Quando Fernão Alvares Evangelho foi deixado na ilha pelos companheiros - e a razão foi porque, fazendo-se à enseada do Castelete e não conhecendo a costa se encheram de medo quando o mar rebentou no Penedo Negro, o que foi natural, - percorreu a costa para norte, por ser zona mais plana e encontrou uma ribeira, que viria a denominar-se “Ribeira de Fernão Alvares”. Já no século XIX, passou a ser conhecida por Ribeira da Burra, dada a circunstância macabra de nela ter morrido uma asinina. Na ribeira existiam, naturalmente, poços de água, elemento essencial à vida.
Foi aí que Fernão Alvares construiu a sua habitação - uma construção rudimentar, na margem da ribeira, com uma porta e uma pequena janela na empena oeste e cujas ruínas ainda ali se encontram. A tradição sempre afirmou ser a casa do primeiro povoador.
Apoiado no “Espelho Cristalino”, de Frei Diogo das Chagas, que esteve nas Lajes em 1641, escreve Lacerda Machado na História do Concelho das Lajes:
“Dos quais os dois principais povoadores, foram o dito Fernando Alvares, e Jurdão Alvares Caralta. Este ficou povoando ali aonde saltou; (actual freguesia das Ribeiras) e o Fernando Alvares começou a sua pela parte aonde se diz a Ribeira do meio”.
O Município Lajense, no propósito de salvaguardar a História e o Património concelhios, adquiriu há anos as ruínas da casa de Fernando Alvares, na margem norte da Ribeira para nele fazer obras de recuperação. Um pouco a Leste existe a primitiva ponte romana, que faz a ligação da antiga Rua dos Castanhos, muito embora um troço desta via, por razões mal explicáveis, tivesse sido, incompreensívelmente, incorporado num pátio fronteiriço a uma moradia que ali foi reconstruída.
Aquela zona - que bem perto fica do acesso à antiga fábrica da SIBIL, hoje um dos centros turísticos mais relevantes do concelho, por nela ter sido instalado o Centro de Artes e Ciências do Mar- merece ser recuperada, restituindo-se-lhe o seu traçado primitivo e, com um pouco de limpeza, tornar transitável a secular ponte, um marco histórico do Património desta avoenga vila. Nas ruínas da casa, para já, basta abater a figueira que existe no interior e que, segundo o antigo proprietário, não era retirada por haver sido plantada por um filho da família, há cerca de cem anos e que depois emigrou para os Estados Unidos. Seja como for: aquela figueira não tem interesse algum e só prejudica a visibilidade daquela histórico espaço, algo procurado por quem dele tem conhecimento.
E escreve ainda o historiador F.S. Lacerda Machado:
“Confirmando esta tradição, conservou sempre o nome de Ribeira de Fernando Alvares a que, desde algumas dezenas de anos, estupidamente se chama da burra, fazendo-se desaparecer da toponímia local uma expressão que representava apreciável vestígio histórico e veneração pela memória do primeiro povoador, fundador da vila.”
A primeira preocupação, de Fernão Alvares, como seria natural., foi encontrar água para se dessedentar (matar a sede) e encontrou-a com relativa facilidade, a menos de um quilómetro de distância do local de desembarque. Não deixa de ser curioso e, naturalmente, porque os abusos começaram a verificar-se, o Alvará do 1º Capitão Donatário do Faial e 2º da ilha do Pico, Jos d’Utra, passado em 24 de Março de 1502 no qual prescreve: “para que ninguém lavasse da Ponte de Fernão Alvares para cima onde passa o Caminho do Suro que vai ter à Almagreira, sob pena de cada vez que for achado pague duzentos reis para o Concelho.”( in Espelho Cristalino…).
Nota-se que os abusos, a cerca de meio século do início do povoamento, já aconteciam. A instalação do concelho iniciara-se antes de 1502, como se deduz do alvará de Jós D’Utra, muito embora nunca fosse descoberto o documento que o criou.
