Longe vão os tempos em que os adolescentes e a juventude se divertiam de maneira simples e folgazã.
Utilizavam os jogos populares, que simples eram igualmente, e passavam uma juventude alegre e risonha.
No sábado de aleluia iniciava o jogo do pião que, normalmente, era praticado durante as semanas seguintes até à Trindade. No verão predominava o jogo da baleia. Este mais movimentado e atrevido, pois os maiores faziam de oficiais e trancadores e os miúdos eram as vítimas – as baleias. Mas esses jogos eram uma reprodução quase autêntica da baleação que os irmãos mais velhos, os pais e até os avós praticavam nos mares.
Os botes eram “construídos” por duas canas, presas nas pontas, com troços ao meio a dar-lhes a configuração bojuda, na imitação dos verdadeiros botes. Tripulava-os apenas o “oficial” e o “trancador”, pois o espaço não dava para mais. À frente corriam os baleotes, fugindo à perseguição dos baleeiros. E, quando conseguiam alcançar algum com o “arpão”, também de um troço de canavial, preso a um barbante, a pesca estava conseguida e o reboque iniciava-se para terra, ou seja, para o ponto de partida da improvisada arriada.
Outros jogos havia, como o da barra, o da bola, e outros mais. Até havia o “jogo de apanhar”. Dois grupos se formavam e corriam pelas ruas da vila, a ver qual deles caçava mais “vítimas”.
Tudo era facilitado pela ausência de trânsito de veículos. Os automóveis, (o primeiro, ou um dos primeiros, veio dos Estados Unidos trazido por um emigrante), raramente apareciam na vila. Hoje seria impossível a prática de qualquer desses inofensivos jogos, pois em todas as ruas andam ou estacionam numerosos veículos, sendo até difícil, em certas horas do dia, aos simples transeuntes por elas circular.
O jogo do peão era praticado por adolescentes, jovens e também homens maduros. Estes utilizavam piões de maior dimensão, construídos em buxo ou pau branco. E quando algum perdia, sujeitava-se a que o seu pião sofresse as ferroadas dos piões dos vencedores.
Mais tarde apareceu o croqui, em pequenos recintos, que pouco durou.
Tudo simples, tudo de sã alegria e de despreocupada prática. Hoje não se fala no pião, nem do jogo da barra e muito menos da baleação. Joga-se o futebol, somente alguns, o voleibol, o hóquei em patins e pouco mais. Mas estes tornaram-se jogos profissionais e os respectivos jogadores, na generalidade, nem da terra são. Desporto profissional, dizem, com executantes contratados por largas quantias, tal como os actores de cinema ou outros mais.
Não seria de considerar a pratica de certos desportos, não somente na ilha do Pico mas em todo o arquipélago, deixando de contratar executantes estranhos mas voltando, à prática desportiva como desporto de lazer. Evitava-se o dispêndio de avultadas importâncias, até do erário público, e facilitava-se aos jovens um desporto mais saudável.
No entanto vivemos em épocas diferentes. Maneiras diversas de passar os tempos de ócio ou de recreio.
Vila das Lajes
11 de Abril de 2010
Ermelindo Ávila
Utilizavam os jogos populares, que simples eram igualmente, e passavam uma juventude alegre e risonha.
No sábado de aleluia iniciava o jogo do pião que, normalmente, era praticado durante as semanas seguintes até à Trindade. No verão predominava o jogo da baleia. Este mais movimentado e atrevido, pois os maiores faziam de oficiais e trancadores e os miúdos eram as vítimas – as baleias. Mas esses jogos eram uma reprodução quase autêntica da baleação que os irmãos mais velhos, os pais e até os avós praticavam nos mares.
Os botes eram “construídos” por duas canas, presas nas pontas, com troços ao meio a dar-lhes a configuração bojuda, na imitação dos verdadeiros botes. Tripulava-os apenas o “oficial” e o “trancador”, pois o espaço não dava para mais. À frente corriam os baleotes, fugindo à perseguição dos baleeiros. E, quando conseguiam alcançar algum com o “arpão”, também de um troço de canavial, preso a um barbante, a pesca estava conseguida e o reboque iniciava-se para terra, ou seja, para o ponto de partida da improvisada arriada.
Outros jogos havia, como o da barra, o da bola, e outros mais. Até havia o “jogo de apanhar”. Dois grupos se formavam e corriam pelas ruas da vila, a ver qual deles caçava mais “vítimas”.
Tudo era facilitado pela ausência de trânsito de veículos. Os automóveis, (o primeiro, ou um dos primeiros, veio dos Estados Unidos trazido por um emigrante), raramente apareciam na vila. Hoje seria impossível a prática de qualquer desses inofensivos jogos, pois em todas as ruas andam ou estacionam numerosos veículos, sendo até difícil, em certas horas do dia, aos simples transeuntes por elas circular.
O jogo do peão era praticado por adolescentes, jovens e também homens maduros. Estes utilizavam piões de maior dimensão, construídos em buxo ou pau branco. E quando algum perdia, sujeitava-se a que o seu pião sofresse as ferroadas dos piões dos vencedores.
Mais tarde apareceu o croqui, em pequenos recintos, que pouco durou.
Tudo simples, tudo de sã alegria e de despreocupada prática. Hoje não se fala no pião, nem do jogo da barra e muito menos da baleação. Joga-se o futebol, somente alguns, o voleibol, o hóquei em patins e pouco mais. Mas estes tornaram-se jogos profissionais e os respectivos jogadores, na generalidade, nem da terra são. Desporto profissional, dizem, com executantes contratados por largas quantias, tal como os actores de cinema ou outros mais.
Não seria de considerar a pratica de certos desportos, não somente na ilha do Pico mas em todo o arquipélago, deixando de contratar executantes estranhos mas voltando, à prática desportiva como desporto de lazer. Evitava-se o dispêndio de avultadas importâncias, até do erário público, e facilitava-se aos jovens um desporto mais saudável.
No entanto vivemos em épocas diferentes. Maneiras diversas de passar os tempos de ócio ou de recreio.
Vila das Lajes
11 de Abril de 2010
Ermelindo Ávila
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