É o que temos. O Mar que envolve a Ilha com suas “carícias” e “mimos”, nem sempre os mais agradáveis. A Terra que pisamos todos os dias, onde os antepassados construíram as habitações e onde passamos os dias e as noites, com maior ou menor conforto, consoante os teres e haveres de cada qual.
Nem sempre fomos terra, mas sempre mar imenso, sulcado por naus e caravelas, por barcos de piratas, caravelas, iates e navios de longo curso. Mas a terra surgiu dos abismos, trazida pelos vulcões que, formados no centro do Globo terrestre, um dia subiram impetuosos para além dos mares tempestuosos ou calmos, consoante as épocas e as ordens do Vulcano que se impôs ao impetuoso Neptuno.
E aqui estamos, habitando estes pináculos que outrora só algumas aves povoavam. Trouxeram nossos avós, os marinheiros do Infante e aqui os deixaram à mercê dos tempos. Mas foi dura a “conquista”. Cada qual ficou na sua nova terra – a ilha – e aí se foi desenvolvendo à custa de penares imensos, de dores sem assistência, de mortes prematuras. Sustentando-se dos funchos e das ervas que iam descobrindo e dos animais que iam caçando com sua habilidade e destreza; e dos peixes que conseguiam apanhar com meios improvisados.
Terá valido a pena nossos antepassados terem vindo até cá e por cá se acoitarem, nas cafuas, nas barracas e depois nos casebres feitos a pedra seca, com os restolhos da lava vulcânica que foram recolhendo aqui e ali, num esforço tamanho e com uma vontade hercúlea de sobrevivência, que mal podemos adivinhar?!
Cedo caminharam para outras bandas. Tiveram notícia de que, para os lados do Poente, havia outras terras, e para lá se dirigiram no desejo de conseguirem um outro viver. Chegaram às Américas, do Norte e do Sul. Lutaram com os habitantes dessas terras - os índios – e conseguiram instalar-se. Descobriram as terras do ouro. Desbravaram grandes planícies e criaram os seus “ranchos”. Fizeram-se ao mar e caçaram os grandes animais marinhos, cujo óleo lhes servia de iluminação e cujas carnes, guardavam em salgaduras para o sustento no Inverno.
No Sul construíram povoações, que depois haviam de ser grandes cidades, instituíram suas habitações, com hábitos e costumes levados da terra mãe, instalaram serviços, tornaram-se donos e senhores das novas terras “conquistadas”. E por lá ficaram, e por lá andam seus descendentes.
E já na época de Quinhentos, o grande Épico Português, em sua imortal epopeia, Os Lusíadas, não só exaltou os barões assinalados mas também aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando.
E em épocas mais recentes, quando as ilhas continuaram a ficar superlotadas de gentes, houve que ensaiar novos meios para delas sair. E caminharam. E continuam a sair e continuam a “voar”. Ontem para terras estranhas e desconhecidas. Hoje, para as grandes metrópoles do Canadá, das Américas,-Norte e Sul- e da Europa. Outros regressaran à Pátria de origem…
Mas há quem fica apegado a estas Pedras Negras. Todavia, todo esse esforço, toda essa teimosia em aqui estar, em aqui viver e morrer, terá valido a pena?
É o poeta que nos responde:
… tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
………………………………
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa)
E termino esta nota - devaneio, citando outro poeta nosso:
Nos teus jardins, junto aos lagos,
Á luz do entardecer,
Queria amar e sonhar…
Sonhar sempre até morrer… (Bernardo Maciel).
Vila das Lajes,
10-Nov. - 2006
Ermelindo Ávila
Nem sempre fomos terra, mas sempre mar imenso, sulcado por naus e caravelas, por barcos de piratas, caravelas, iates e navios de longo curso. Mas a terra surgiu dos abismos, trazida pelos vulcões que, formados no centro do Globo terrestre, um dia subiram impetuosos para além dos mares tempestuosos ou calmos, consoante as épocas e as ordens do Vulcano que se impôs ao impetuoso Neptuno.
E aqui estamos, habitando estes pináculos que outrora só algumas aves povoavam. Trouxeram nossos avós, os marinheiros do Infante e aqui os deixaram à mercê dos tempos. Mas foi dura a “conquista”. Cada qual ficou na sua nova terra – a ilha – e aí se foi desenvolvendo à custa de penares imensos, de dores sem assistência, de mortes prematuras. Sustentando-se dos funchos e das ervas que iam descobrindo e dos animais que iam caçando com sua habilidade e destreza; e dos peixes que conseguiam apanhar com meios improvisados.
Terá valido a pena nossos antepassados terem vindo até cá e por cá se acoitarem, nas cafuas, nas barracas e depois nos casebres feitos a pedra seca, com os restolhos da lava vulcânica que foram recolhendo aqui e ali, num esforço tamanho e com uma vontade hercúlea de sobrevivência, que mal podemos adivinhar?!
Cedo caminharam para outras bandas. Tiveram notícia de que, para os lados do Poente, havia outras terras, e para lá se dirigiram no desejo de conseguirem um outro viver. Chegaram às Américas, do Norte e do Sul. Lutaram com os habitantes dessas terras - os índios – e conseguiram instalar-se. Descobriram as terras do ouro. Desbravaram grandes planícies e criaram os seus “ranchos”. Fizeram-se ao mar e caçaram os grandes animais marinhos, cujo óleo lhes servia de iluminação e cujas carnes, guardavam em salgaduras para o sustento no Inverno.
No Sul construíram povoações, que depois haviam de ser grandes cidades, instituíram suas habitações, com hábitos e costumes levados da terra mãe, instalaram serviços, tornaram-se donos e senhores das novas terras “conquistadas”. E por lá ficaram, e por lá andam seus descendentes.
E já na época de Quinhentos, o grande Épico Português, em sua imortal epopeia, Os Lusíadas, não só exaltou os barões assinalados mas também aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando.
E em épocas mais recentes, quando as ilhas continuaram a ficar superlotadas de gentes, houve que ensaiar novos meios para delas sair. E caminharam. E continuam a sair e continuam a “voar”. Ontem para terras estranhas e desconhecidas. Hoje, para as grandes metrópoles do Canadá, das Américas,-Norte e Sul- e da Europa. Outros regressaran à Pátria de origem…
Mas há quem fica apegado a estas Pedras Negras. Todavia, todo esse esforço, toda essa teimosia em aqui estar, em aqui viver e morrer, terá valido a pena?
É o poeta que nos responde:
… tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
………………………………
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. (Fernando Pessoa)
E termino esta nota - devaneio, citando outro poeta nosso:
Nos teus jardins, junto aos lagos,
Á luz do entardecer,
Queria amar e sonhar…
Sonhar sempre até morrer… (Bernardo Maciel).
Vila das Lajes,
10-Nov. - 2006
Ermelindo Ávila
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