Hoje, nem um edital ou alvará da autoridade competente é capaz de evitar qualquer situação anómala dos bens comuns.
Vila das Lajes,
Julho de 2008
Ermelindo Ávila
Foi aí que Fernão Alvares construiu a sua habitação - uma construção rudimentar, na margem da ribeira, com uma porta e uma pequena janela na empena oeste e cujas ruínas ainda ali se encontram. A tradição sempre afirmou ser a casa do primeiro povoador.
Apoiado no “Espelho Cristalino”, de Frei Diogo das Chagas, que esteve nas Lajes em 1641, escreve Lacerda Machado na História do Concelho das Lajes:
“Dos quais os dois principais povoadores, foram o dito Fernando Alvares, e Jurdão Alvares Caralta. Este ficou povoando ali aonde saltou; (actual freguesia das Ribeiras) e o Fernando Alvares começou a sua pela parte aonde se diz a Ribeira do meio”.
O Município Lajense, no propósito de salvaguardar a História e o Património concelhios, adquiriu há anos as ruínas da casa de Fernando Alvares, na margem norte da Ribeira para nele fazer obras de recuperação. Um pouco a Leste existe a primitiva ponte romana, que faz a ligação da antiga Rua dos Castanhos, muito embora um troço desta via, por razões mal explicáveis, tivesse sido, incompreensívelmente, incorporado num pátio fronteiriço a uma moradia que ali foi reconstruída.
Aquela zona - que bem perto fica do acesso à antiga fábrica da SIBIL, hoje um dos centros turísticos mais relevantes do concelho, por nela ter sido instalado o Centro de Artes e Ciências do Mar- merece ser recuperada, restituindo-se-lhe o seu traçado primitivo e, com um pouco de limpeza, tornar transitável a secular ponte, um marco histórico do Património desta avoenga vila. Nas ruínas da casa, para já, basta abater a figueira que existe no interior e que, segundo o antigo proprietário, não era retirada por haver sido plantada por um filho da família, há cerca de cem anos e que depois emigrou para os Estados Unidos. Seja como for: aquela figueira não tem interesse algum e só prejudica a visibilidade daquela histórico espaço, algo procurado por quem dele tem conhecimento.
E escreve ainda o historiador F.S. Lacerda Machado:
“Confirmando esta tradição, conservou sempre o nome de Ribeira de Fernando Alvares a que, desde algumas dezenas de anos, estupidamente se chama da burra, fazendo-se desaparecer da toponímia local uma expressão que representava apreciável vestígio histórico e veneração pela memória do primeiro povoador, fundador da vila.”
A primeira preocupação, de Fernão Alvares, como seria natural., foi encontrar água para se dessedentar (matar a sede) e encontrou-a com relativa facilidade, a menos de um quilómetro de distância do local de desembarque. Não deixa de ser curioso e, naturalmente, porque os abusos começaram a verificar-se, o Alvará do 1º Capitão Donatário do Faial e 2º da ilha do Pico, Jos d’Utra, passado em 24 de Março de 1502 no qual prescreve: “para que ninguém lavasse da Ponte de Fernão Alvares para cima onde passa o Caminho do Suro que vai ter à Almagreira, sob pena de cada vez que for achado pague duzentos reis para o Concelho.”( in Espelho Cristalino…).
Nota-se que os abusos, a cerca de meio século do início do povoamento, já aconteciam. A instalação do concelho iniciara-se antes de 1502, como se deduz do alvará de Jós D’Utra, muito embora nunca fosse descoberto o documento que o criou.
Hoje, nem um edital ou alvará da autoridade competente é capaz de evitar qualquer situação anómala dos bens comuns.
Vila das Lajes,
Julho de 2008
Ermelindo Ávila
1 comentário:
Sou descendente das familias evangelho, das bandeiras,dizia-me o saudoso padre correia meu professor nos meus tempos de estudante, que eu era descendente de Fernão Alvares Evangelho, mais propriamente dos evangelhos da terra do pão.Se possivel gostria que me confirmá-se se esta versão é verdadeira. Obrigado.
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