terça-feira, 12 de outubro de 2010

CRÓNICAS

Escrever uma crónica é algo difícil. Tem de saber-se trabalhar, com correcção, o assunto escolhido. Mas, quando não há assunto?...

A crónica pode considerar-se um escrito simples e narrativo mas também pode ser destinado ao tratamento adequado de um assunto que surja e que mereça uma análise apropriada ou até mesmo narrar, em jeito de reportagem, um acontecimento que haja ocorrido.

São tão diversos os temas que podem ser tratados numa crónica!...

Entendo que, além disso, a crónica deve ser feita num estilo simples e em linguagem acessível. Mormente quando se trate de crónica a ocupar, em tempo e dia certo, um espaço do jornal ou de um programa radiofónico. Não deve esquecer-se que os programas da rádio ou da TV são escutados muitas vezes e/ou vistos por muitas pessoas que pouco sabem ler ou mesmo são quase analfabetas que, infelizmente, ainda as há por esse mundo de Deus. Como é natural, esses radiouvintes não entendem, muitas vezes, linguagem rebuscada e, como tal, inacessível à maioria das pessoas.

Os dicionaristas dão à crónica diversos significados. José Pedro Machado, entre outros, diz no seu dicionário que a crónica é a “Narração histórica, redigida segundo a ordem do tempo em que se deram os factos.” Por outro lado o Dicionário Houaiss, além dessa definição, muitas outras trás, entre elas, diz que a crónica “Originalmente se limitava a relatos verídicos e nobres, entretanto grandes escritores a partir do século XIX passaram a cultivá-la, reflectindo com argúcia e oportunidade a vida social, política, os costumes, o quotidiano, etc. Do seu tempo, em livros, jornais e folhetins.”

E não trago aqui o grande cronista Fernão Lopes, autor da Crónica Geral do reino de Portugal, narrador e escritor primoroso, fundador da grande prosa portuguesa, no dizer de um seu biógrafo.

Saber escrever em bom português não carece de ir aos dicionários rebuscar termos impopulares. Basta fazer uso de linguagem correntia, e num estilo perfeito, sem que a gramática seja ignorada mas, antes, tratada com respeito e dignidade.

Não deve ignorar-se que muitos há, mesmo alguns que não foram além da Instrução Primária ou Ensino Básico, que até sabem redigir com certa elegância e propriedade de termos.

No entanto, e isso também acontece quantas vezes, o escriba, irreflectidamente com certeza, “dá ponta – pés” na gramática sem que de tal se aperceba !

Que se saiba, ao menos, tratar bem o “sujeito”, o “predicado” e os “complementos”, colocando-os nos seus devidos lugares e nos tempos certos, é o que importa.

A crónica está no fim. Não era aquela que o ou os leitores naturalmente esperavam. É a que foi possível neste momento. Não se destina a escritores eruditos, que felizmente alguns são, mas aos que se entretêm com coisas de menos importância, rabiscadas por outros que simples são como eles.




Vila das Lajes,

9 de Outubro de 2010.

Ermelindo Ávila

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