Pelo menos na Ilha do Pico, até meados do século passado, era cultivada em pequena escala. Apenas nas hortas junto das habitações e servia, principalmente, para aumentar as sopas.
Aí pelos anos vinte do século passado, apareceu na Candelária uma qualidade de batata muito produtiva, parece que importada por José da Costa Nunes, pai do que viria a ser Cardeal Dom José da Costa Nunes. E tanto assim que, espalhando-se pela ilha, pois passou a ser comercializada pela população daquela freguesia, o povo a denominou de batata bispa, ou batata da Candelária. Passou a ser cultivada em larga escala e era muito produtiva. Agradável era, no princípio do verão, andar perto dos terrenos baixos e admirar extensos batatais verdejantes e floridos. Hoje são raros.
Decorridos alguns anos, aquele tubérculo foi atingido por uma doença que lhe produzia uma espécie de caroço preto, que a tornava incapaz de ser utilizada.
Habituados como estavam os picarotos ao uso da batata, e aproveitando os iates do Pico que semanalmente viajavam até S. Miguel, passaram a importar daquela ilha em pequenas quantidades o apreciado tubérculo.
Mais tarde apareceram batatas de semente arran baner e ut to date, importadas da Europa. Foi então que se começaram a semear grandes extensões de terreno das novas espécies que se reproduziam em larga escala, e que constituíam uma parte importante da alimentação das pessoas como acompanhamento de diversos pratos. Era o que o povo chamava “batatas escoadas”, porque cozidas em água, em apreciáveis quantidades.
Presentemente, principalmente os restaurantes fazem acompanhar certos pratos de “batatas fritas”, ou seja batatas cortadas em pequenas tiras e passadas na sertã. Já não se encontram grandes batatais. Já não existe mão-de-obra e por essa razão os terrenos vão ficando abandonados.
O mesmo acontece com a batata doce, um pouco mais trabalhosa no seu cultivo, mas de grande produção e muito utilizada na alimentação quer das pessoas quer ainda dos suínos de engorda.
Uma época extraordinária que passou ingloriamente à história desta ilha.
Vila das Lajes, Dezembro de 2010
Ermelindo Ávila
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