Por razões de ordem litúrgica, a Igreja Católica transferiu a festa dos Reis Magos, ou Epifania, para o domingo a seguir ao primeiro do ano, entre 2 e 8 de Janeiro
Anteriormente a celebração tinha lugar no dia 6 e embora não fosse “dia santo de guarda”, era guardado pelo povo cristão que aproveitava esse dia para, nos chamados ranchos dos Reis, ir de porta em porta saudar os amigos e conhecidos.
A acompanhar os Reis Magos junta-se, normalmente, um grupo de jovens que, nos cantares apropriados, fazia o coro.
Os reis trajavam a rigor, não faltando as coroas reais (em cartão vistosamente pintado), fazendo lembrar os nobres daqueles tempos de há dois mil anos, quando eles, vendo um astro estranho, se dispuseram a caminhar para Belém, trazendo como ofertas, ao Menino recém-nascido, ouro, incenso e mirra.
Os Magos, ao chegar a Jerusalém, perguntaram onde s6ava o Rei dos Judeus que acabara de nascer. Esta pergunta perturbou o Rei Herodes e não apenas ele mas toda a cidade de Jerusalém. Interrogando os sumos sacerdotes e os escribas do povo, eles foram unânimes: “Em Belém de Judá.” Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em aparecera a estrela.”
Quando chegaram a Belém entraram na casa onde a Sagrada Família se alojara e caindo de joelhos, adoraram o Menino.
Avisados em sonho de que não voltassem à presença de Herodes, voltaram por outros caminhos para as suas terras.
É esse grande acontecimento que o povo cristão comemora nesta ocasião. Um feito extraordinário que, passando-se em terras do Oriente, jamais deixou de ser recordado, até com manifestações populares.
Hoje, dada a vida agitada e tumultuosa do povo de Deus, quase passa esquecida a visita dos sábios do Oriente ao Senhor dos Céus e da Terra. E é pena.
Ainda recordo a ânsia com que, meninos e moços, aguardávamos a visita dos Reis, envoltos em seus mantos
coloridos, de cetro na mão, e coroa real, no meio dos quais vinha sempre o Rei preto, que era por vezes o terror da pequenada.
Depois das saudações ao Menino, colocado em altar com trono erguido no meio da sala, onde não faltavam os pratinhos de trigo verdejante e as laranjas “americanas” ou as tangerinas, os donos casa serviam figos passados, licores e outros acepipes, sempre bastante apreciados.
Particularmente para a miudagem, era uma noite especial, sempre aguardada com grande alvoroço e entusiasmo, embora os cantares fossem sempre os mesmos repetidos de ano a ano.
Creio que vale a pena recordar estas singelas comemorações, que tinham um sentido de singeleza mas sobretudo de respeito e sinceridade pelos acontecimentos de há dois mil anos: o Nascimento do Menino Jesus numa reclinado numa manjedoura no estábulo de animais; a visita dos pastores que, na serra, foram avisados pelos anjos; e, decorridos alguns dias, a adoração dos santos Reis Magos.
A propósito, escreve um comentarista : “”Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo aqueles que, segundo as concepções estreitas do judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos se realizam as profecias do Antigo Testamento.”
Janeiro de 2011
Ermelindo Ávila
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