sábado, 12 de julho de 2008

INSTALAÇÕES HOTELEIRAS

Vão aparecendo por aí grupos de estrangeiros, em visita ao Museu dos Baleeiros e pouco mais. Os restantes centros de interesse turístico nem sempre são conhecidos nem visitados.
Há dias esteve cá um grupo de excursionistas da Califórnia. Era o dia de São Pedro, cujo arraial (Império) costuma trazer à Vila das Lajes alguns milhares de forasteiros atraídos, naturalmente, pelas rosquilhas que se distribuem. Lembrei ao agente de viagens que organizou a visita, que esse era o dia do Império nesta vila. Respondeu-me que não sabia, pois as informações que lhe chegam à Califórnia não incluem esta festa. E o grupo de americanos, que visitava o Pico pela primeira vez, limitou-se a visitar o Museu dos Baleeiros, almoçar no restaurante “Lagoa” e seguir viagem. No dia seguinte, um casal de Point Loma, San Diego, (o marido médico reformado), voltou às Lajes para indagar das famílias de que ele era oriundo. E algo conseguiu.
Mais uma vez aconteceu aquilo para que, tantas e tantas vezes, tenho chamado a atenção dos responsáveis; entidades que não identifico porque nem sei quais sejam…
Há tempos, os meses passam rapidamente, tornou-se público que havia sido autorizada a construção de um Hotel, ou complexo hoteleiro, no Soldão (?), Mistério da Silveira, mas nada mais se fez.
A empresa que adquiriu a posição do campo de golfe do Mistério, anunciou, nos meios de comunicação social, que as obras do campo iam prosseguir e que seriam completadas com uma instalação hoteleira. Mas quando principiam as obras?
No entanto, o campo de golfe do Faial, do qual nem se falava antes do campo do Pico, diz a imprensa que vai começar. Lá será necessária a expropriação dos terrenos para a implantação do campo. No Pico, os terrenos são gratuitos…
Em anos passados, não poucos, perguntavam-me porque era contra o Faial. Uma pergunta pouco honesta e um tanto insinuante e malévola. Respondi muito naturalmente:
Não sou contra o Faial, tanto mais que lá tenho uma parte da minha família, mas contra a atitude nada correcta daqueles que têm o poder de mandar, e que são contra o progresso da ilha do Pico. Ilha que não se desenvolveu suficientemente porque as entidades oficiais sediadas no Faial nunca deixaram. E não trago aqui factos para não agravar a situação. Mas parece que o mal continua, em variados sectores, embora as atitudes tomadas sejam envoltas em certa e aparente ingenuidade… no entanto não as trago aqui.
Porque não assume o Município a liderança, à semelhança do que já aconteceu em outros concelhos, da construção de uma unidade hoteleira, constituindo-se para isso uma empresa, à qual se entregaria a respectiva exploração? Não será o empreendimento mais importante a promover o progresso do concelho?
O turismo que nos visita umas horas, muito embora faça uma refeição, não serve para o progresso do concelho. É muito pouco ou quase nada. Temos que criar estruturas que proporcionem a permanência dos visitantes alguns dias. Com as estadas mais ou menos prolongadas, lucra a hotelaria, a restauração, o artesanato e o comércio em geral. E é disso que a Vila das Lajes precisa neste momento em que a vida local está praticamente estagnada e pior ficará se um dia retirarem do centro urbano a escola secundária como pretendem alguns iluminados.
É imperioso dar vida às instalações portuárias, embora sejam elas de dimensão limitada, e dar movimento à vila para que não seja uma terra decrépita e ultrapassada por outras de menor valimento.
Não terei razão? Ao menos deixem-me dar vazão ao que, de angústia, me vai no íntimo. Um dia virá em que de tudo isto se lembrarão.
Vila das Lajes, 1 de Julho de 2008
Ermelindo Ávila

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