Garcia
Gonçalves Madruga) também carece que sobre ela se lhe lance um “olhar de
misericórdia. Alguns prédios estão em ruína total. E eles têm a sua história.
Um deles é o prédio mais antigo da vila. No princípio do século XVIII já
residia nele uma Família que só o deixou de habitar a meados do século passado.
Consequentemente tem mais de trezentos anos. Pertence ao património histórico
da vila e merece um tratamento condizente com a sua ancestralidade.
Um pouco a seguir encontram-se as ruínas,
assim lhe pudemos chamar, da antiga “Pensão Velha”. Perdeu a torre e o tecto há
poucos anos. O frontispício, ou alçado principal, ainda conserva um aspecto
razoável. Impõe-se o seu restauro. Julgo
que a Câmara, utilizando os poderes que lhe confere (ia) a Lei, podia tomar as
necessárias providências para acabar com aquela triste situação.
Neste semanário foi publicado, em 10 de Maio do
corrente ano o Edital n.º 30/2012, da Câmara Municipal deste concelho
anunciando o “Concurso público para a alienação do imóvel globalmente
identificado como a “Casa Mariquinhas Tomé”. As propostas dos possíveis
interessados deveriam ser entregues no Município até ao dia 28 de Junho. Não
sei nem procurei saber se houve ou não concorrentes. Se os houve, folgo com
isso pois será uma das soluções para tão gritante problema urbano da Vila. Se
os não houve, o assunto é de grande melindre e só a Câmara Municipal pode, e
deve, encontrar os meios necessários
para que aquela monstruosidade se transforme num prédio elegante, útil e a
servir a vila com dignidade. Não deve
ser demolido, mas restaurado. Foi construído nos finais do séculos XVIII, princípios
do século XIX por João Pereira de Lacerda e, depois, adquirido por José Joaquim Machado, pai da Maricas do Tomé
(Tomé, do marido Tomé Vieira Alves), que já nela vivia em 1888.
E tão “rica” de cantaria é que perdeu
há anos o tecto, mas as paredes exteriores e os alçados interiores conservam-se
inalteráveis. E para o Leste não lhe falta espaço para uma possível ampliação.
Para alugar a casa restaurada não
faltariam, com certeza, interessados.
A antiga “Casa da Feliciana”, a meio
da rua Machado Serpa, fazendo canto com a rua de Olivença, está em ruínas. O
lado norte perdeu o tecto há poucos anos e a parede do Sul há muito que está em
ruínas. Impõe-se o apeamento e o arranjo do espaço onde se encontra um dos “Passos” que ainda existem na vila,
utilizados durante a procissão anual do Senhor dos Passos. Tal como na “Pensão Velha”, a Câmara também
pode aqui usar dos meios legais para
exigir o melhoramento que se impõe.
O taipal que “esconde” a “Casa da
Maricas do Tomé”, não pode nem deve continuar. Demais, aquele taipal só
embaraça o trânsito, permitindo o estabelecimento de veículos em “espinha”, uma
situação incompreensível na época que decorre.
A vila merece outra dignidade. Não foi
aqui que o Pico começou?
Vila
das Lajes,
16-Julho-2912
Ermelindo
Ávila
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