Terminadas as Festas Pascais entramos nas chamadas Domingas ou seja os sete domingos que antecedem o Domingo de Pentecostes (no corrente ano a 23 de Maio).
Antigamente eram todos esses domingos preenchidos por Coroações, ou seja festas em honra da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
A Freguesia da Santíssima Trindade (actualmente denominada incompreensivelmente por Lajes do Pico), tinha grupos de irmãos que, de cinco em cinco anos, “levavam a Coroa à Igreja”, ou seja promoviam uma festa em honra e louvor do Espírito Santo. Em cada domingo um irmão, previamente sorteado, levava em cortejo a Coroa do Divino Paráclito à Igreja Paroquial, onde era celebrada Missa cantada e coroação e, em casa, oferecia jantar a doze pobres e a familiares e amigos.
Antes da criação da paróquia da Silveira, a freguesia estava dividida em cinco zonas: Silveira, Almagreira, Ribeira do Meio, Vila e Terras. Com o falecimento dos irmãos e/ou ausência para o estrangeiro, foi desaparecendo essa tradição que hoje, felizmente, ainda é mantida nas Terras e na Almagreira.
Tudo afora as promessas, que ainda as há, de “levar a Coroa”.
Lacerda Machado diz, que “Antigamente, em cada uma das sete Domingas, havia coroação, estando a cargo, por anos, das povoações: Terras, Vila e Ribeira do Meio. Também havia coroações na Silveira e Almagreira.
“Os festejos das Domingas consistiam em missa cantada e coroação, em seguida às quais o mordomo oferecia jantar aos colegas das outras Domingas e pessoas que convidava “
Ainda hoje a tradição se mantém na Almagreira e nas Terras. De cinco em cinco anos as mesmas famílias cumprem a tradição, convidando para a “sua festa” algumas centenas de pessoas, a quem oferece lauto jantar de “sopas do Espírito Santo”.
Para isso aquele lugar construiu um amplo salão de dois pisos, que pode receber mais de mil convivas , onde é servido o jantar .
O mesmo acontece na Almagreira, onde foi igualmente construído vasto salão.
E falando em salões, recordem-se os da Ribeira do Meio, da Silveira, das Terras, de São João, e de Santa Cruz recentemente construídos e que, embora destinados a sedes das sociedades locais, são dispensados para as funções do Espírito Santo. O mesmo acontece nesta vila com a sede da Liberdade Lajense em quase todas as freguesias e localidades da Ilha. Uma maneira significativa de perpetuar “enquanto o mundo durar”, como se dizia antigamente, tão expressivas manifestações de fé dos picoenses, como aliás dos açorianos.
Ainda a propósito das coroações, é de lembrar o que diz Silveira de Macedo na “História das Quatro Ilhas”, citado por Lacerda Machado:
“Em 1871 o autor da História das quatro ilhas avaliava em 60 moios de trigo, 60 reses bovinas, além de da carne de carneiro e porco, e 30 pipas de vinho, o consumo das festas do Espírito Santo na ilha do Pico, a cargo dos mordomos e irmãos.
Hoje, em toda a Ilha não será menor o consumo, durante as festas do Espírito Santo que, em razão dos votos emitidos, têm lugar desde o primeiro domingo após a Páscoa até aos meses de Julho e Agosto. É que, normalmente, durante os meses de inverno não se realizam tais festividades.
E, na época em que estamos, já se fazem os convites para as coroações. É que tudo é preparado com a antecedência devida. Até o gado que se abate vem destinado quase após o nascimento. E a farinha que se consumia provinha do trigo semeado, em maiores extensões, no anterior à solenidade. Hoje já não se cultivam cereais. Os campos são utilizados para pastagens de gado bovino , produtor de leite. Julgo que não se levará muito tempo que se volte atrás...
Vila das Lajes,
27.Março.2010.
Ermelindo Ávila
Antigamente eram todos esses domingos preenchidos por Coroações, ou seja festas em honra da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
A Freguesia da Santíssima Trindade (actualmente denominada incompreensivelmente por Lajes do Pico), tinha grupos de irmãos que, de cinco em cinco anos, “levavam a Coroa à Igreja”, ou seja promoviam uma festa em honra e louvor do Espírito Santo. Em cada domingo um irmão, previamente sorteado, levava em cortejo a Coroa do Divino Paráclito à Igreja Paroquial, onde era celebrada Missa cantada e coroação e, em casa, oferecia jantar a doze pobres e a familiares e amigos.
Antes da criação da paróquia da Silveira, a freguesia estava dividida em cinco zonas: Silveira, Almagreira, Ribeira do Meio, Vila e Terras. Com o falecimento dos irmãos e/ou ausência para o estrangeiro, foi desaparecendo essa tradição que hoje, felizmente, ainda é mantida nas Terras e na Almagreira.
Tudo afora as promessas, que ainda as há, de “levar a Coroa”.
Lacerda Machado diz, que “Antigamente, em cada uma das sete Domingas, havia coroação, estando a cargo, por anos, das povoações: Terras, Vila e Ribeira do Meio. Também havia coroações na Silveira e Almagreira.
“Os festejos das Domingas consistiam em missa cantada e coroação, em seguida às quais o mordomo oferecia jantar aos colegas das outras Domingas e pessoas que convidava “
Ainda hoje a tradição se mantém na Almagreira e nas Terras. De cinco em cinco anos as mesmas famílias cumprem a tradição, convidando para a “sua festa” algumas centenas de pessoas, a quem oferece lauto jantar de “sopas do Espírito Santo”.
Para isso aquele lugar construiu um amplo salão de dois pisos, que pode receber mais de mil convivas , onde é servido o jantar .
O mesmo acontece na Almagreira, onde foi igualmente construído vasto salão.
E falando em salões, recordem-se os da Ribeira do Meio, da Silveira, das Terras, de São João, e de Santa Cruz recentemente construídos e que, embora destinados a sedes das sociedades locais, são dispensados para as funções do Espírito Santo. O mesmo acontece nesta vila com a sede da Liberdade Lajense em quase todas as freguesias e localidades da Ilha. Uma maneira significativa de perpetuar “enquanto o mundo durar”, como se dizia antigamente, tão expressivas manifestações de fé dos picoenses, como aliás dos açorianos.
Ainda a propósito das coroações, é de lembrar o que diz Silveira de Macedo na “História das Quatro Ilhas”, citado por Lacerda Machado:
“Em 1871 o autor da História das quatro ilhas avaliava em 60 moios de trigo, 60 reses bovinas, além de da carne de carneiro e porco, e 30 pipas de vinho, o consumo das festas do Espírito Santo na ilha do Pico, a cargo dos mordomos e irmãos.
Hoje, em toda a Ilha não será menor o consumo, durante as festas do Espírito Santo que, em razão dos votos emitidos, têm lugar desde o primeiro domingo após a Páscoa até aos meses de Julho e Agosto. É que, normalmente, durante os meses de inverno não se realizam tais festividades.
E, na época em que estamos, já se fazem os convites para as coroações. É que tudo é preparado com a antecedência devida. Até o gado que se abate vem destinado quase após o nascimento. E a farinha que se consumia provinha do trigo semeado, em maiores extensões, no anterior à solenidade. Hoje já não se cultivam cereais. Os campos são utilizados para pastagens de gado bovino , produtor de leite. Julgo que não se levará muito tempo que se volte atrás...
Vila das Lajes,
27.Março.2010.
Ermelindo Ávila
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